5. I NEVER MET HIM, I'LL NEVER FORGET HIM

162 25 12
                                    

Novembro de 2012

Londres estava mais fria do que o normal. Louis se esforçava para seguir andando contra a forte corrente de vento que parecia não ter fim. Seu sobretudo bege balançava fervorosamente, e se não fosse pelo chá quente em suas mãos ele provavelmente estaria sentindo o dobro de frio. O último gole de seu chá foi dado antes que ele entrasse por uma porta marrom, revelando um pequeno bistrô. Seus olhos não precisaram olhar em volta do local por muito tempo até encontrar quem estava procurando. Mesmo de costas, aquele cabelo cacheado era inconfundível.

Ele se aproximou cautelosamente da mesa, tentando manter a surpresa de que havia chegado. Ao ver que seu plano havia dado certo, colocou as mãos nos ombros do jovem que estava sentado a mesa, dando um estalado beijo em sua bochecha. "Desculpa a demora." Ele disse, partindo para sentar-se na cadeira localizada na frente de seu companheiro. A pequena mesa redonda que ficava próxima a uma das janelas do bistrô era a favorita de Louis, mas sabia que nem sempre estava disponível.

"Você não demorou, eu acabei de chegar também." O jovem respondeu. "Ontem eu finalmente lembrei de fazer uma reserva, por isso consegui nossa mesa." Ele mantinha um enorme sorriso em seu rosto, feliz de ter conseguido agradar a Louis. "Como foi a entrevista de emprego?"

"Acho que não vou ser chamado" Louis respondeu cabisbaixo. O jovem era um dos estudantes prodígios da Le Cordon Bleu de Londres, e esperava um dia ser um renomado chef. Apesar de já ter tido diversos empregos em cafeterias e como garçom em restaurantes, essa seria a primeira vez que Louis tentaria trabalhar em uma cozinha de verdade. Mesmo tendo boas notas e se destacando entre os outros alunos, ele nunca se sentia bom suficiente para tentar adentrar uma cozinha de verdade. "Eu vi pelo menos seis colegas meus comentando que tinham enviado currículo também. Fiquei nervoso o tempo inteiro, para ser honesto." Suas bochechas coraram, e o outro jovem percebeu que Louis não parava de brincar com seus próprios dedos.

"Ei, vai dar tudo certo." As palavras encorajadoras pareciam ter ajudado um pouco. "Ou não me chamo Harry Styles." Ele segurou as mãos de Louis, apertando-as gentilmente. Era um sinal feito pelos dois para indicar que tudo ficaria bem. "Eu tenho muito orgulho de você, e sei que um dia você vai receber sua própria estrela Michelin, e logo em seguida eu vou ganhar um Pullitzer de melhor escritor, é claro." Ele riu. "E com certeza teremos nossos filhos torcendo por nós e se espelhando no nosso sucesso. Eu prometo."

.

Dezembro de 2020

Louis não se lembrava de ter pego no sono. Nem ao menos lembrava de que Zayn estava ao seu lado e que haviam dormido na mesma cama. Sua cabeça estava explodindo, e ele finalmente havia percebido que tinha dormido com as roupas do dia anterior. Ainda atordoado, as imagens de seu último sonho finalmente haviam se tornado claras na sua cabeça. Louis não sabia, entretanto, se o sonho havia sido uma coincidência ou se passaria a ocorrer com frequência, devido ao fato de Harry ter retornado para sua vida. Seu maior medo era reviver, mesmo que apenas enquanto dormia, todas as situações em que sentiu que Harry o havia iludido.

Ele decidiu que precisava tomar um pouco de água, e apesar de normalmente manter uma garrafa preparada em seu quarto, os acontecimentos da noite anterior o impediram de manter a tradição. Ele percebeu que ainda estava escuro na rua, mas não queria nem saber as horas. Ele levantou-se da cama com cuidado, mesmo sabendo que Zayn não acordaria mesmo se uma bomba caísse ao lado deles e foi em direção a cozinha. Sua habitual garrafa de água estava na geladeira, e ele não perdeu tempo em tomar um gole. Sabia que provavelmente teria que tomar um remédio para acabar com a dor que estava sentindo, mas também tinha certeza que não conseguiria dormir.

Após passar no banheiro e pegar uma aspirina dentro de seu armário de remédios e a engoliu com um pouco de água, partindo então para a sala na intenção de assistir um filme. Sabia que sua dor de cabeça ficaria ainda mais incômoda, mas também tinha certeza que não queria dormir novamente.

(For You) I Would Ruin MyselfOnde histórias criam vida. Descubra agora