Tentei processar aquelas informações anteriores que meu cérebro deixara em estilhaços quando abri os olhos e vi que estava deitado numa cama com um sorriso lindo a minha frente. Só me lembrava de ter respondido a ela:
– Também te amo!
O sol nascia. Eu estava ali com ela. Mas como? Aquele homem, todo cheio de si em palavras bonitas e um aspecto horripilante naquele traje branco... o que ele podia ter feito? Eu só sabia que estava ali de volta, com ela. O medo de perder de novo de súbito me levou a cólera de abraça-la e beijá-la por várias vezes.
Ela sorria num misto de alegria espontânea e achando estranho aquele meu comportamento matinal.
– Que bicho te mordeu, amor? – ela perguntou entre o sorriso.
Aí parei e olhei pra ela. Será que sabia de algo?
– Só quero você mais um pouco nessa cama comigo!
Ela sorriu e nos atracamos em beijos rolando pela cama.
– Mas você tem a reunião importantíssima de hoje, lembra? Não pode perder! – naquele momento eu parei. – Falou dessa reunião a semana toda enquanto se trancava no escritório!
Minha boca entreaberta resultava numa expressão realmente conturbante. Já se tinha passado três meses dessa reunião em que fiquei no escritório por horas e horas e dias e dias. Olhei para o relógio despertador ao lado da cama. Mas... não era possível!
– O relógio está errado! – ela sorriu.
– Claro que não né amor. Hoje é dia 25!
Daí a ficha caiu. Eu não sabia se corria pra algum canto qualquer ou se ficava mesmo na cama devorando os pensamentos que me devoravam. Eu não queria acreditar no começo. Era como se fosse um sonho. Pra ter mais certeza de que não estava delirando, pisquei forte por várias vezes e me belisquei.
– Não tem reunião nenhuma hoje! Só quero ficar com você!
Ela ficou indecisa por um momento, mas seus olhos azuis cor do mar brilharam de felicidade e mais uma vez rolamos pela cama.
