O sol estava a se pôr mais uma vez, fazendo o contraste de cores quentes dominar o horizonte enquanto a estrela mãe se aconchegava lentamente sob o mar. A brisa gélida e ao mesmo tempo refrescante do fim de tarde remexia as folhas das árvores, levando e balançando-as consigo numa majestosa dança que só a Mãe Natureza executaria com tamanha perfeição. Uma visão divina.
Contudo, não era apenas as folhas que se agitavam diante da leve ventania. As madeixas de Andrômeda também dançavam a melodia da natureza, balançando e às vezes tampando seu rosto, lhe arrancando risos por conta disso.
O garoto sob uma grande árvore de cerejeira, tinha a companhia de seu amigo, o Cisne, consigo. Estavam apenas quietos, um ao lado do outro, direcionando o olhar ao horizonte e apreciando o pôr do sol.
Andrômeda sabia que o nórdico nunca teve um momento apenas para apreciar o sol sumindo no mar, afinal, se lembrava de quando o ouviu falar quantas vezes apenas olhava para o céu e admirava a aurora boreal; sua única diversão noturna. Com isso, o convidou para um passeio no parque, onde caminharam juntos e aproveitaram o clima de primavera, apenas aguardando o momento de apreciar a despedida da luz solar em seus rostos.
O Cisne apreciava a visão como se fosse a última vez em sua vida que veria o sol se pôr. Não sabia quando teria oportunidade de testemunhar algo assim novamente, e muito menos sabia se teria um momento de calmaria como este para isso.
— Seria bom se fosse assim. — Disse o loiro em um suspiro, levando o olhar do outro a si — Tão quieto e pacífico... Sempre estamos em conflito.
Andrômeda soltou um breve suspiro, abrindo um mínimo sorriso enquanto respondia o maior:
— Acho que as pessoas têm dificuldade em viver no silêncio.
— Ou se contentar com o que têm. — Completou.
O mais novo deitou sua cabeça sobre o ombro do nórdico, pegando uma das várias flores de cerejeira ao chão e a levando à orelha dele, onde a colocou.
Num breve devaneio, observou a flor de cerejeira, acabando por pensar consigo mesmo:
— Dar valor às mínimas coisas e detalhes que a vida lhe oferece... — Franziu levemente o cenho numa expressão pensativa, logo após abrindo um leve sorriso — Hyoga, você sabe o significado das flores de cerejeira?
— Têm muitos, acredito eu. Mas normalmente envolve renovação... Certo? — Disse levando o olhar ao menor, questionando com uma dúvida evidente.
O de madeixas esverdeadas riu, pegando mais uma das flores de cerejeira ao chão e a observando enquanto falava ao amigo.
— Elas significam beleza, amor, felicidade, renovação e esperança. — Abriu um sorriso meigo ao dizer — As árvores de cerejeira ficam floridas por pouco tempo, e com isso, elas representam a fragilidade de viver: aproveitar cada momento, pois o tempo voa e a vida é curta. — Levou o olhar ao Cisne, ainda com o sorriso no rosto — São significados lindos para uma flor.
— Concordo. — Respondeu com um breve sorriso, levando igualmente o olhar ao Andrômeda.
— Por isso eu gosto delas. E... — Desviou o olhar para baixo, sentindo as bochechas esquentarem com o que estava prestes a falar — Por isso dei uma pra você.
O nórdico se deixou rir envergonhado com a fala do companheiro, sentindo igualmente as bochechas e orelhas esquentarem com isso. Abaixou a cabeça e coçou uma das bochechas num ato involuntário, gostava da forma em que o rapaz abordava coisas tão simples, mas com significados grandes e belos; era tão meigo, e ao mesmo tempo tão apaixonante.
— Shun — Soltou um riso baixo e envergonhado —, isso foi lindo...
Andrômeda riu do mesmo modo, levantando o olhar ao amigo e abrindo o mesmo sorriso meigo que sempre carregava em seu rosto.
— Ah, obrigado. — Suspirou, ainda estava com as bochechas rubras e tímido com a situação — As pessoas podiam aprender mais com as flores de cerejeira.
Ambos os olhares se encontraram, sentindo aquele sentimento puro de afeto os rodear.
— Hyoga — Continuou —, desejo que sua vida, assim como a dos outros cavaleiros, seja cheia de flores de cerejeira.
O Cisne levou a destra às madeixas do menor, as bagunçando levemente enquanto o ouvia rir disso.
— Obrigado mesmo. Vou rezar pela sua proteção e proteção de nossos amigos. — Despercebidamente, deixou um suspiro bobo escapar — Shun... Seu coração é puro e valioso, sabia? Dizer que é de ouro, seria muito pouco.
O mais novo abriu um largo sorriso com a fala do nórdico. Ouvir isso, e principalmente de alguém no qual tinha grande admiração — para não chamar de outra coisa — era de aquecer o coração.
Uma rajada de vento fria passou por ambos os cavaleiros, fazendo o Andrômeda se encolher no lugar. Cisne não se sentiu afetado, afinal, já havia sentido rajadas piores na Sibéria. Contudo, sabia que aquele simples ventinho para si, poderia ser a friagem que causaria um resfriado no rapaz ao seu lado.
— Melhor irmos. — Disse o loiro — Já está tarde.
— É melhor mesmo. — O outro concordou — É fácil pegar um resfriado nessa ventania.
Ambos se levantaram e seguiram caminho à moto do Cisne, este que fez questão de agasalhar o Andrômeda em seus braços até chegarem no veículo.
Durante a viagem, várias pétalas de cerejeira voaram e rondaram ao seu redor, como se os seguissem e os protegessem no trajeto. A prece de ambos os cavaleiros por dias melhores havia sido ouvida, e enquanto estivessem juntos, enquanto fossem uma família, eles estariam protegidos.
Estariam sempre cercados de flores de cerejeira.
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Por Uma Vida Com Flores de Cerejeira
RomanceAs flores de cerejeira têm um significado muito belo. Justamente por isso, Andrômeda deu uma flor de cerejeira ao companheiro Cisne. Desejava que sua vida - assim como a dos outros cavaleiros - fosse repleta de flores de cerejeira. hyoga x shun | ce...