No tribunal

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Após seis longos meses de terapia, antidepressivos e noites mal dormidas, aqui estou eu indo para o tribunal, com o coração apertado e a incerteza sobre o que aconteceria a partir de agora.

Tudo o que eu menos queria era ter que me lembrar de tudo o que aconteceu naquele dia, mas eu estava finalmente pronto para tocar novamente nesse assunto. Hoje tenho plena consciência de que a culpa não foi minha, eu sou a vítima e não devo temer o quer que venha a seguir.

ㅡ Tudo bem querido? ㅡ minha mãe perguntou olhando para mim, que estava sentado no banco de trás do carro.

ㅡ Sim. ㅡ respondi simples.

ㅡ Vai ficar tudo bem filho, eu prometo! ㅡ agora meu pai foi quem falou me olhando pelo retrovisor.

Claro que eu não estava bem, mas não queria deixar transparecer, afinal esses últimos meses foram muito sofridos, tanto para mim, quanto para meus pais. Principalmente minha mãe que era quem me acompanhava nas terapias, e me acalmava quando acordava gritando a noite.

Por todo o caminho até o tribunal meu pensamento viajava para aquele maldito dia, as lembranças de Go-Han caído me atormentavam a cada minuto de meus dias. A única coisa que me aliviava, era saber que as câmeras das escadas estavam todas funcionando e eu teria como provar que foi legítima defesa.

Ao chegar no tribunal, minhas esperanças que tudo ficaria bem aumentaram quando vi Jungkook me esperando e ao seu lado nossos amigos, que também foram parte essencial em minha recuperação.

Apesar de todos estarem sorrindo por finalmente me verem fora daquele quarto, eu podia sentir a preocupação em seus olhares.

ㅡ Tudo bem amor? ㅡ Jungkook me perguntou enquanto me abraçava carinhosamente e eu apenas assenti com a cabeça.

ㅡ Você parece bem melhor. ㅡ Tae disse abraçando a mim e a Jungkook juntos.

De repente o que era apenas um abraço simples entre duas pessoas, virou um abraço em grupo reconfortante. Eu acabei por sorrir ao sentir o carinho de todos os presentes ali por mim, sorriso esse que morreu quando adentrei pelas portas do tribunal.

Todas aqueles olhares me deixavam completamente desconfortável e faziam com que meu medo tomasse proporções quase insuportáveis, e um olhar em especial me causou verdadeiro terror, Go-Han sentado no banco dos réus, me olhando com ainda mais ódio que antes.

Todas as noites sem dormir, os remédios que pareciam não ajudar em nada, meus pais e meu amigos sofrendo ao ver o estado deplorável em que eu me encontrava, o medo que eu sentia ao sair de meu próprio quarto, em minha própria casa, nada daquilo se comparava a aquele momento.

Minha cabeça começou a pesar, o ar começou a faltar... eu estava perdendo os sentidos e só não caí porque Jungkook me segurou.

Assim que me sentei em um dos bancos, já fui obrigado a me levantar, assim como todos no local, quando o juiz, os advogados, o escrivão e o temido promotor adentraram aquela sala imensa e fria.

O juiz começou a falar e eu não entendia nada do que ele estava dizendo, era como se eu estivesse brincando de ler os lábios. Só despertei para o que estava acontecendo, quando meu advogado pegou em meu braço delicadamente e me conduziu até uma cadeira que ficava exatamente no meio daquele imenso salão, me ajudando a seguir com o juramento de dizer apenas a verdade.

ㅡ Por favor senhor Park Jimin, nos conte o que aconteceu na tarde de vinte e dois de abril. ㅡ disse o promotor.

Neste momento minhas mãos começaram a suar e tremer. Lembrar dos fatos, detalhe por detalhe era doloroso demais para mim, mas mesmo assim era preciso, esse julgamento precisava de meu depoimento para que pudesse ser levado adiante.

Cruzeiro para o paraíso [ JJK & PJM]Onde histórias criam vida. Descubra agora