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PRÊMIOS: 1º lugar (selo de ouro) no II Desafio Águias - Missão Borboleta 🦋.
SINOPSE
"― Eu não sei bem quem ele era, nem como deveria ser a sua aparência f...
Ele tinha fama não só aqui em Jerusalém, mas em todo o Israel. Se multidões o seguiam, com certeza era um bom homem, ou melhor, um profeta. O único profeta que eu realmente conheci até então era João Batista, mas ele parecia meio esquisito. Mamãe contava que depois que os Romanos governaram tudo ficou diferente para o povo, pois eles não acreditavam em nosso Deus e que, apenas João enfrentava as autoridades falando da Palavra. Mas percebi que esse Jesus também era corajoso.
Fazia um bom tempo que não sabíamos dele, porque Jesus nunca ficava num canto só. Ele andava a pé de um lugar para outro pregando. Pra mim, isso já é coragem demais, há-ha-ha! Porque a distância era muito grande. Porém, o que me admirava ainda mais sempre foi a coragem dele em voltar aqui depois de quererem o matar. A sua causa, com certeza deveria ser muito nobre. Nem um rei teria tanta ousadia...
Era tempo de comemorar a festa dos Tabernáculos, por isso ele tinha vindo a Jerusalém. Mamãe queria me levar até ele, porque se espalhou a notícia de que ele podia curar qualquer enfermidade ou mal. Meus irmãos me puxaram algumas vezes quando estávamos perto dele no meio de uma multidão, mas eu não quis. E aquela manhã, eles tinham visto Jesus curar um cego de nascença como eu. Quando chegamos a casa, eles contaram para nossa mãe.
― Por que tu não queres ser curado, filho?
― Não quero ver o vosso sofrimento com meus olhos, basta-me o que sinto ― respondi enquanto chorava, e senti quando mamãe me abraçou.
Minha mãe se chamava Lia. Eu a amava muito!
Em nossa casa, moravam ela, eu e meus três irmãos Marcos, José e Ana. Os meninos eram gêmeos e os mais velhos, tinham doze anos; eu o mais novo de nove; e, minha irmã Ana com dez anos de idade. Nosso pai não morava mais conosco. Ele tinha ido embora. Os dois eram quem mais ajudavam nossa mãe. Eles trabalham três dias por semana numa fazenda aqui perto. Como são crianças, o dono não queria pagar o justo a um dia de trabalho, mas mamãe explicou que precisávamos e ele começou a pagar certo. Se não fosse assim, nem daria para pagarmos os impostos. Ana ajudava nas tarefas de casa, e algumas vezes ela e eu íamos para a porta do Templo pedir. Mamãe saía bem cedo todos os dias para pegar água, e nós a acompanhávamos. Apesar de não enxergar, eu pedia para trazer dois cântaros menores cheios. Depois disso, sempre ia à casa de umas mulheres para ajudar na costura de roupas. Ela não ganhava por isso, mas as mulheres lhes davam tecidos que serviam de lençol, e de tempos em tempos deixavam que ela costurasse roupas para nós.
Desde que o papai foi embora, não tivemos notícias dele. No dia que ele nos abandonou senti o desespero de mamãe e a decepção dos meus irmãos... Doeu muito para todos nós. Mas naquele dia eu não chorei. Mesmo mamãe dizendo que não foi por minha causa, e nem de ninguém, eu estava com raiva e me sentindo culpado por não poder fazer nada. Ela nos disse para não ficarmos magoados, que o perdoássemos... E bem, meus irmãos não ficaram magoados por muito tempo, e com os conselhos de mamãe, a raiva deles passou logo, mas eu não consegui. Desde aquele dia uma tristeza profunda tomou conta do meu coração.
Enfrentamos muitasdificuldades sem o papai conosco. Por mamãe não ser viúva, mas ser uma mulhersozinha não era muito bem vista. Sei que ela sofria com isso. Não queria quefosse assim. Ele a deixou com quatro filhos, sem nenhuma reserva em dinheiro, equase ficamos sem casa. No começo foi mais complicado, mas ela conseguiusuperar. Um pai, segundo a Lei, deveria ser fiel e cuidar de sua mulher efilhos provendo o sustento. Mas papai quebrou a Lei de Deus quando nosabandonou. Mesmo que um dia ele voltasse, eu não o perdoaria.
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