Capítulo único.

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“Eu ainda não sei como você me convenceu a fazer isso.” O loiro sussurrou irritado, a ponta do nariz avermelhada pelo frio. Havia concordado sobre jantar sentado à mesa da Grifinória depois de muita discussão e um argumento irrefutável: Potter já havia jantado várias vezes na mesa da Sonserina (não sem receber olhares estranhos, porém), enquanto Malfoy nem ao menos chegava perto da mesa da outra casa. Sentiu os dedos gélidos debaixo da luva se enroscando nos seus enquanto eles andavam lado a lado tentando passar despercebidos, um carinho escondido que não passava sem ser notado. Não haviam feito grande alarde sobre isso, Malfoy queria manter a relação o mais secreta possível, mas Potter tinha a mania estúpida de segurar sua mão em público e roubar pequenos beijos antes de voltar para a sala comum da Grifinória à noite, deixando bem claro para os outros alunos o que estava acontecendo entre eles. Malfoy nunca admitiria isso, mas essas atitudes deixavam seu coração quente, assim como suas bochechas, num sinal claro da extrema vergonha que sentia devido à demonstração de afeto em público.

“Eu tive que agüentar Crabbe e Goyle implicando comigo por tempo demais, é a sua vez de ouvir a Hermione se gabar por ter se saído melhor no teste de poções do que você.” Malfoy franziu os lábios enquanto Potter ria da expressão do garoto que estava aprendendo a amar. Ainda era estranho sentir a mão do outro se enroscando na sua, o tecido das luvas sendo a única coisa entre suas peles gélidas, e sentir um arrepio que não era de frio ou de raiva, mas de apreciação. Suspirou, parando de andar próximo à porta da sala comum. “Por favor, faça isso por mim.”

Malfoy fez uma careta derrotada, sabendo que não poderia mais argumentar contra aquilo. Não era contra jantar com Potter, era contra jantar com Granger, Weasley e o resto dos Grifinórios irritantes, sabendo que alguns deles implicavam até hoje com a escolha do namorado. Não havia sido uma escolha, ele tentava argumentar. Em nenhum universo paralelo ele escolheria se apaixonar por Potter; no fundo da sua mente, preferia ter se apaixonado por Granger que pelo garoto-que-viveu. Seria menos patético e previsível; o filho de um dos seguidores de Voldemort junto do seu maior inimigo. Mas não pode evitar e teve que deixar para trás os dias em que reclamava sobre a sua confusão para Pansy por horas seguidas, depois de beijar Harry várias vezes e sair correndo logo após, deixando o garoto confuso e perdido. Depois de três meses a garota estava pronta para jogar o maior livro ao seu alcance ou prendê-lo num armário de vassouras junto do Grifinório ao ouvir a pronuncia do nome do.

“Ok, mas... você não pode me obrigar a conversar com a sangue-ruim e o Weasley. Ainda mais agora que eles estão namorando. É nojento, de verdade.” Resmungou puxando o cachecol sobre o nariz gelado com a mão livre. Potter suspirou, se colocando à frente do garoto mais velho e pousando uma mão sobre seu ombro, a outra se enroscando frouxamente no cachecol.

“Eu já te pedi pra não chamar a Hermione desse jeito, Draco... não na minha frente, pelo menos, tenho certeza de que, perto dos outros, você deve falar assim dela. Até de mim, se duvidar.” Riu abertamente, olhando os olhos cinza do outro e puxando o cachecol para baixo, passando os dedos cobertos sobre sua bochecha rosada. Ele tremia levemente apesar dos casacos pesados, tanto pelo frio absurdo que fazia naquela noite tanto pela sensação gostosa e ainda nova do toque. Não conseguia ver um mundo onde se acostumaria àqueles toques tão quentes e gostosos. “Eu aposto que eles devem pensar o mesmo de nós.” Fechou os olhos levemente já suspirando e concordando, feliz ao ouvir o “nós”. Antes mesmo de poder abrir os olhos novamente sentiu os lábios frios de Potter se pressionando levemente contra os seus, a mão parando na parte de trás de seu pescoço, as bochechas de Malfoy ficando ainda mais avermelhadas com a certeza de que tinham pessoas os olhando. Pousou timidamente os dedos na gravata dourada e vermelha do namorado, o puxando levemente para baixo para poder beijá-lo melhor.

“Ugh. Por favor Harry, eu imploro, não faça isso no meio do corredor. Nem todo mundo precisa ver que você decidiu ir pro lado negro da força.” Malfoy soltou um grunhido baixo ao ser interrompido, as testas ainda encostadas enquanto Potter sorria longamente. Malfoy o odiava tanto.

“Qual é, Ron, você sabe que na verdade quem veio pro lado bom da força foi o Malfoy.” Harry disse divertido. O Sonserina franziu o rosto em raiva mais uma vez, se afastando do outro.

“Por Merlin, Harry, eu juro que essa é a última vez que eu faço algo com você.” Já andava em direção à sala quando a mão de Harry pegou a sua novamente, o puxando contra ele.

“Você me ama, Malfoy.” Sorriu com as mãos enroscadas na cintura do mais velho, os sons de Hermione e Ron fingindo vomitar o fazendo rir ainda mais.

O rosto todo ficou mais vermelho do que o normal de repente. “É, eu...” Os olhos de Harry se arregalaram. “Sim.” Sussurrou enterrando o rosto em seu peito, os dedos mexendo na gravata com as cores da Grifinória. Não conseguia ver o rosto de Potter, mas pelos sons enojados de seus amigos e a forma como ele o abraçava ainda mais forte e enroscava os dedos de forma carinhosa em seus cabelos brancos o fazia ter certeza de que ele havia ouvido e sim, sentia o mesmo, provavelmente estampando um de seus sorrisos estúpidos no rosto. 

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⏰ Última atualização: Jan 04, 2015 ⏰

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