Capitulo 1- O monstro

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Gay...
É a primeira palavra que vai ler neste livro, pois pode-se dizer, é o assunto central, onde tudo roda em torno, mas a pergunta que não se cala é, como? como a gente percebe, como acontece, quando a ficha cai e voce se da conta que , SIM, EU SOU GAY, bem, comigo não foi aquela coiisa expetacular, ou dificil de lidar, tenho pra mim que isso sempre esteve aqui, num cantinho escondido do meu organismo, aguardando o momento certo de sair, é como aquele monstro atras do armario, esperando a hora certa pra atacar, voce sabe que tem alguma coisa estranha rolando, mas não sabe o que, não consegue decifrar todos os sinais nitidamente,mas sabe que tem algo estranho, so ate algo surpreendente acontecer, e voce se tocar: É , e isto!

O meu sinal foi aos 10 anos, numa tarde ensolarada de verão, estava eu no sofa da sala, vendo tv, um daqueles programas toscos da tarde de domingo, com varios convidados, uma banheira, um sabão escorregadio, pessoas se tocando para poder pegar o sabão que caia na agua, , como um estalo de dedos, o zoom da camera foi ate a parte de baixo de um dos participantes, e eu me peguei olhando, fixamente para o volume entre as suas pernas, cada centimentro, detalhe, a curva que seu pau fazia dentro da sunga, os pêlos da perna, as coxas bem torneadas, os pelos da entrada que iam da sua barriga ate o encontro do seus pelos pubianos, seus obliquos e principalmente, a marca de sunga que ele tinha, por ser completamente bronzeado, eu fiquei duro, tão duro que não consegui esconder, meu rosto queimava, eu podia sentir que ia ter um troço de tanta vergonha, deitado no sofa, bem ali, a qualquer momento,iria ter um ataque do coração, olhei pros lados, ufa, não tinha ninguem, sem testemunha, sem cumplices, de repente a ficha caiu, tão natural como quando voce esta sentado no banco de onibus, distraido, sozinho, perdido nos seus pensamentos, e de repente voce percebe que ja faz algum tempo que um completo estanho sentou-se do seu lado, te observando, e voce perdido nos seus pensamentos não percebeu, então, sera que estava ai o tempo todo? como não vi isto acontecer? Foi assim pra mim , aonde isso estava escondido que não percebi? meus olhos se arregalaram, e agora, o que eu faria com isso? É estranho, voce se da contao de algo que teria que carregar, suportar e ser pro resto da vida, e se sentir completamente inerte com isto, eu simplismente decidi não fazer nada, pensei comigo : - ok!, sou gay, e dai.. nossa, ta calor hoje não é mesmo?

O segundo sinal veio aos 12 anos, mais ja conciente de tudo que tinha acontecido , ja ciente do pandemonio que seria minha vida quando as pessoas soubessem desse monstro que tinha dentro de mim, ate que veio a rebelião , esse pequeno ser que me habitava quis sair, num furacão tropical que eu mesmo criei, o nome do furacão? ICARO, meu melhor amigo de infância, que estudava comigo desde que eu me entendia por gente, não vou dar muita informação sobre a aparencia dele aqui, prefiro que fique sub-entendido, prefiro que voces criem o seu proprio Icaro na sua mente, mas algo eu digo, ele poderia facil estar extreando qualquer comercial de margarina ou creme dental na Tv na epoca, ele seria aquele garoto do seu bairro que as meninas tinham como o ideal pro primeiro beijo, bem, isso não seria diferente pra mim , a situação comecou a fugir do meu controle,sem perceber, eu fui notando sintomas do meu proprio corpo, sintomos de algo que eu não queria que acontecesse, mas eles vinham, todas as vezes que ele se aproximava , minha perna tremia, meu rosto formigava, eu sentia enjôos constante, e uma raiva, isto mesmo , uma enorme e grande odio quando ele dava mais atenção para outros do que pra mim, raiva quando ele ficava de papo com as meninas da sala me excluindo do assunto, raiva quando ele não me esperava na saida para ir embora caminhando ate proximo a minha casa, mas eu me controlava, respirava fundo, a ponto de sumir por alguns instantes, de não ficar neste plano, então eu conseguia segurar o monstro por mais um tempo, prendia ele mais alguns dias dentro de mim, so que ai, um dia, no recreio, eu não aquentei mais, a cena foi pesada de mais pra mim, e la estavam eles, Icaro e Daniele, de maõs dadas, andando, em pleno patio da escola, todos olhavam, apontavam, era a fofoca do dia, o mais novo casal teen do colegio.. Mas como issso aconteceu? como ele não me contou? Então eu senti, o monstro envinha, em forma de lagrimas, queria sair, eu não podia permitir isso, não aqui, não com todos olhando, não precisava de telespectadores pro meu turbilhão, de repente, eu ja estava correndo, o mais rapido que podia, passando por rostos conhecidos, que me olhavam com cara de : O que esta acontecendo com voce?
Toda essa corrida me levou pra um lugar, aonde eu ja tinha ido, a alguns meses atras, quando estava bravo com meu pai por ter me insultado e me chamado de maricas na frente de alguns primos (isso e um assunto que vamos tratar depos, meu pai..) era uma arvore, no fundo da escola, separada por uma cerca do resto do complexo, inacessivel, mas não pra mim, que era menor que os demais da minha idade, passava facil por debaixo da cerca, então, aquele era o meu lugar, unico, e la, agora sozinho, podia deixar tudo rolar, primeiro foi em forma de raiva, alguns socos no tronco da arvore, alguns ferimentos na mão, e depois, veio eles, o choro, a tristeza, eu estava perdido, o que iria fazer agora? estava nitido, tão na cara como 2 +2 são 4, eu era completamente , compulsivamente e platonicamente apaixonado pelo meu melhor amigo, e agora, o que eu faria? Queria tirar isso de mim, de alguma forma, achei que colocar pra fora aliviaria, então chorei, chorei bastante, uma, duas, tres horas direto, não percebi o tempo passar, não queria voltar pra aula e confrontar o que acabou de acontecer, não teria forças pra isso, ate que ouvi uma voz, logo atras de mim, a voz causadora desse turbilhão
- Caraca, ate que enfim te achei - disse se aproximando de mim, vendo meu estado, a camisa molhada de lagrimas, a cara vermelha, ja me encarou com cara de duvida- o que esta acontecendo?
- Nada - tentei tampar o rosto, virando de costas novamente- Me deixa so por favor!
- Esta quase na hora de ir embroa, a gente precisa voltar - me disse, estendendo a mão!
- Por favor Icaro, me deixa so- alterei a voz- eu preciso ficar só, pode ir embora, eu vou sozinho!
- Quem fez isso com voce? me fala, que vo la da na cara dessa pessoa.
- Ninguem!- bem que ele poderia se bater, socar a propria cara, porque afinal, o principal culpado era ele, mas não so ele, eu também, autor disso tudo era eu , como deixei isso acontecer, como fui gostar dele, sem sombra de duvidas , a pessoa que mais sairia perdendo nesta historia.
- Meu, se voce não falar, não vai ter como te ajudar!
Foi ai, que eu, instintamente, sem nem pensar duas vezes, soltei a pior frase que poderia falar neste momento, como eu era estupido
- Quando iria me contar o lance entre voce e Daiane?
- Oi?- a cara de surpresa dele foi a mesma que a minha, quando percebi que descarreguei isso pra fora- Como assim, voce ta bravo comigo por conta disso?
- Não, e que.. - nada que eu falasse agora poderia amenisar o peso da situação, eu simplismente entreguei a minha revolta de bandeija, eu simplismente assumi!- Aposto que os outros meninos ja sabiam, e eu, sempre o ultimo, cara- agora eu me virei pra ele, tentando controlar o maximo o rubor no rosto e o choro- as vezes penso que a gente nem é mais amigo!
- Tu é doido - ele sorriu- claro que somos, so que com voce é diferente , a gente não conversa sobre meninas, sobre o que elas tem no meio das pernas , como queria que te contasse sendo que a gente nunca falou disso?
- Não sei- dei de braços- eu te conto tudo meu, voce sabe tudo de mim, e eu me senti traido.
- Então é por isso o choro?- ele me olhou com pena, e eu me senti completamente idiota pela situação!
- Não, claro que nao- menti- Umas coisas que aconteceram la em casa essa noite, eu não quero falar sobre isso, so preciso que me deixe so por enquanto!
- ok!- se virando para ir embora, mas antes, vindo ate mim, me dando um abraço, tao forte, que sua blusa saiu com manchas das minhas lagrimas, e disse- Quando decidir o que quer eu vou esta la fora da escola te esperando pra gente ir embora!
Por um instante eu quis falar a verdade, dizer o que eu estava sentindo era raiva, raiva de não ser eu no lugar dela, de não ser eu quem ele beijou a primeira vez, de não ser eu pra quem ele iria escrever as proximas cartas ou ate mesmo , de não ser eu que ele iria segura a mão na hora do recreio, mas me contive, respirei fundo, prendi o monstro outra vez num comodo escuro, e corri ate ele
- Ei- disse me aproximando, ele se virou na mesma hora supreso- Vamos embora!
- Humm- ele disse sorrindo- achei que ia ficar a tarde toda ali resmungando com a arvore!
- Trouxa- sorri de volta e segurei a cerca pra ele passar debaixo, rezando, para que ele não tenha percebido nada!

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