2 - Segundo Motivo: Vou cuidar de você

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Segundo motivo:

Vou cuidar de você.


Houve um feriado prolongado em que a gente combinou de viajar todo mundo junto para uma praia no interior do estado. No caso, "todo mundo" era a junção de sete amigos que formamos depois que Hyungwon e Minhyuk se tornaram um casal oficial, uns três meses depois daquele primeiro encontro, e nós passamos a nos conhecer melhor e sair em grupo.

E estava tudo às mil maravilhas. A esse ponto, todo mundo já tinha uma certa intimidade e amizade um com outro. Nós planejamos e economizamos dinheiro por quase um mês e quanto mais a data se aproximava, mais a animação e empolgação de todo mundo aumentava. Estava tudo certo para que aquela fosse a melhor viagem em grupo da história.

Porém, um dia antes da viagem eu peguei uma chuva pesada no caminho de volta da faculdade para casa. No dia seguinte não deu outra, peguei um resfriado daqueles.

Era adeus a qualquer plano de sair de casa. Eu mal conseguia sair da minha cama, que dirá sair em uma viagem de carro por horas. Sem condições.

Avisei no grupo do Kakao logo cedinho. E foi lamentações pra cá e sinto muito pra lá, até alguém cogitar a ideia do grupo desistir da viagem. E aí começou o burburinho.

O grupo estava movimentado e falante naquela manhã, debatendo se era melhor ir ou deixar para uma próxima. Mas você não mandou nenhuma mensagem, o que era estranho. Me acostumei a ser respondido por você por qualquer coisinha que eu mandava, seja no grupo ou no privado, mas eram umas seis da manhã e você devia estar checando as suas malas pela milésima vez, para ter certeza de que estava tudo em ordem antes de partir.

Só sei que, no fim, convenci o grupo a ir sem mim e encerrei a discussão. Desliguei o celular, porque eu estava começando a ficar com dor de cabeça e a luz da tela só piorava a situação, tomei um remédio e capotei na cama.

O plano era ficar debaixo do cobertor dormindo o dia todo até a dor passar, ou até a hora de tomar o próximo remédio. Mas o interfone tocou. O porteiro do prédio disse que eu tinha uma visita, e eu fiquei surpreso em descobrir que era você.

Quando abri a porta, mal tive tempo de perguntar o que você estava fazendo ou dizer um oi, porque você entrou no apartamento, colocando a mão na minha testa e me fazendo uma série de perguntas que me calaram antes mesmo de eu tentar soltar uma frase.

"Você está se sentindo muito mal? Quer ir para o hospital?"

"Por que você não atendeu o celular?"

"Já tomou remédio? Você tá ardendo em febre!"

"Vai tomar um banho pra esfriar o corpo. Você vai se sentir melhor."

A última frase você disse enquanto me empurrava para o banheiro e me colocava debaixo do chuveiro. Eu sou pelo menos uns dez quilos mais pesado do que você e até hoje me pergunto como você conseguiu essa proeza.

Quando eu dei por mim, você já tinha deixado uma toalha e roupa limpa para mim em cima da pia e trancado a porta, dizendo que ia para cozinha me fazer uma sopa, sem nem me dar a chance de negar. Eu não iria te negar nada, é claro, mas você não me deu nem a possibilidade disso acontecer e isso me impressionou.

Yoo Kihyun sabe ser bem incisivo quando quer. Eu aprendi essa lição naquele dia.

Quando eu saí do banho, a primeira coisa que eu notei foi o cheiro bom que vinha da cozinha e segui para lá, quieto, com medo de te atrapalhar. O apartamento era meu mas você tem esse jeito de fazer com que tudo pareça estar sob o seu controle. Mas não é de um jeito ruim ou invasivo. Você jamais faria alguém se sentir desconfortável, até porque o desconforto dos outros te incomoda. É quase como se você tivesse a habilidade de fazer com que qualquer pessoa se sinta bem-vinda e segura só com a sua presença. E não importa se esse lugar é a minha casa, a sensação de aconchego é sempre a mesma.

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