Prólogo 2

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Guilherme
Tudo pode mudar.Talvez no futuro novas teorias irão surgir.Talvez antigas teorias serão derrubadas.Talvez exista carro voador.Talvez não exista mais carro.Talvez descubram a cura de doenças incuráveis.Talvez surjam doenças ainda mais letais.A única coisa que jamais mudará é que nascemos para morrer.
Tudo mundo sabe que vai morrer assim como todas as outras pessoas que habitam o planeta Terra.Sabemos mas ignoramos.Acontece mas não estamos preparados.E quando a pessoa que falece é seu pai tudo o que se passa pela sua cabeça é por quê.Por que agora?Por que tão cedo?Ele era meu herói.Heróis não deveriam ser indestrutíveis?Se faço essas perguntas á Deus ou morte,nem eu sei dizer.

Eu fiz 18 anos hoje,era para eu estar escolhendo meu primeiro carro,não o caixão do meu pai.

Já chorei,gritei,esperneei e a dor continua aqui,me consumindo.Diferente da minha mãe que não disse uma palavra desde que recebemos a ligação de que o corpo do meu pai foi encontrado sem vida após um acidente de carro.A olho enquanto o moço da agência funerária não para de se gabar sobre seu mais diferentes modelos de caixões,ela está olhando para um ponto fixo na parede enquanto lágrimas silenciosas rolam pelo seu rosto.

-Então qual caixão vocês vão escolher?-o moço pergunta chamando minha atenção.O encaro por longos segundos sem saber o que dizer então volto meu olhar a minha mãe que continua sem reação.

- Mãe -pego em sua mão a fazendo olhar para mim-Você precisa responder,eu sei que é difícil mas eu estou aqui.

-Eu ... Eu não posso,não consigo fazer isso-diz se levantando apressadamente da cadeira,não sei se fico supreso por ser a primeira frase que fala a horas ou porque ela está realmente indo embora.

-Mãe,espera.Para onde você está indo?-me levanto e vou atrás dela,segurando seu pulso delicadamente a fazendo virar.

-Estou indo para casa,não posso ficar aqui assistindo seu pai ir embora sem fazer nada,é mais do que consigo surportar,você não entende.

-É claro que eu entendo ele era meu pai!-grito irritado e logo me arrependo percebendo seu olhar olhar assustado-Olha eu sei que é difícil,na verdade é a coisa mais difícil que vamos fazer na vida e é por isso que eu preciso de você.Precisamos nos despedir.

-Eu me despediria se ele escutasse alguma coisa,se pudesse me sentir tocada e ouvir sua voz novamente.Me desculpa mas não posso ficar aqui,você já tem 18 anos pode resolver isso- se solta da minha mão mão e vai embora acelerada.

Estou paralizado tentando absolver tudo o que está acontecendo.Meu pai se foi para sempre e minha mãe me largou no pior momento.Fico assim até sentir a mão de alguém no meu ombro perguntando se estava tudo bem que precisava decidir logo as coisas para o velório acontecer, e foi isso que eu fiz.

Meu pai merecia o melhor até mesmo na hora de partir,liguei para Tereza nossa empregada para que ficasse de olho em minha mãe e escolhi,o caixão seria de cobre,a coroa de flores de crisântemos e rosa e ele seria enterrado no cemitério da Consolação.

O velório durou 5 horas,5 horas em que apertei a mão e chorei no ombro de pessoas que eu nem conhecia e quando chegou a hora do enterro por um breve momento pensei que me atiraria na cova junto com papai.

Agora me encontro dentro de um táxi,não sei como entrei,quem chamou,muito menos para onde estou indo,o motorista não diz nada,deve ter entendido que não estou para conversa pelo local que me pegou,fecho os olhos na esperaça de que quando os abrir tudo não passará de um pesadelo terrível mas quando os abro tudo que vejo são os portões de casa.

O motorista diz que a corrida já está paga,sendo assim entro em casa louco para estar no meu quarto,tudo o que eu quero é poder chorar em paz,sem olhares de piedade ou julgamento mas meu plano é interrompido quando escuto soluços vindo do quarto dos meus pais.

A minha mãe.

Eu não podia desmoronar agora,apesar de ter ficado com um pouco de raiva por ela ter me largado não posso julga-lá,quando todos começaram a quererem me consoloar perguntando "Como você está?""Eu sinto muito"tudo o que eu queria era sair correndo.

Vou até seu quarto e a encontro deitada chorando abraçada ao travesseiro do meu pai,está tão concentrada em sua dor que só percebe minha presença quando deito ao seu lado,pego em sua mão porque não sei o que posso lhe dizer para trazer conforto,ela me olha em silêncio,tudo o que quero é um colo de mãe como um pobre garotinho que acabou de ralar o joelho,mas nesse caso foi o coração,tento abraça-lá mas ela se afasta e berra:

-Saí daqui!Eu quero o seu pai,era para ele estar aqui,não você!-meu coração não estava mais ralado agora ele havia se partido.

-Saíba que se eu pudesse escolher,escolheria ser eu no lugar dele.

-Filho não era bem isso que eu queiria dizer.Eu estou nervosa não sei o que estou falando-fala arrependida mas a conheço o suficiente para saber que ela não mentiu,ela sempre fala seus verdadeiro pensamentos quando está nervosa.

-Vou te deixar sozinha-saío do quarto e a deixo se explicando sozinha e percebo que meu pai não foi o único que partiu da minha vida.

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⏰ Última atualização: Aug 27, 2020 ⏰

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