Prólogo: Más Lembranças

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Miryo on

O vento frio batia na minha cara. Era uma brisa um pouco forte, por estar no quinto andar de um edifício baixo. Mas aquela aragem era só um motivo por todo o meu corpo tremer naquele momento.

Acho que o início deste momento, está relacionado com a altura em que eu era criança.

Não tenho lembranças muito claras daquela época, contudo ainda me lembro de algumas coisas.
Quando era pequeno, talvez uns sete anos de idade, foi quando tudo começou.



A minha mãe ia todas as segundas-feiras buscar-me à escola, era o único dia em que ela conseguia acordar a tempo para me ir buscar, só que eu sei que ela só ia por obrigação.

O seu olhar para mim sempre foi frio e distante e havia alturas, em que ela nem se atrevia a olhar para mim. Nunca tinha entendido o porquê da atitude dela, pelo menos até aquele fatídico dia.

Chegamos os dois a casa, naquele dia de verão. O pai já não vinha em casa à uns tempos, então a mãe estava bem aprontada. Tínhamos limpado a casa no domingo e estava tudo pronto para a chegada dele.

Ficamos os dois na sala, ela a ver televisão, sentada descontraidamente no sofá e eu num canto, a brincar com uma prenda, que o Davi me tinha dado.
O Davi é o meu melhor amigo, eu adorava brincar com ele e nunca largava aa prendas que ele me dava.
De tal forma, sempre sentia o olhar de desgosto da mãe quando brincava com o peluche do Davi.

Não me importei muito com aquilo, afinal sempre estive feliz. Era um ambiente calmo e acolhedor, de certa forma.
Então, quando a lua se estava a baixar, a porta de casa abriu com força. Olhei logo para ver quem era, mas já sabia que era o pai.
Ele estava com a roupa do costume e uma garrafa na mão.
Naquele dia, ela correu para o apanhar quando ele ia cair no chão, de tão bêbado que estava.

Eu apenas permaneci a brincar, o pai foi dormir para o quarto e eu e a mãe comemos socegados.
Só que, esse dia, não foi como os outros em que ele vinha, na verdade, ele nunca mais saiu de casa.

Era eu, a mãe e o pai juntos, mas não felizes. Quando o meu progenitor biológico começou a ficar em casa, a minha progenitora começou a ficar mal. A minha procriadora deixou de me ir buscar todas as segundas à escola, andava com marcas roxas no corpo e tinha deixado de fazer a comida. De tal forma, comecei a preparar a comida com bastante dificuldade, cortei-me várias vezes e o máximo que podia fazer era abrir um pão e pôr queijo, descascar uma fruta e cortar a ponta do pacote do leite. Comecei também, a lavar a loiça quando a pessoa que me gerou deixou de sair do quarto.

Eu não entendia as coisas naquele ano, mas tudo mudou no ano seguinte quando a minha mãe tomou medidas drásticas.

Quando eu saia do autocarro, tudo começou a ser um pesadelo. Ela batia-me, chutava-me, dizia que eu era um erro, aquilo doía, deixava-me triste, mas eu não fazia nada. Pior foi quando o progenitor biológico, começou também a voltar a sair de casa.

Ele ia de noite, voltava pela madrugada, eu nem notava ele a chegar, mas com a senhora Hel a gritar toda anoite, era difícil não notar. O choro, os gritos, as reclamações sobre a minha existência, eram tudo deles, daqueles que me geraram.

Na escolinha também mudou, sentia que não queria falar com ninguém, nem mesmo o Davi. Sentia-me deprimido, como se tivesse feito algo errado.
O Davi começou a estranhar a minha atitude e tentava falar comigo, mas eu não respondia, sentia que não devia.

Então, nessa altura ao chegar a casa, apanhei o pai a estrangular a mãe. Ela pedia por ar, tinha a mão para cima e o pai não tinha rosto. Corri para proteger aquela que me teve na sua barriga e então ao tentar separar os dois levei um soco.

Mente quebrada - YaoiOnde histórias criam vida. Descubra agora