IV

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Point of View - Spencer Reid

Samantha e eu nos vemos sempre que dá pelos últimos 4 meses e nos falamos quase todos os dias por mensagem ou por ligação, mesmo eu não gostando de aparelhos que sejam muito tecnológicos. Episódios como aquele do beijo não ocorreu mais, ainda que eu quisesse muito, mas estamos nos conhecendo melhor. Nossa amizade vem se fortalecendo cada vez mais e é bom conversar com alguém fora do trabalho e poder desabafar sem ter medo de ser profilado pela pessoa. Por causa da Sam também fiz amizade com o Patrick, seu irmão, e Rebeca, sua melhor amiga, quando Sam convenceu eles a fazerem uma maratona de Doctor Who e acabou me convidando.

O nosso último encontro ainda está bem presente na minha memória e sempre acabo lembrando por causa do que a JJ me falou. Estávamos na festa do Hank que foi toda decorada para o tema que meu afilhado escolheu, policial. Hank adora as histórias sobre como o Derek prendia os monstros e salvava pessoas como um super héroi, dizendo que seria igual ele quando crescer. Sam foi convidada para a festa e acabou sendo convencida pelo Derek, com ajuda minha, a fazer a animação da festa por conta do acidente que o profissional que foi contratado sofreu. Ela estava linda com uma calça jeans azul clara e uma camiseta branca com estampas por dentro dela, uma jaqueta jeans e all star preto. Ainda guardo todas as micro expressões que ela esboçou durante a festa achando todas elas fofas, como ela apertando um pouco os olhos e tombando a cabeça quando não entendia algo ou sua tentativa de ficar brava quando uma criança falava algo que ela não gostava ou até mesmo seus sorrisos e admiração quando eu fazia mágica.

Ela se divertiu muito fazendo a animação da festa, foi maravilhoso meus afilhados se darem tão bem com ela, eu não conseguia parar de olhar sempre e esboçar um sorriso para ela cada vez que ela me encarava. Quando ela foi embora após eu recusar a carona JJ veio falar comigo, a frase que ela falou fica martelando na minha cabeça me deixando confuso – Seus olhos brilham quando está com ela. Você gosta dela, Spence? 

Após chegar em casa depois do encerramento de um caso penso na pergunta que não respondi. Eu gosto da Sam? Não! Eu não posso gostar, ela é só minha amiga. Além do mais eu amo a Maeve, não amo? Antes eu tinha a resposta certa para essa pergunta, agora não mais. Meus pensamentos são interrompidos por um toque no celular.

- Oi Sam. – Não estava com cabeça para falar com ela e mesmo assim a atendi o porquê eu não sei.

- Spence, tudo bem? Está podendo falar? – Ela está alegre, ela sempre está alegre, e isso me contagia fazendo eu dar o primeiro sorriso depois de dias.

- Estou sim. Algum problema?

- Não, nenhum. Só queria saber se amanhã você irá vir até a minha casa para assistirmos doctor who. Você disse que viria.

- Ah...- Droga, o que eu falo agora? Eu tenho que inventar alguma coisa, não posso encontrá-la estando confuso como eu estou. – Não posso, tenho uns relatórios para fazer amanhã. Desculpe

- Tudo bem, não se preocupe. – O assunto parece ter acabado, mas nenhum de nós consegue desligar o telefone. – Spencer? Posso fazer uma pergunta?

- Claro.

- Eu fiz alguma coisa que não te agradou? Você está estranho. Não responde mais as minhas mensagens e quando o faz é curto. Você mudou de repente, foi algo que eu fiz?

- Não. Eu só estou ocupado com o trabalho. Tenho que ir. - Desligo o telefone sem dar chance dela responder. 


No final de semana tento a todo momento tento ler a Narrativa de John Smith de Arthur Conan Doyle que Maeve me deu mas Samantha não sai da minha cabeça. Repito a todo instante que ela é só minha amiga mas eu não entendo meus sentimentos. Ontem eu iria encontrá-la e como um covarde eu fugi por estar tão confuso com o que eu estou sentindo. Eu não posso gostar dela dessa forma, ela irá se machucar e não irei aguentar isso de novo. 

Uma Nova ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora