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Quinta feira, 17 de Abril.

Nesse exato momento, tudo o que eu queria era um pote de sorvete de flocos para afogar as mágoas. Eu estou com tanta raiva que poderia assassinar alguém. Eu poderia ir até a sala de aula daquele babaca e esganar ele com as minhas próprias mãos, mas em vez disso estou aqui esperando pacientemente e planejando um homicídeo.

É claro que não estou realmente planejando matar o meu futuro ex-namorado, mas bem que eu gostaria. Há exatamente 13 minutos eu recebi uma foto de um número desconhecido. A foto consiste no meu não tão querido namorado beijando uma vadia qualquer. Peço desculpas ao feminismo pelas minhas palavras, eu realmente sinto muito. Mentira, não sinto. A única coisa que eu quero é matar os dois. Não dá para ver o rosto da garota, mas observando o fundo da foto eu cheguei à conclusão de que a traição foi a duas semanas atrás, no dia do meu aniversário.

No meu aniversário, sério?

Não que a data vá mudar alguma coisa, mas precisava ser no meu aniversário?

Sou tirada dos meus pensamentos assim que o sinal toca. Pego o meu material e coloco na minha mochila de qualquer jeito. Caminho até a porta e vejo Ethan vindo na minha direção junto com a Allysson e os amigos insuportáveis dele.

- Amor, o que você acha de irmos ao cinema mais tarde? - Ele tenta me beijar e eu viro o rosto.

- Que porra é essa, Ethan? - Mostro a foto e ele arregala os olhos.

- Isso foi antes da gente namorar, relaxa amor.

- Você acha que eu sou idiota? Isso foi há duas semanas atrás, no meu aniversário. Na porra do meu aniversário!

- Não sou eu nessa foto. Deve ser o Billy ou o Josh, sei lá. Você não confia em mim, amor?

- Se você me chamar de amor mais uma vez, eu quebro todos os dentes da sua boca. Eu não quero ver você, não quero ouvir o seu nome e muito menos ouvir a sua voz. Se nós nos encontrarmos, eu acabo com você.

- Calma aí Lya, vamos conversar! - Ele segura o meu braço e eu respiro fundo para não avançar nele.

- Tira a pata. - Falo pausadamente e ele mantém o aperto no meu braço. - Você não quer que eu quebre o seu braço. - Ele solta o meu braço e eu viro as costas para ele.

- Eu te amo, Lya! - Dou o dedo para ele e ouço passos atrás de mim.

- Amiga, você tá bem? Quer conversar?

- Não quero ser grossa com você desnecessariamente. Então, por favor, me deixa sozinha. - Saio sem esperar uma resposta dela.

[...]

Observo o trem passar e um pensamento me vem à cabeça. Bem que eu poderia amarrar os dois nos trilhos e comer pipoca enquanto assisto o trem passar por cima deles.

- Tendo pensamentos sombrios?

- Como adivinhou? - O moreno sorri de canto e senta ao meu lado.

- Você fez aquela expressão. O que foi dessa vez?

- Veja com os seus próprios olhos. - Mostro a foto para ele, que faz um "0" com a boca.

- Eu...

- Se veio aqui para dizer que me avisou, fique à vontade. - Faço uma pausa e assim que ele se prepara para falar, eu o interrompo. - Para ir embora.

- Eu ia falar isso, mas não quero um nariz quebrado.

- Decisão inteligente, Zac. - Ele tira do bolso um beck e estende para mim, que rapidamente o  acendo com o isqueiro que ganhei de aniversário do mesmo ( Um amigo que tem boas influências, eu diria) . Zac dá uma tragada, me entrega e eu faço o mesmo, soltando a fumaça lentamente pela boca.

- Então... o que vai fazer sobre isso?

- Eu adoraria matar ele e a vadia da foto, mas não gosto da ideia de passar o resto da minha vida na cadeia.

- É, não seria muito legal. Vingança?

- Você me conhece tão bem! - Ele ri e se vira para mim.

- Como a palma da minha mão, Moore.

- Credo, não fala esse nome.

- Melhor do que Lyandra.

- Cala a boca, Harris.

Ele ri e então fica sério.

- Falando sério, como está se sentindo com isso?

- Não é óbvio? Eu quero matar os dois.

- Qual é, Lya. Eu sei que aí no fundo, bem no fundo, você tem um coração.

- E mais uma vez, você está enganado. - Ele revira os olhos.

- Você não me engana, Lyandra.

- Se falar esse nome mais uma vez, você vai estar amarrado nos trilhos quando o trem passar. - Ele levanta as mãos em sinal de rendição e um sorriso brincalhão se forma em seus lábios.

- Foi mal, Lyandra. - Me levanto para correr atrás dele e jogo o beck no chão, antes apagando-o.

- Você é um homem morto, Harris!

[...]

Chego em casa molhada graças à chuva e encontro uma mãe muito, muito irritada.

- Onde esteve? Vou ligar para a mãe do Ethan e...

- Mãe, eu e o Ethan terminamos. - Ela muda a sua expressão de irritação para uma expressão empática, que normalmente me irritaria, mas estou ocupada demais irritada com outra pessoa.

- Que pena, meu amor. Quer conversar?

- Quero uma pizza, to com fome.

- Devo ligar para o seu terapeuta?

- Quê? Não! Não vou ter uma sessão de última hora por conta de um babaca de merda.

- Filha, você sabe muito bem o que acontece quando você perde o controle. Não é muito legal.

- Relaxa, mãe. Eu não quero nada além de esganar ele com as minhas próprias mãos.

- Ok, eu vou ligar pro terapeuta.

- Tô brincando. - Forço um sorriso e ela me analisa.

- Tá legal, mas você vai me contar o que aconteceu.

- Você não consegue ver?

- O que?

- O lindo par de chifres que ele me deu. Estou até pensando em decorar com um lacinho.

- Me conta tudo. - Ela se senta no sofá e eu jogo a mochila em um canto qualquer.

- Nada demais. É como dizem : um animal sem chifre é um animal indefeso.

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⏰ Última atualização: Oct 28 ⏰

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