Evellyn

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Hoje é uma sexta-feira, e novamente sou acordada por meus pais. "Ponha sua comida no prato", "você dorme demais", "não faz nada além de dormir e dar despesas"... Eu realmente não fazia nada, não era uma opção tão fácil, eu queria ser útil, porém tudo que eu fazia era ruim, e é melhor não fazer do que fracassar e perder tempo.

15 anos, atualmente estou no 1° ano do ensino médio, estudo no turno vespertino e só faço isso por obrigação. Eu realmente não vejo sentido em nada que faço, meus sonhos e planos foram destruídos com palavras e um certo pensamento "em breve todos iremos morrer, não há necessidade de estudar e trabalhar... No final apenas o suicídio me resta". Bem, para mim, desejar seu atropelamento, ou sua morte instantânea, é uma forma de suicídio espiritual.

Tá! Após um momento de reflexão sentada em minha cama, me levantei e fui em direção a cozinha, coloquei minha comida no prato e me dirigi ao banheiro. Fiquei me observando no espelho por uns 2 minutos, fiz minhas necessidades e saí do banheiro indo em direção a cozinha novamente , peguei o prato com comida e fui ao meu quarto. Depois desse vai e vem constante, tranquei a porta e fui me arrumar para a escola. Vesti uma calça jeans e a blusa do uniforme escolar, calcei um tênis e arrumei meu cabelo, fiz minhas sobrancelhas, passei um rímel e um protetor labial.

Coloquei toda a comida em um papel e amassei, coloquei dentro de minha mochila e levei o prato para a pia. Tudo bem pular algumas refeições, talvez o motivo de eu não ter o corpo como o daquela menina, com cintura fina, peitos grandes, sem celulites, seja culpa dos almoços...

Minha mãe me chamou para ir para a escola, já eram umas 13:00, eu realmente me preocupava com a aparência. Cheguei na escola e fui em direção ao lixo, recolhi o papel amassado com a comida e o joguei. Fui em direção ao meu grupo de amigos, não era tão grande, fui correndo para abraçar meu amigo Guilherme, ele estava a prontidão sempre que precisei dele e era o único sincero comigo.

Alguns minutos de conversa e o sinal para ir para as salas tocou, meus primeiros horários eram de Educação física. Tinham dois campos na quadra, então nosso horário era compartilhado, os meus horários de E.F eram com o 8°B, era uma turma de certo modo tranquila, os meninos costumavam jogar futebol e as meninas se repartiram em seus respectivos grupos por diversas partes, provavelmente para fazerem fofocas ou algo do tipo, afinal são garotas da 8° série, devem pensar apenas em garotos e em ficar com grande parte da escola...
Apesar da minha opinião meio "crítica" sobre as meninas, eu também já fui da 8° série, porém o que mais me marcou, foi perceber que quando minhas amigas falavam de meninos, eu não conseguia me encaixar, mas sempre concordava com elas, não queria ser excluída. Acho que ano passado, consegui perceber que eu realmente gostava de meninas, talvez um pouco mais do que de meninos, ou talvez totalmente... Bem, eu não gostava de pensar sobre isso, ser lésbica não ajudaria em nada no momento, com uma família religiosa, eu realmente tinha que arrumar um jeito de tentar ignorar a verdade, por mais que me desse asco.
Esse ano me dei conta que eu realmente gosto totalmente e absolutamente de meninas, eu não preciso contar pra ninguém... Não que eu esconda muito bem, acho que meus amigos já desconfiam! Mas okay, contanto que meus pais não saibam tudo ficará sobre controle.

Respondi a chamada e soltei a desculpa do "estou menstruada", para não ter que participar do jogo de queimada que teria! O professor assentiu e eu fiquei sentada no banco que dava de frente para os dois campos. Uma menina sentou ao meu lado no banco, olhou para mim mas virou o rosto, sem saber o que fazer, peguei meu celular e comecei a ver uns prints antigos em minha galeria, eu não tinha internet, não havia muito o que fazer.
A menina tinha os cabelos relativamente curtos, acabavam em seus ombros e continha uma franja! Usava uma calça jeans folgada com rasgos e um tênis comum na cor amarela, seu rosto não estava muito visível, ela estava com a cabeça baixa, escrevendo alguma coisa em um caderno! A única certeza que eu tinha naquele momento, é que ela era do 8°B! Aliás ninguém mata aula e senta em um banco central. Fiquei descendo meu álbum, até que minha bendita bateria viciada, descarregou, coloquei o celular na mochila e fiquei olhando para o nada, sem nem perceber eu estava encarando a menina.

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⏰ Última atualização: Aug 07, 2020 ⏰

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