Chuuya precisou respirar fundo, pelo menos, umas quatorze vezes para não ter alguma espécie de surto naquele momento.
Se perguntassem para o Nakahara qual o nível de esforço que estava tentando exercer para manter o autocontrole naquele instante, numa escala de 1 a 10, ele responderia 11.
Afinal, quando Osamu o chamou para ir na casa dele, com a boba e nada convincente desculpa de que eles tinham que começar um extenso trabalho que o professor Ougai havia passado em sua aula de antropologia – que, segundo Dazai, deveria ser feito em duplas –, Chuuya nunca imaginou que eles fariam algo completamente diferente do que o realmente esperado.
Tudo bem que ele não lembrava, de maneira alguma, que um seminário havia sido passado, e ainda por cima pelo professor Mori (pessoa e orientador cujo ele nutria grande admiração e, consequentemente, dedicava toda a sua atenção em suas aulas e ensinamentos), mas não é como se ele possuísse a melhor das memórias e fosse lembrar, de fato, de todos os trabalhos passados pelos inúmeros professores de seu curso.
E Osamu parecia também ter consciência dessa mera realidade verídica, tendo em vista que sua mentirinha pareceu convencer um Nakahara deveras irritado a dirigir-se até sua residência para iniciarem o tal do trabalho.
– Ah, Chuuya, você está adorável assim!
Se cometer homicídio não fosse um crime de caráter gravíssimo, Chuuya jurava, por todos os Actions Figures de Cavaleiros do Zodíaco distribuídos estrategicamente em sua estante, que Osamu já estaria muito bem enterrado a sete palmos do chão.
Aparentemente, Dazai havia achado uma ótima ideia mentir para o Nakahara e, ainda por cima, o obrigar a realizar um de seus hobbies preferidos consigo, não parecendo nem um pouco culpado e arrependido de todos os seus atos. E, céus, Chuuya não imaginaria, nem em mil e um anos, que o Top 3 dos 5 hobbies principais de Osamu era ocupado por: fazer esfoliação e limpezas de pele semanalmente.
(Vale ressaltar que os dois primeiros lugares eram, muito basicamente, irritar e deixar o Nakahara completamente envergonhado e, claro, reler os mesmos livros de conteúdos duvidosos pela quinquagésima quarta vez).
Pelas três primeiras temporadas de Sherlock (até porque Chuuya fingia que a quarta e última era uma mera ilusão coletiva de todo o fandom), o Nakahara era mesmo obrigado a passar por aquilo? Ele sequer gostava de cuidados demasiados em relação a pele, e gostava ainda menos de Dazai!
(Ele jurava fielmente que a última afirmação era realmente verídica, ainda que todos os envolvidos saibam que não passava de uma mentira fajuta e muito mal elaborada, é claro).
– Osamu, eu juro por todos os deuses que, se você não tirar isso do meu cabelo agora, eu não me responsabilizo pelos meus atos!
E talvez uma informação por demais necessária que deva ser salientada: o mais alto entre os dois homens achou muito conveniente amarrar os fios longos e ligeiramente encaracolados da franja do ruivinho em um pequeno rabo de cavalo acima da cabeça, fazendo o menor parecer ter um mini projeto de coqueiro instalado despreocupadamente por entre suas madeixas alaranjadas.
– Oh, pequeno Chuuya, não se preocupe. – sorriu, e o mais velho sentiu-se idiota ao achar aquele ato minimamente adorável. – Também irei fazer um penteado igual em mim!
Chuuya precisou respirar fundo pela décima quinta vez no dia ao que Dazai simplesmente virou-se de frente para o espelho ao lado deles, ainda com um sorrisinho adornado nos lábios, calmamente amarrando sua franja de fios medianos e enrolados em um penteado semelhante ao do menor. Ao passo que terminou, virou-se novamente para o ruivo, encontrando o pequeno com uma expressão nada agradável em seu rosto de traços delicados e os bracinhos cruzados em frente ao peito em sinal de puro ódio e rancor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Limpezas de pele tem lá suas vantagens
FanfictionQuando Osamu o chamou para ir até sua casa, com uma desculpa inocente e nada convincente de que eles tinham que terminar um trabalho imenso passado em uma das aulas que dividiam, Chuuya realmente não esperava ter que lidar com um Dazai animado e seu...