Único

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Chaeyoung começou a morar sozinha há dois meses e estava sendo um caos. 

Ela tinha terminado a faculdade e como prometido, os seus pais investiram em um bom apartamento no centro da cidade, como ela desejava. Sair da casa que morou durante a vida toda sempre foi um sonho para Rosé, ela dizia que precisava de privacidade e isso a ajudaria a aprender a lidar com a vida adulta. 

Em seu bom emprego na empresa de arquitetura e com o apartamento decorado por alguém de muito bom gosto, Park se mudou quando tudo estava nos conformes. A primeira noite foi tensa; ela ouvia barulhos vindo do assoalho a ranger, as cortinas balançando na janela aberta e gatos miando pelas ruas. 

Para os pais, disse que foi ótimo, mas só ela sabe o medo que sentiu e a vontade de voltar para o seu ninho sem preocupações. Ela estava se virando bem; saía de manhã para trabalhar, almoçava em um restaurante caseiro e voltava para casa às 2:00 da tarde.  

Limpava os cômodos, preparava algo para comer á noite, tomava um bom banho e dormia um pouco. Acordava no entardecer para assistir programas, estudar um pouco e concluir plantas que deixava pendentes. 

Era uma boa e pacata vida em que Roseanne ocupava cada espaço com uma atividade, o que tecnicamente não sobrava para algo importante: sua vida amorosa.  

Desde que finalizou a faculdade, a neozelandesa não tinha conhecido ninguém, e para ela, isso não era um problema. Ela tinha curtido bastante o início da sua vida adulta e agora, se fosse para conhecer alguém, que fosse para manter um relacionamento duradouro e saudável. Com reconhecimento no trabalho, Chaeyoung ficava mais sem tempo de investir em romances, e isso acrescia em suas noites em claro. 

Trocava o dia pela noite; dormia quando chegava do trabalho e passava a madrugada redefinindo plantas e projetos que agregariam e lhe fariam subir de cargo. Ela estava se dando bem e conseguiu uma promoção, mas óbvio que isso significava mais trabalho. Já estava há quase uma semana sem dormir no devido horário e isso afetava diariamente o seu desempenho e sono. 

Como prometido a Jennie, sua melhor amiga, Rosé dormiu por cerca de três horas durante a tarde e ajustou os projetos depois que acordou. Preparou um chá de camomila, fez uma cama confortável e se deitou com a janela aberta. Estava bem frio e ela queria curtir um pouco daquela noite. 

Depois de tomar o chá e se deitar, Chaeyoung tentou pensar em coisas boas e calmas, isso ajudaria o sono a chegar. Suas pálpebras estavam pesadas e ela mal se lembrava dos projetos que teria para o dia seguinte. Quando cerrou seus olhos, todo seu corpo relaxou. 

Aos sonhos, Rosé se via em uma escura floresta, olhando para algo que de primeira não sabia o que era. Em sua frente, uma silhueta feminina olhava para o mesmo sentido, com algo tilitando em seus dedos. 

Park olhou ao redor e a floresta tinha uma trilha de barro, que talvez as guiaria para longe dali. Chaeyoung até pensou em a seguir mas então ouviu uma voz sussurrando para ela. Era uma voz gostosa de se escutar, com um doce timbre e vez ou outra um falhar estonteante.  

— Precisamos sair daqui. — Foi o que a mulher disse.  

Chaeyoung viu a grande casa sendo incendiada e, nas mãos da mulher, um galão de gasolina e uma caixinha de fósforos.     

— V-você pôs fogo naquela casa?! — Apontou.

— Sim. — Ela se virou, mas Rosé não conseguia enxergar o seu rosto.  

— Foi necessário ou então não sobreviveríamos. Agora venha. 

— Não!   

— Rosé, por favor. — Guardou a caixinha no bolso e estendeu a mão.  

SukidakaraOnde histórias criam vida. Descubra agora