EU VOLTAREI POR VOCÊ

CAPÍTULO 1

GUZMÁN

"Eu voltaria por você", essas foram as palavras de Nadia no último áudio que me enviou. Enquanto dirigia no caminho para casa, recapitulei toda nossa história e senti o peso da saudade que a distância de 5.764 km carrega. Olhei o relógio, ela provavelmente chegaria em NY daqui 6 horas. Passei a batucar no volante, desejando ligar para ela e pedir para que voltasse. Besteira, eu sei. Ela não voltaria, não agora que conquistou o que desejava. Eu só precisava pensar... O que eu poderia dizer? O que eu gostaria de dizer? A única coisa que me parecia simples de responder era que eu gostaria de tê-la comigo. Da maneira que fosse possível, como ela desejasse. Por isso pensei em cada palavra que diria quando ela tivesse sinal no celular.

NADIA

Desembarquei em NY quando o céu estava escuro. Senti um frio na barriga de ansiedade e olhei encantada ao redor enquanto ouvia diversos sotaques. Eu consegui, estou onde sempre quis estar.

O meu celular toca no mesmo instante que coloco minha mala no carrinho, Lu ainda está esperando a sua na esteira. Aproveito e atendo o telefone, me sobressalto quando ouço a voz de Guzmán. A respiração dele está agitada, parece nervoso.

— Oi, Guzmán. Aconteceu alguma coisa? Tá tudo bem com o Ander?

Antes de entrar no avião, soube que Guzmán estava com o seu amigo Ander à espera dos resultados dos seus exames. Meu irmão Omar que viria junto comigo para NY correu até a clínica quando soube.

— Sim, tá tudo bem, quer dizer... não. O Ander tá bem, mas eu não estou. Preciso conversar com você. — disse Guzmán.

— Guzmán, estou no aeroporto agora. É urgente?

— Vou ser rápido, juro — ouço seus dedos batucando no fundo, — Eu sei que você está vivendo um novo momento, conhecendo um novo lugar e sei que estou parecendo um louco. Mas eu estou louco, absolutamente louco por você. Quero que você seja minha namorada! — sua voz carregada de angústia.

Fico sem reação enquanto ouço cada palavra desesperada que ele diz. Ele sempre pareceu ter cautela em relação a nós, mesmo quando me dizia que queria que ficássemos juntos. Algo tinha mudado.

— Guzmán, você sabe que essa situação é difícil pra mim, não sabe? Eu... eu te amo, mas não é suficiente. Meu lugar é aqui agora. — senti um gosto amargo ao dizer isso.

— Não estou te pedindo para voltar, Nadia. Não faria isso, quero que você seja feliz! Mas eu estou infeliz nesse momento, sabendo que você está longe. Quero que fique comigo, nós podemos dar um jeito.

— Você quer dizer um namoro à distância? — Nesse momento Lu já está com sua mala e me olha atentamente.

— Sim, um namoro à distância. Posso te visitar em datas comemorativas, podemos nos encontrar sempre que você vier visitar seus pais. Quando eu me formar resolvemos o que fazer. — Ele parecia tão confiante, eu me permiti sorrir. Confesso que depois de tudo que aconteceu na formatura, eu desejei algumas vezes que ele viesse comigo, cheguei a sonhar com isso.

— Tudo bem, estamos namorando! Você se sente mais tranquilo agora? — digo com cautela.

— Com certeza, minha namorada! — E ele parece sorrir do outro lado.

GUZMÁN

Ela aceitou. Não consigo nem imaginar o que eu faria se ela não aceitasse. Provavelmente ligaria para o Samuel e beberíamos cerveja quente enquanto chorávamos pelas nossas ex's. Mas esse não foi o final da história, eu e Nadia estamos namorando.

Desço as escadas de casa com um sorriso no rosto, minha mãe parece surpresa quando me vê. Beijo seu rosto e ajudo com a organização da mesa. Ela estranha.

— Filho, você me disse mais cedo que o Ander está bem, mas esse sorriso não estava no seu rosto. O que aconteceu? — seus olhos demonstram preocupação.

Eu sorrio e respondo:

— Mãe, eu estou namorando! Consegui me entender com a Nadia.

Ela fica em silêncio por um longo tempo, quando resolve falar parece cautelosa.

— Ah, meu filho! Como vocês vão namorar à distância? Você sabe como essas coisas são difíceis. - diz minha mãe.

— Seria ainda mais difícil se eu não tivesse feito nada, mami. Ela é o amor da minha vida.

Ela me olha nos olhos, como se estivesse lendo por trás da minha alma e balança a cabeça em afirmação.

Venci essa batalha.