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J Ú L I A  M O R A I S

Pelo jeito que Bruna andou essa manhã, a conversa dela com o Gael não foi boa. 

A casa está silenciosa, Taila capotou na cama por ter ficado acordada até de madrugada, Rafa e o Renan estão no quarto, Bruna está na casa da Sabrina.

Falei um pouco com meu padrasto e agora estou sentada vendo um filme qualquer.

A porta é aberta. Caique entra.

— Boa noite morena.

— Boa noite.

— O que aconteceu com o povo dessa casa?

— Saíram.

— E a Rafa? Tá na casa do Renan?

Ouvimos um tapa e depois gemidos.

— Gostosa. – Ouvimos o Renan dizer.

— Isso responde a sua pergunta?

Caique ri baixo.

— Caralho mano. 

— Meu Deus. 

— Me fode vai. – Rafa literalmente grita.

— Vamos sair daqui velho.

Levanto do sofá e coloco meus chinelos.

— E sua irmã?

— Vai por mim, Taila tem um sono pesado se ela acordar vai ser um milagre.

Caique e eu descemos para a parte de baixo do prédio, ficamos andando por ali.

— Eu nunca vi ele todo. – Comento.

— Tem nada de importante, mas tem uns lugares bons pros adolescentes ficarem.

Dou risada.

— Aposto que você era muito pegador.

— Não vou negar.

Reviro os olhos.

— E você?

— Eu. — Suspiro. — Nunca fui muito de pegar ninguém.

— Vai me dizer que é BV? — Ele cruza os braços.

— Não. — Dou risada. — Beijei apenas uma boca a vida inteira.

Chegamos num parquinho.

— Seria inconveniente se eu perguntasse quem foi?

— Não. 

— Quem teve esse privilégio e perdeu?

— Um namorado que eu tive na época da escola.

— Namorou apenas na escola?

— Ficamos juntos por 7 anos. – Subo os ombros. – Tudo um dia acaba.

— Eu também tinha um amor, nossa parece muito brega falar desse jeito.

— Achei bonitinho.

— Vou usar sempre agora.

— Para de graça. – Empurro seu braço.

— Fabiana, é o nome da mãe do meu filho, eu e ela temos uma história bem longa.

— Você ainda gosta dela?

— Se eu negasse seria mentira.

Dava para ver que ele sentia algo muito forte por ela.

— Seria inconveniente se perguntasse porque não estão juntos? – Refaço sua pergunta.

— Simplesmente porque somos explosivos, temos o mesmo nível de temperamento e acabamos concordando que não seria bom para nosso filho.

— Vocês foram sensatos.

— É.

— Mas?

— Eu quero que ele cresça com uma família unida.

— Ele vai ter isso. – Toco em sua mão. – Não ache que só porque se separou que o laço de vocês acabou, vai por mim meu pai depois que se separou da minha mãe nunca me ligou de volta. – Sorrio triste. – Eu aprendi a saber que nem tudo irá ser tão perfeito.

Caique ficou me olhando.

— O que? – Dou uma risada sem graça. 

— Nada... – Ele olha para o outro lado. – E que tu parece ser tão diferente.

— Diferente?

— Sei lá, cê me deixa todo vulnerável.

— Ah para.

— É sério. – Ele volta a olhar pra mim. 

— Esse é meu jeito.

— Eu gosto dele. – Seu rosto se aproxima do meu.

— Mesmo? – Acabou sendo hipnotizada pelo seu olhar.

— Pra caralho. 

Ficamos nós olhando por uns segundos até que sinto sua mão firme puxar minha nuca, não demora para ter seus lábios no meu, de início eu tentei resistir, mas a doçura do teu beijo me viciou de uma forma rápida, a sua leveza e vontade para aquilo me deixou cada vez mais a vontade para continuar a beijá-lo, aperto sua blusa me afundando no delírio que era aquilo. 

Seu celular acaba tocando e ele deixa uns selinhos antes de pegar para atender.

Ele se afasta e eu fico que nem uma boba refazendo a cena na minha cabeça.

— Eu tenho que ir na casa da Fabiana.

— Ok. – Respondo. – Eu vou subir.

Puta que pariu, eu não acredito que fiz isso.


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