Parte Dois

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Após a limpeza que ambos fizeram na última semana dentro de um dos cartéis clandestinos, junto a fábrica de entorpecentes no subúrbio da cidade, o presente que o alvo se encontrava recebendo agora, estava sendo bem mais do que merecido.

Se soubesse que ganharia um mimo como aquele no final de mais uma semana complicada e regada trabalhos, certamente ele faria tudo outra vez, em partes, sempre que pudesse.

Mesmo com o tão conhecido pesar que o próprio sentia se acomodar dentro de sua garganta quando o mesmo se envolvia no meio de todas aquelas situações.

Hidan odiava sentir seu coração pesar em meio a tantas irreversíveis ações. Detestava ver e analisar tudo que fazia ou deixava de fazer com seu o lado emocional ao invés de dar ouvidos a sublime voz da razão. Mesmo ela não sendo tão pertinente na maior parte de seu tempo.

Na verdade, para ser sincero, ela costumava a ser quase inútil já que o mesmo não costumava ser o tipo de pessoa que gostava de seguir regras explícitas e cheias de detalhes impertinentes. Para ele, o principal era sempre chegar e fazer, sem enrolações ou firulas desnecessárias. Mas era certo que ser pago para tirar a vida de uma pessoa nunca foi algo que lhe trazia orgulho ou felicidade.

No entanto, era evidente que, para sua infeliz realidade, o feito dele ter dado um disparo ou dois na cabeça de um idiota ou outro qualquer, no lado sul daquela cidade a poucos dias atrás, que ele agora poderia estar tendo o direito especial de poder desfrutar do amargo prazer que era ter mais um doce dia de vida dentro dessa tão preciosa e amada terra.

Chegava a ser ironia, principalmente para seu coração que o julgava como não merecedor de tal misericórdia. E lá no fundo Hidan sabia que ele concordava com tudo em que sentia sem precisar pensar. Apesar disso, o menor tinha ciência de que logo após as suas ações, viriam um específico tratamento especial para apartar seus pensamentos de pesar. E estar recebendo um agrado como aquele no momento, talvez nunca tenha valido tão bem.

Dadas as suas controvérsias na companhia de seus julgamentos tão pessoais.

Kakuzu sempre soube como o acalmar ou o recompensar da maneira certa depois daqueles momentos tão tensos.

Seja com afagos o envolvendo em seus braços, tocando em sua pele de maneira tão amável podendo sentir o carinho seus dedos entrelaçados, ou até mesmo em ocasiões mais intensas como aquela em que se encontravam no momento.

Decerto que tudo vinha na medida apropriada e no momento correto. A medicação seguia de acordo com a prescrição indicada para ambos. Nada em que não quisessem realizar, sempre respeitando seus espaços de tempo e suas vontades, pois as vezes somente a companhia silenciosa um do outro bastava.

O maior, mesmo com a vida que levava, nunca o desrespeitou. Inclusive com sua personalidade fechada demonstrando certa rudeza aos desconhecidos, ele sempre o tratava bem e com devida ternura. Hidan amava aquele lado tão pessoal do outro. Aqueles olhos verdes que eram tão indecifráveis para alguns, sempre expressavam tudo que necessitava ser dito para seu amado em uma fala silenciosa que só o alvo compreendia. E para Kakuzu, Hidan não era muito diferente.

Ambos se completavam como ninguém.

Hidan nunca gostou da vida em que levava. Principalmente ter sentido o temor que foi ver um desgraçado qualquer apontar uma arma para cabeça de seu namorado. Não pensou duas vezes antes de ir defendê-lo, quase colocando tudo a perder naquela noite de conflitos quando segurou todas as lágrimas dentro de si, junto de todo o desespero que ousou tomar conta de seu corpo naquele momento.

Certamente aquela cena ele não desejaria repetir jamais.

Nunca mais...

Ele sonhava dia após dia, em sair daquela vida o quanto antes. Não queria esperar ser tarde demais. O alvo já tinha perdido as contas de quantas foram vezes que somente a lua, na companhia das nuvens e constelações no céu, foram as únicas testemunhas de suas súplicas silenciosas por um lugar qualquer afastado de tudo aquilo. Somente desejava passar o resto de seus dias tranquilo ao lado de Kakuzu e nada mais.

O que você faria sem mim?Onde histórias criam vida. Descubra agora