Capítulo Um - As escondidas.

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Eu sei o que parece. Mais uma história sobre uma garota popular que desapareceu. E eu tenho certeza que você já viu pelo menos um filme ou série sobre isso. Mas pasmem; realmente aconteceu.

Mas diferente do comum, eu a conhecia. Mais do que só por nome ou por vista. Eu realmente a conhecia. Diana Blackwell era uma garota comum, assim como eu. Não pense que estou usando verbos no passado por ela estar morta, isso não tem relação alguma. Mas a minha história com ela realmente aconteceu — há muito tempo.

Todos os dias brincávamos no quintal da minha casa, principalmente quando o dela estava ocupado com as tralhas do irmão mais velho. Eric costumava importunar cada um de nós (as crianças) da vizinhança. Ele gostava de assustar quem ele conseguisse diariamente, no Halloween já nem havia mais graça. Mas não Diana; ela sabia contornar cara brincadeira dele, ele nunca tinha sucesso em pregar uma peça que ela não descobrisse. E ela sabia quando ele falava sério, o que sempre admirei na pequena garotinha com cabelos castanhos. A palavra medo era desconhecida em seu vocabulário, e me lembro perfeitamente dela me levar para a praça que ficava perto de noite, sem nossos pais saberem. Era incrível, e ali, foi o meu primeiro beijo. Eu não gostei, foi rápido demais. Diana não ligou, disse que amigos se beijavam e que nem sempre era tão bom, mas que eu deveria esquecer e lembrar que éramos apenas amigos.

E eu? Nunca esqueci.

Um belo tempo depois, nossas famílias resolveram se mudar juntas. De Chicago a Nova Iorque.

Até hoje me recordo com perfeição de como foi o nosso dia na escola nova. Os melhores amigos já não eram mais inseparáveis depois de alguns dias. E hoje, eu entendo que Diana se tornou o que é por minha causa. Só não sei se ela estava feliz ou triste quanto a isso.

Os adolescentes podem ser cruéis. Eles foram com ela. Enquanto eu comia com os meninos que seriam futuras estrelas do futebol, ela se dedicava ao clube de biologia, a única matéria extra na qual foi aceita naquele semestre, já que as outras estavam lotadas. E minha rotina se tornou mais distante nas semanas seguintes. Meus pais se mudaram do apartamento inicial para outro lugar, e a família de Diana também. Seu pai ganhou uma promoção, o meu foi demitido.

E no ano seguinte, nas férias de verão, ela estava com a bele bronzeada, os cabelos loiros e com as unhas perfeitas. Seu coro tinha se desenvolvido, e minha mãe foi embora. Precisei sair do time de futebol, arrumar um emprego para sustentar os remédios do meu pai. Ele faleceu algumas semanas depois, e fui morar com a minha avó pelo resto do ano. Mas quando voltei, ela já era a maior estrela do colégio. Nova Iorque estava pronto para ela, e agora tinha seus próprios demônios com quem lutar. E claro, estava mais linda do que nunca.

E aqui estamos nós, no último ano. Primeiro semestre. Enquanto eu como um sanduíche de pasta de amendoim, pessoas deixam flores e cartões no armário dela. As várias rosas me deixam enjoado — ela gostava mais de girassóis, e acreditava que as rosas eram clichês demais para alguém tão avançada quanto ela. Eu ri dos meus próprios pensamentos e lembranças. Eu sinto sua falta, Daiana.

— O que está fazendo? — minha atenção é fisgada pela voz de Beatrice Landon, que estende sua mão branca para mim.

— Apenas analisando o quão patéticos eles são. Se essas pessoas a conhecessem, saberiam que provavelmente ela gosta de outro tipo de flores ou chocolate — dei de ombros. — E claro, ela pode não estar morta.

— Estão falando sobre o que? — perguntou Zick, se aproximando.

Meus dois melhores amigos e eu tínhamos a melhor sincronia do mundo; os três excluídos e mais patéticos de toda a escola. Sempre aparecíamos juntos nos mesmos lugares, como se sentíssemos que devêssemos estar ali.

Midnight SunOnde histórias criam vida. Descubra agora