Cap. 8 - O Noivo da Ruiva

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Karlayo trajava sua longa capa preta naquele dia frio e nublado. Montado em sua égua Canela, ele seguia até o orfanato da cidade.

- Gostaria de falar com a madre Dulce, por favor.

- Está bem. Irei anunciar sua chegada, senhor Karlayo. - Uma das freiras que cuidava da recepção lhe diz sorrindo. - Se quiser pode aguardar na sala de espera.

- Claro, se não houver nenhum visitante. Porque não queremos que o orfanato sofra algum tipo de represálias por ganharem mantimentos de nossa vila.

- Não, não, imagina. Pode ficar tranquilo. Se as pessoas tivessem ao menos a metade da bondade da aldeia de vocês, não teríamos tantos órfãos passando necessidade e não precisaríamos ficar mendigando por ajuda.

- O mundo hoje está complicado mesmo. Cada um só pensa no próprio umbigo. Mas pelo menos nós tentamos fazer do mundo um lugar melhor, não é mesmo?

- Sim. - A freira fica pensativa, mas logo muda de assunto. - Enfim, pode aguardar na outra sala. Só tem uma moça no pátio com as crianças. Ela é a neta de dona Gertrudes, a confeiteira, que também nos trás mantimentos todo mês, além de doces e pães que as crianças adoram. - Ela diz enquanto sai de seu posto para chamar a madre superior.

Karlayo adentra na sala de espera, que possui alguns bancos de madeira e uma mesinha com uma botija de água, um relógio cuco na parede, e várias pinturas feitas pela criançada. Várias delas de uma moça de capa vermelha e cabelos ruivos com as crianças ao seu redor. O rapaz sorri com os desenhos criativos.

Ele espiona pela fresta da porta, e vê as crianças no pátio do refeitório, tinham acabado de almoçar. Órfãos de todas as idades, desde bebês à adolescentes quase completando a maioridade. Mas em meio aos órfãos, uma figura de capa vermelha se destacava. Era a moça ruiva que a irmã havia mencionado. Ela distribuía doces como sobremesa.

- Uau! - Karlayo fica encantado com sua beleza, e fecha a porta rapidamente ao ouvir uma voz suave atrás de si.

- Boa tarde, senhor Karlayo. - Ele se vira dando de cara com a madre.

- Boa tarde, madre Dulce. Como a senhora está?

- Estou bem, graças ao nosso bom Deus, obrigada por perguntar. E sua avó?

- Está bem. - Ele responde meio sem graça por ter sido pego espionando pela porta. - Trouxe os mantimentos do mês. Farinha, frutas, verduras, leite e carnes. Não é muito, mas é de coração.

- Agradecida, senhor Karlayo. Você é um menino de ouro.

- Imagina, madre. Trago em nome de toda a aldeia. Sempre que pudermos, iremos lhes ajudar.

...

Com o passar dos meses, Karlayo optou por levar os mantimentos ao orfanato nos dias em que a moça ruiva ali estaria. Com cautela, o rapaz Lupi apenas a observava de longe o quanto ela era amável, doce e gentil com os pobres órfãos.

Ele começava a nutrir algo por ela, porém era tímido demais para se apresentar, e também tinha receio dela sentir algum repúdio por ele ser um Lupi. Desta maneira, lhe restava apenas observá-la e admirá-la de longe.

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