Prólogo

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" vocês ouviram?"

" que teve novos alunos transferidos?"

 Mal começou o dia e minha cabeça dói-a de tanto ouvir de gente que eu ninguém nem tinha certeza se existia, tinha tanto rumor, que se falassem que eles tinham dente de ouro alguém acreditaria, as pessoas estavam ouvindo qualquer coisa que alguém falava, parecia que não tinha diferença entre verdade e mentira. A maior possibilidade ali era que eles não existiam pois já estávamos na aula de geografia há 15 minutos e apenas existia os fantasmas desses garotos, eu não podia ver eles, mas pareciam que eles estavam lá por causa de tanta gente falando deles.

Eu respirei profundamente enquanto me endireitava na cadeira, geografia? sério? se eu tivesse lembrado que a primeira aula era de geografia, teria me demorado ao me levantar da cama, me espreguiçaria por mais tempo, jogaria algum jogo de ritmo e ficaria tendo um pensamento profundo se tomava banho ou não. Geografia realmente não entrava na minha cabeça, poderiam perguntar o mais básico da geografia, algo tipo como qual é a forma do relevo depressão, eu diria que sofro com depressão todo dia, as palavras do professor entra por um ouvido e escorrega pelo outro sem eu nem perceber, eu realmente não sou de humanas, no minimo gosto de filosofia e sou boa em inglês.

 Encarei o teto, rezando para aquela aula acabar logo, cada minuto que o ponteiro andava era uma comemoração interna minha, enquanto meu foco era totalmente sugado pelo relógio que somente eu ouvia na parede, eu ouvi a porta se abrir e a sala virar literalmente um túmulo, ninguém falava nada, provavelmente estavam ocupados demais com seus próprios pensamentos, aquela quietude me incomodou mais do que o barulho das pessoas cochichando atrás de mim, virei meu rosto no momento em que o professor falou em um tom meio bravo com alguém, e me deparei com dois garotos com estaturas aproximadas, um deles tinham um cabelo meio avermelhado escuro, mais puxado para o vinho e outro com cabelos azuis escuros que se você encare-se de longe provavelmente acharia que eram pretos, o com cabelo tingido de vinho empurrava seu óculos sobre o nariz e sorria pedindo desculpas ao professor educadamente,  enquanto o 'azulado' encarava tudo de braços cruzados, mesmo sem olhar direito eu ouvi o professor bufar, se contendo para não brigar com os novatos, apenas pediu para eles se sentarem. O de óculos agradecia enquanto se dirigia para algum lugar que pudesse se sentar, e os cochichos voltarem como grilos durante a madrugada quando você tenta dormir e eles parecem estar tão longes, mas parece que estão gritando em seu ouvido. Me sentei na cadeira de um jeito que prejudicasse minha coluna e encarei o teto tentando apenas pensar em nada, pelo canto do olho eu vi um dos dois me olharem de canto e então eu ouvi o som de uma cadeira próxima e arregalei os olhos, me virei rapidamente e me perguntei " aquelas cadeiras estavam vazias?"

- vocês vão se sentar aí ? ! - perguntei um pouco mais exaltada do que gostaria, enquanto falava sentia todo tipo de olhar sobre mim, de pessoas que gostariam de estar no meu lugar ou os olhares deles, um deles sorriu e me disse:

- por quê se incomoda? o lugar é seu? - sorriu semicerrando os olhos e se virou enquanto movia uma das mãos - não sabia que tinha propriedade privada em relação as cadeiras, gostaria que eu me sentasse em algum outro lugar?  - ele falou de um jeito, com um tom que parecia que estava me dando flores e um bombom de chocolate

Eu fiquei sem reação, de tudo que falavam, ele ser desse jeito foi algo que passou longe da boca e da mente das pessoas, me virei e cruzei os braços me afundando na cabeça sussurrando um "idiota"

 - vou considerar isso como um "sim" - falou enquanto se sentava - obrigado

se ele falasse só mais um piu ou eu desceria ele na porrada ou me sentaria no chão e iria tentar fazer alguma meditação, qualquer coisa pra não ir pra direção. Enquanto massageava minha cabeça nas laterais, eu ouvi a voz deles, antes que prestar mais atenção na aula, que parecia ser mais interessante que isso, eu ouvi um deles dizer 

 - precisava agir assim?

 - você sabe que não era isso que eu planejava -ouvi o arrogante dizer - considere isso tudo como consequência dos seus atos

  - sabe, falando sério Ibara - ouvi um suspiro do outro garoto - você deveria confiar mais em mim

   - não vou te ajudar com isso, já falei que não quero me envolver em nenhum assunto pessoal seu 

 Ibara, então era esse seu nome? eu fiquei pensando sobre o que eu ouvi que acabei não percebendo quando o sinal tocou, sinceramente me irritei com isso, por quê eu estava pensando sobre isso? Isso não é um assunto meu, não têm pra quê se meter ou pensar nessas coisas, preciso distrair minha mente, esfriar minha cabeça. E foi com esses pensamentos que passei o intervalo inteiro jogando jogo de ritmo

- caralho, vamos la porra - eu não pensava no que eu dizia, eu apenas estava sem a função de pensar antes de falar - puta que pariu - comecei a falar mais alto sem perceber, única coisa que eu conseguia ouvir era a música alta que habitava em meus fones, com a função de prejudicar minha audição, pois eu não estava ouvindo minha própria voz, então uma incrível vontade de morrer me inundou quando eu gritei com os olhos marejados por conseguir um full combo numa das minhas músicas favoritas. Eu estava tão feliz que não percebi eu havia chamada muita atenção, até de quem eu não queria, quando abri meus olhos me deparei com aqueles olhos levemente azuis? os olhos deles são azuis? Voltei a realidade quando vi ele segurar uma risada na gargante, aquilo parecia que haviam jogado água quente nas minhas orelhas, elas estavam derretendo, rapidamente encarei qualquer coisa ao meu redor, como se eu pudesse esconder meu rosto dele, fiquei pensando em várias formas de morrer ali mesmo, porém o sinal tocou, eu apenas sai do meu jogo ritmo e me auto consolei

                        " Só falta apenas alguns horários "

Eu não acreditava que eu iria sobreviver até o final do dia, mas tinha que pensar que tudo daria certo ou eu surtaria, cheguei na sala de aula e chorei internamente, História. Quando me sentei na minha cadeira imediatamente comecei a rezar pra qualquer tipo de divindade que pudesse me ajudar, eu só queria sair dali, eu apenas queria que tudo aquilo acabasse. Em um pensamento distante eu apenas conseguia ouvir as pessoas em outra língua desconhecida por mim, porém eu ouvi algo muito familiar, que era impossível confundir

                             " Maria Clara Vieira "

Levantei a cabeça tão rápido que recebi uma tontura como parabenização, encarei a professora e ouvi outros dois nomes

    - Jun Sazanami e Ibara Saegusa, vocês serão o grupo 4 

Virei meu rosto tão rápido que pude ver de relance o rosto do tal 'Ibara' levemente surpreso também, aparentemente nem ele, o mente brilhante, O estrategista, conseguiria prever algo assim, porém sua feição logo mudou quando encontrou meu rosto, ele abriu um sorrisinho e deu uma leve risada, aquilo me fez querer levantar da minha cadeira e arrancar todos os dentes daquela boca maldita, mas porque meu coração está tão acelerado? Provavelmente é infarto. 

Cavalo de TroiáOnde histórias criam vida. Descubra agora