"Espero que não demore muito..."
Estava frio, mas não tanto, já que o rapaz já estava preparado para isso e havia levado agasalhos para vestir durante o voo. Sentia seu estômago doer um pouco devido a ansiedade para chegar logo a seu destino. Theo, um rapaz de estatura média (um pouco baixo na verdade), quase anêmico de tão branco e de longos cabelos castanhos claros, estava rumando ao local onde iria passar o resto de seus anos letivos.
No meio de seu primeiro ano (começo do segundo semestre para ser mais exato), Theo havia ganhado uma bolsa para estudar o resto de seus anos numa renomada universidade de artes em Ottawa, Canadá.
Uma senhora roncava do seu lado, não demorou muito também para que ela deitasse a cabeça no ombro do rapaz, de maneira que fazia o rapaz encara-lá como quem pensava, "é, não tem jeito...". Pra piorar sua situação um bebê não parava de chorar no banco de trás, enquanto aparentemente seu irmão mais velho que tinha algo entorno de 7 anos, corria pelos corredores. A mãe segurava o bebê tentando acalma-ló enquanto estendia a cabeça para o corredor, pedindo para seu filho parar correr.
— É, vai ser uma longa viagem... — Dizia enquanto pensava em como podia ajudar aquela mãe, no lugar dela ele já teria jogado o mais velho pela janela, afinal o bebê não tem culpa de só comer, chorar e em palavras bonitas, defecar.
"Ok, e como poderia ajudar essa pobre mãe sem arremessar o filho dela em algum lugar?..." Estava sentado em seu assento ainda com a senhora deitada em seu ombro, tentou mover a cabeça da mesma para o apoio de seu assento, após um tanto de esforço, ela finalmente cedeu e encostou sua cabeça em seu próprio assento.
— Com licença... Tem algum modo de te ajudar? — Dizia virando a cabeça para trás e olhando a mãe ainda tentando acalmar seu filho menor.
— Ah... Não precisa se preocupar com isso... MAS SE QUISER VOCÊ PODE SEGURAR ELE SÓ UM POUQUINHO PARA EU IR TENTAR CONTROLAR O OUTRO?! — É pra quem disse que não precisava, ela até que estava bastante interessada na ajuda oferecida pelo rapaz.
— Certo... — A mulher se levantou e entregou o bebê para o rapaz, já que a senhora estava bem recolhida em seu assento, aparentando ter um bom sono. De qualquer forma, o rapaz segurou o bebê enquanto o mesmo encarava-o e logo começava a chorar.
— Toma, ouve isso. — O rapaz colocou um dos fones no bebê e... QUE TIPO DE LOUCO COLOCA UM FONE NUM BEBÊ? Enfim, abaixou bastante o volume e colocou "Cinnamon Girl" pra tocar em seu fone. Incrivelmente depois de um tempo o bebê parou de chorar e depois de mais um tempo a mãe volta segurando a mão de seu outro filho. Não demorou muito para o jovem tirar o fone do bebê ao ver a mãe se aproximando.
— Obrigada! Muitíssimo obrigada! — Dizia a mãe se curvando um pouco para agradecer o rapaz de ter ficado com seu filho durante esse tempo. Ela segurou o mesmo e voltou a seu assento.
O resto da viagem foi tranquila, o rapaz chegou a dormir um pouco enquanto ouvia música e olhava para janela, se distraindo facilmente com as nuvens. Depois de algumas horas dentro do avião, o mesmo chegava ao aeroporto internacional de Ottawa.
Não havia ninguém esperando por ele no aeroporto, mas ele tinha uma boa noção de pra onde ir. Um amigo que havia estudado todo ensino médio com ele tinha um apartamento em Ottawa. E como o rapaz sabia o exato endereço do apartamento de seu amigo? Simples, o mesmo já havia comentado a exata localização com ele enquanto conversavam, e por sorte, Theo, não apagava uma mensagem se quer da maioria das conversas do seu celular.
Após algumas horas andando com uma mochila e suas malas, o rapaz chega ao prédio em que seu amigo morava. Era um prédio simples, tinha uns 5 andares, era cor de tijolo com janelas pretas. De fato era simples, mas bastante charmoso, tendo escadas externas que se ligavam com as varandas de cada andar. Falando em varandas, aparentemente haviam dois apartamentos por andares, já que dava pra ver duas varandas por andar.
Não havia porteiro, nem interfone, então apenas se aproximou do pequeno portão no gradeado que cercava o prédio, estava aberto então o rapaz já foi entrando. Passando por um caminho de pedrinhas no meio de um jardim um tanto simples, o mesmo entrava no térreo do prédio, onde havia um mural de avisos, um sofá com duas poltronas ao lado, uma mesinha de centro e um elevador ao fundo.
Já tinha em mente o andar em que seu amigo morava, ao que o garoto lembrava era o quarto andar. Entrou no elevador e apertou no botão, não demorou muito pra que o elevador chegasse ao andar certo, apesar de parecer bastante velho e lento, o que era um charme de certa forma. Ok, agora faltava apenas acertar o apartamento... 401 ou 402? De qualquer forma, não faria mal errar uma vez.
Deu três leves batidas na porta do 401, esperou um pouco e...
— QUE É, PORRA? — Logo a porta se abria, o rapaz foi atendido aos gritos por uma jovem morena de cabelos cacheados escuros. A mesma usava um short um tanto desgastado e uma camisa larga.
— Então... Eu tô procurando um amigo meu... Micael... — Disse o rapaz um tanto espantado com a agressividade gratuita da garota.
— Hm, desculpa, achei que fosse outra pessoa. Ah... Micael? — Ela não pareceu se arrepender nem um pouco da agressividade de antes, inclusive deu uma risada breve entre uma frase e outra.
— É, Micael. — Dizia enquanto olhava a garota, pensando naquele papo de "não faria mal errar uma vez". O rapaz ainda estava plantado na frente da entrada da casa da garota.
— Nenhum Micael mora aqui e-.... — Ao tentar completar a frase, a garota foi interrompida por um abrir de porta atrás do rapaz com quem falava.
— Me empresta uma-...
— Não! CARALHO, TODO DIA ISSO. — A garota parecia realmente frustada, talvez fosse isso que ela estava esperando quando Theo bateu em sua porta.
Theo se virou para ver o que estava acontecendo e se deparou com uma figura familiar, o amigo que ele estava procurando.
— MICAEL! — Disse olhando surpreso para ele enquanto tentava esconder um sorriso um tanto sarcástico.
— Ah não, velho... — Disse o rapaz moreno, mais alto que os dois ali, com um cabelo que a melhor maneira de descrever seria "um cabelo curto que está grande e sem corte". O Rapaz até se esqueceu de que ia pedir algo para a garota e já entrou em sua casa fechando a porta.
— Micael? AHHHHH! Ok, vamos entre um pouco pra conversar. — Dizia a garota.
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Artisticamente Estranho
Teen Fiction"Hm? Então nenhum deles presta..." Pensou enquanto olhava seus novos "colegas" de turma... Ao final de seu primeiro ano cursando artes, Theo, é transferido para outra faculdade, onde irá iniciar seu segundo ano letivo...