Death Game

- Sejam muito bem vindos a primeira edição do Death Game! – Anunciou um homem com um entusiasmo contagiante. Ele era uma figura peculiar. Baixo, um pouco acima do peso, com um paletó roxo cobrindo seu corpo redondo, e um chapéu, igualmente roxo, cobrindo uma cabeça que provavelmente já não tinha muito cabelo há alguns anos. – Eu quero parabenizá-los por terem sido os escolhidos para essa competição incrível que vamos iniciar agora. Tenho certeza de que todos estão muito empolgados.

Havia cinco pessoas paradas em sua frente. A grande maioria não demonstrava a mesma empolgação, exceto por um homem. Magricela, beirando os dois metros de altura, vesgo e com cabelo bagunçado, ele pulava no lugar e parecia não conseguir se conter.

- Eu to muuuuuito feliz de estar aqui, não consigo nem acreditar. Minha mãe deve tá chorando demais agora junto com a minha cachorrinha Suzi. Ai meu deus, será que estamos aparecendo na televisão? – Ele falava de uma maneira frenética sem conseguir esconder suas emoções. Era meio desengonçado e seus braços longos o faziam parecer um boneco de posto. – Muito prazer em conhecer todos vocês amigos, meu nome é Eddy, e muito mais do que ganhar, eu quero ser amigo de todos vocês, aprender a dançar e fazer inveja no meu primo.

- Muito agradecido pelas suas palavras Eddy... – O homem do paletó roxo interveio com um sorriso falso, evitando que passassem as próximas três horas ouvindo um atropelamento de palavras e histórias aleatórias – Quem será o próximo a se apresentar?

- Pode ser eu – Um garoto, de no máximo uns vinte anos, deu um passo a frente. Cabelos castanhos, corpo definido e uma feição determinada e focada. – Meu nome é Gary. Eu sou uma pessoa extremamente competitiva e determinada a alcançar os meus objetivos. Desde agora quero dizer que respeito muito todos vocês... – Ele olhou nos olhos de cada pessoa ali presente e proferiu decidido – mas eu vim aqui pra ganhar.

O homem do paletó roxo soltou uma gargalhada.

- Muito bem Gary, é exatamente esse o espírito do Death Game. É um jogo que pode mudar suas vidas para sempre, então eu não espero nada menos do que isso e vocês – Ele arrumou o chapéu em sua e cabeça e continuou – Por que não vai você agora, Jack?

Um homem com cabelos negros cobrindo os olhos pigarreou e deu um passo a frente. Seu corpo, aparentemente, era normal e sem nenhuma grande vantagem física. Ele levava uma expressão distante, despida de emoção, quase como se estivesse desprezando aquele momento.

- Meu nome é Jack – Uma voz fria saiu de sua boca e se calou prontamente. Ele recuou um passo e voltou ao seu lugar de origem. A única coisa que se pôde ouvir a seguir foi o sopro do vento que se intensificou e evitou que o silêncio reinasse.

Depois de vários segundos, o homem do paletó de recompôs:

- Ótimo Jack, muito boa apresentação. Quem irá a seguir? – Ele elevou a voz tentando trazer novamente empolgação ao ambiente.

- Muito bem amigos. Chegou a minha hora. – Um homem carregando uma bolsa deu um passo a frente. Ele exalava um confiança acima do normal e olhava para todos com um sorriso estampado no rosto. Estava com uma camisa branca elegante e uma calça marrom. Mas sua bolsa era o que mais chamava atenção. Era relativamente grande e aparentava estar cheia de bugigangas. – Chegou o dia em que vocês terão o prazer de conhecer o grande Stanley. Estou dando a chance única de aprenderem comigo e lutarem pelo segundo lugar desse jogo. Tenho certeza de que será muito emocionante de acompanhar.

Após terminar sua fala, pareceu que ele ficou ainda alguns segundos parado no centro, esperando que palmas viessem ou algum elogio, ou pedido de autógrafo. Mas como nada aconteceu, ele voltou sorrindo e acenando para o seu lugar.

- Certo... – O homem de paletó estava meio confuso com o que estava vendo, mas logo seguiu adiante e chamou o último participante – E você, quem é?

O último homem, porém, não se mexeu. De longe, ele era a figura mais exótica daquele local. Cabelos negros em formato de tigela desciam até quase a altura de sua sobrancelha. Seus olhos eram grandes, vidrados e negros. Ele vestia uma roupa totalmente laranja, desde a calça comprida, até a camisa de manga. Parecia estar paralisado.

- Está tudo bem? – O homem do paletó tornou a falar, depois de quase um minuto de silencio. – Pode se apresentar?

- Meu nome é Kabasaroto Kimichitachi Goiorarai. Ou apenas Kabasaroto. Muito prazer. – Sua voz era fina como a de uma mulher e sua expressão permaneceu a mesma, com os olhos vidrados em algo a sua frente.

- Ele é um robô? – Gritou Eddy ao seu lado

Kabasaroto permaneceu parado. Stanley não conseguiu segurar a risada. O homem do paletó, então, deu vários passos na direção deles.

- Muito bem. Agora que todos se apresentaram, chegou a minha vez. – Ele ajeitou o chapéu e tornou a falar – Meu nome é Palmer, eu sou o criador e apresentador desse jogo. No Death Game, vocês enfrentarão várias provas perigosas, envolvendo os mais variados desafios e obstáculos, onde, um a um, vocês cairão, até sobrar uma única pessoa, forte e corajosa, para ser a grande vencedora do jogo e levar para casa o prêmio de cinco milhões de dólares. Mas não se enganem, já adianto que será bem complicado. Como vocês podem ver, estamos em um lugar bem hostil.

Foi a primeira vez em que os participantes, de fato, prestaram mais atenção sobre onde estavam. Era uma enorme clareira, no meio do que parecia ser uma extensa floresta, com uma densa vegetação e um visual bem assustador. Ao fundo, no horizonte, era possível ver o contorno de algumas grandiosas montanhas se perdendo em meio a névoa.

- Onde estamos exatamente? – Perguntou Gary

- Vocês vão descobrir em breve. – Palmer esboçou um largo sorriso e anunciou novamente entusiasmado – Agora vamos, me sigam. Vamos começar a primeira prova do Death Game.