O MAIS ANTIGO TRATADO MILITAR DO MUNDO
Pouco importa saber se Sun Tzu existiu ou é uma figura lendária. O fato é que um texto que remonta à turbulenta época dos Estados Guerreiros da China, há quase dois mil anos, chegou até nós, trazendo as ideias de um filósofo estrategista que certamente comandou e venceu muitas batalhas, se acreditarmos no comentarista Se-Ma Ts'ien, do século I a.C, cujo texto apresentamos mais adiante.
A tradução que ora publicamos é uma da muitas versões existentes. Ela foi feita pelo missionário jesuíta Amiot em 1772, sendo a primeira versão que se conhece no Ocidente. O Padre Amiot deixou de lado os comentários que foram acrescentados aos versículos, ao longo do tempo, por vários comentadores chineses. A tradução para o inglês de Lionel Giles e Samuel B. Griffith contemplam esses comentários – lendas, fábulas, exemplos históricos, explicações, interpretações – que estabelecem um dialogo hiper textual com Sun Tzu.
Compulsando-se a variedade de versões existentes, observa-se que o texto tornou-se um palimpsesto que, dois milênios depois, ainda conserva seu fulcro original e sua dicção aforismática e oracular.
Embora as táticas bélicas tenham mudado desde a época de Sun Tzu, esse tratado teria influenciado, segundo a Enciclopédia Britânica, certos estrategistas modernos como Mao Tsé-tung, em sua luta contra os japoneses e os chineses nacionalistas.
Hoje, o livro parece destinado a secundar outra guerra: a das empresas no mundo dos negócios. Assim, o livro migrou das estantes do estrategista para as do economista e do administrador.
Qual é a originalidade, desse que é o mais antigo tratado de guerra? É que é melhor ganhar a guerra antes mesmo de desembainhar a espada. O inimigo não deve ser aniquilado, mas, de preferência, deve ser vencido quando seus domínios ainda estiverem intatos. Muitas vezes, a vitória arduamente conquistada guarda um sabor amargo de derrota, mesmo para os próprios vencedores.
Com seu caráter sentencioso, Sun Tzu forja a figura de um general super homem cujas qualidades são o segredo, a dissimulação, a astúcia e a surpresa. Esse general deve evitar cinco defeitos básicos: a precipitação, a hesitação, a irascibilidade, a preocupação com as aparências e a excessiva complacência. Para vencer, deve conhecer perfeitamente a terra (a geografia, o terreno) e os homens (tanto a si mesmo quanto o inimigo). O resto é uma questão de cálculo. Eis a arte da guerra.
Em tempos de guerras generalizadas e sub-reptícias como os que vivemos (da guerra dos sexos à das empresas), vale a lição do livro: a primeira batalha que devemos travar é com nós mesmos.
Lendo o trecho a seguir em que Sun Tzu interpela o general, há ou não motivos para refletirmos?
"Lembra-te que defendes não interesses pessoais, mas os do teu país. Tuas virtudes e teus vícios, tuas qualidades e teus defeitos influem igualmente no ânimo daqueles que representas. Teus menores erros têm sempre nefastas conseqüências. Geralmente, os grandes são irreparáveis e funestos. É difícil sustentar um reino que terás levado à beira da ruína. Depois de destruí-lo, é impossível reerguê-lo. Tampouco se ressuscitam os mortos."
Sueli Barros Cassal
VIDA DE SUN TZU, SEGUNDO O COMENTARISTA SE-MA TS'IEN
(CERCA DE 100 A. C.)
Sun Tzu, súdito do rei de Wu, foi o homem mais versado que jamais existiu na arte militar. A obra que escreveu e os notáveis feitos que praticou são uma prova de sua profunda capacidade e de sua experiência bélica. Antes mesmo de ter conquistado a grande reputação que o distinguiu em todas as províncias que integram hoje o Império, seu mérito era conhecido em todos os lugares adjacentes à sua pátria.
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A Arte da Guerra
RandomFilósofo que se tornou general cujo nome individual era Wu, nasceu no Estado de Ch'i na China, próximo de 500 a.C., em um auge das ciências militares e legislativas daquele país. Sun Tzu escreveu a "Arte da Guerra".