Não tenho medo - Pt. 2

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Atenção: o capítulo a seguir pode conter cenas com linguagem inapropriada para menores.

Boa leitura a todxs!

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Monte Hamsan - Seul, Coreia do Sul


Soojin POV


- Shuhua!!! - dei um pulo pra trás quando me dei conta do perigo daquele beijo num lugar público, olhei em volta procurando por alguma reação diferente, mas não enxerguei ninguém.

- M-me desculpa - Shuhua se afastou, mas não tirou o sorriso que ela tinha nos lábios antes.

- Você sabe que a gente precisa tomar cuidado, Shu.

- Ok, me desculpa, é que... eu não me contive, e-eu... eu não esperava - sua voz saiu falhada.

Fitei seus olhos brilhando, sua pele tão branquinha refletindo o restante de luz dourada que o sol havia deixado pra trás e me caiu a ficha do que eu havia acabado de dizer. Não só dizer, como propor. Eu acabei de pedir Shuhua em namoro. Planejei cada minuto, cada passo do dia de hoje, imaginei como seria suas reações, as quais acabaram sendo melhores do que imaginei. Mas terminar o dia namorando... Isso eu definitivamente não tinha planejado. Eu não costumo ser uma pessoa impulsiva, sempre penso antes de fazer qualquer coisa, mas fazer isso naquele momento me pareceu tão certo, que eu não me arrependo nem um pouco desse meu ato impulsivo.

- Tá tudo bem - senti minhas bochechas se esticarem tamanho era meu sorriso também - Então isso é um sim?

- Soojin-ah, não é óbvio? Óbvio que sim - Shuhua não parava de olhar pra minha boca e eu sabia que essa menina doidinha estava prestes a avançar pra um beijo de novo.

- Meu deus, eu não acredito que isso tá acontecendo - falei empolgada - E-eu não sei bem como é namorar alguém, principalmente nas nossas condições - dei uma pausa e minha cabeça já estava a milhão - Você vai ter que ter paciência... E cuidado com os nossos gestos, tudo, e...

- Jjin-ah - Shuhua segurou uma de minhas mãos interrompendo minha fala acelerada  - Calma! Olha, nem acredito que sou eu tendo que pedir calma pra você - ela deu uma risada e eu acompanhei - Mas vai dar tudo certo. Eu prometo ter mais cuidado, e qualquer coisa que acontecer de diferente, nós vamos resolver juntas. Juntas, entendeu? - seu olhar era tão doce e agora eu quem tive que me controlar pra não beijá-la.

Mesmo não aparecendo mais ninguém por ali, e o local aparentemente estar vazio agora, tomamos cuidado com os demais gestos ou toques. Infelizmente, além do nosso país ser um lugar ainda muito preconceituoso com esses assuntos, somos pessoas publicamente conhecidas aqui e não podemos correr o risco de alguém nos filmar ou fotografar em algum momento desses.

Passamos mais cerca de duas horas conversando sobre tudo, desde quais seriam nossas árvores favoritas do lugar, se existe vida fora da terra, e até falamos de lugares que visitaríamos juntas um dia - assunto no qual chegamos à conclusão que seria um ou mais países da América Latina - ou seja, nossos assuntos passeavam de A a Z em questão de minutos.

Eu estava ansiosa para a surpresa final do dia, não sabia se ela iria gostar, ou se estaria tudo como planejei. Até agora, deu tudo certo. Realmente as horas de sono a menos compensaram, pois Shuhua parecia uma criança num parque de diversões pela primeira vez, reagindo a cada surpresa como se fosse a melhor de sua vida. E é claro que ela tentou mil vezes descobrir quais seríam os próximos passos, ou como eu havia planejado tudo isso em tão pouco tempo. E é claro também que eu não havia deixado escapar nadinha. O bom de ter crescido aqui é que conheço lugares onde pessoas de fora não saberiam chegar, e também dei sorte por ter o Sr. Moon, um velho conhecido da família, que já me ajudou inúmeras vezes na minha adolescência, eu sabia que nele eu poderia confiar de olhos fechados, e que ele não contaria nada a ninguém, nem ficaria fazendo perguntas; até porque, eu mesma sei pouquíssimas coisas sobre sua vida.

That certain look - SOOSHUOnde histórias criam vida. Descubra agora