Prologo.

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Sei lá...

Eu sei que todos gostam e amam guitarristas, sempre ditados com pessoas sensuais, com seus instrumentistas maravilhosos, bonitos e catastróficos. Mas isso nunca fez meu tipo. Sou um estudante em técnicas pianísticas, cellista e um aspirante a compositor. Não vou me surpreender com qualquer homem metido, que se acha foda por tocar uns acordes.

Sempre fui muito mais interessado em concertos, em toda a mágica das cordas vibrando em harmonia. Com cantores líricos, com técnicas vocais e interpretações espetaculares. Cuja a emoção espelhada dava pra sentir no fundo do meu âmago. Eu gostava de música como uma ferramenta para viver, para sentir. Então pra mim não tinha nenhuma lógica como todos estavam fascinados pela nova bandinha diferentona.

Fala sério?! Tudo bem eles tinha um som interessante, com um estilo musical alternativo entre os alternativos, com técnica e característica que com toda certeza os afastava de qualquer música da atual industrial. Até parecia que a nova bagunça poderia se tornar uma nova vertente ou gênero, podendo os considerar talvez parte de uma nova espécie de contracultura.

Era interessante, mas não novo, não único, muito menos o melhor. Já tinha composições não finalizadas, com propostas similares e ainda mais disruptivas no meu terceiro ano de Conservatório. Mas isso pouco importava, porque a geração que não sabe o significado da coisificação do homem, só quer saber de aparência e estética. E nisso a banda atendia mais que bem com seu guitarrista tatuado, eboy metido a emo.

Talvez eu tenha traumas com meu primeiro crush na adolescência, que se achava foda por tocar guitarra, e desmereceu ir no meu recital de Violoncelo por quê não era um instrumento legal?

Sim, pode ser.

Talvez seja porque o Guitarrista, emo, das unhas pintadas de preto em manicure, e presilhas coloridas no cabelo, tenha dado em cima de mim. E por acaso eu teria o recusado, o que resultou em uma atitude extremamente infantil sua, como se agarrar aos beijos com Kim Taehyung, violinista metido (desculpa a redundância), encostado em sua moto, na frente do Conservatório, só para se contentar com um falso gostinho de Vitória?

COM TODA CERTEZA!

Não que eu me importasse com muito com esse tipo de coisa, tentando me atingir com esse tipo de atitude insignificante, mas o arrombado, praticamente me difamou. Passou uma versão totalmente distorcida, de como me conheceu para Taehyung. Disse que tinha me conhecido em uma festa, que eu fui o maior babaca com ele, e que era elitista e os caralho.

Nota que ele falou isso de mim, logo eu o violoncelista mais fudido da orquestra que trabalhou/trabalha como assistente de legista para pagar o cello mais vagabundo que tem naquele Conservatório. E que agora está juntando dinheiro pra conseguir pagar finalmente a entrada de um piano decente. Sim, sim eu sou elitista, não é seu namoradinho de merda que só vive usando roupa da Gucci e que nunca andou de metrô.

Se fuder, filha da puta do caralho! Como se não bastasse, Taehyung como um bom filha da puta que é, desculpa, quis dizer violinista, contou pra todo seu grupinho a história do idiota. E como causa a orquestra ficou dividida entre os primeiros violinos e idiotas adjacentes, contra a minha turma de cellos, e todos aqueles que lutavam contra a opressão.

Bem mas resumindo toda essa tragédia que aconteceu na minha vida, motivo não falta para eu odiar essa banda, principalmente esse guitarrista/vocalista de meia tigela. De qualquer forma, sempre preferi festa com pagode mesmo. Não ia fazer a mínima diferença pra mim. Enquanto eles precisam ir até essas festas pra conseguir maconha, eu consigo no meu bairro e dependendo de como for, ainda encomendo lança.

Outra que esse tipo de festa e coisa de gente que fuma cigarro de tabaco, que gosta de nicotina, Arctic Monkeys, e finge que entende de arte Impressionista... Bagulho de arrombado!

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