My Enemy or Maybe Not

"Say You Want Me"

"Say You Want Me"

O caminho até casa foi ainda mais constrangedor do que aquilo que possam pensar. Nenhum de nós abriu a boca, o que já era de esperar.

O que é que o Zayn pensa? Que chega aqui, depois do que se passou e do que me disse ontem à noite, e que está tudo bem? Que nada se passou entre nós? Eu não vou entrar nestes joguinhos com ele, se ele quer fingir que nada se passou, então assim será. Nem vai ouvir uma palavra da minha boca.

"Já chegámos" constatou o óbvio depois de reparar que eu não saía do carro. Estava tão distraída com os meus pensamentos que nem percebi que já tínhamos chegado.

Peguei na minha mala e saí, mais uma vez sem dizer uma única palavra, e ainda o consegui ouvir reclamar. Se ele acha que lhe vou facilitar a vida, está muito enganado. Subi as escadas em direção ao meu quarto, pousei a mala em cima da cama e fui à casa de banho tirar a maquilhagem.

Adoro chegar a casa, tirar a maquilhagem e vestir o pijama, sinto-me muito mais confortável e mais livre e visto que não vou sair mais de casa...

"Nós vamos conversar" disse assim que chegou à porta da casa de banho. Mas este rapaz não sabe o que é bater à porta!? "Para de me ignorar" estou a irritá-lo "Katherine" grita assim que perde a cabeça e agarra-me no braço, obrigando-me a encará-lo.

"É engraçado, agora já queres conversar?"

"Não me faças perder a cabeça ainda mais" puxou-me para fora da casa de banho com brutalidade suficiente para quase me fazer cair "O que é que eu já te tinha dito sobre andares sozinha?"

"Não estavas cá em casa, pois não?" perguntei o óbvio "Vi-me obrigada a ir sozinha"

"Eu não quero que andes sozinha"

"E eu não quero saber" esbocei um sorriso falso "É tudo?"

"Podes parar de me tratar com essa indiferença?" perguntou visivelmente afetado. Afinal parece que mexo mais com ele do que aquilo que eu pensava.

"Pensei que era assim que querias ser tratado, já que foi exatamente isso que tu fizeste" fui para o outro lado do quarto, estamos demasiado próximos e eu prefiro manter a distância.

"Eu não te tratei com indiferença" encarou-me e eu ri-me "Só acho que não devíamos ter feito aquilo"

"Para mim nunca aconteceu" custou-me mais dizer isto do que aquilo que estava a pensar "Não passou de um simples beijo ridículo" disse proferindo exatamente as mesmas palavras que ele "Certo?" os olhos do Zayn encaram-me como flechas e senti o seu olhar preso a mim de uma maneira inexplicável, parecia que me conseguia ler a alma e, se isso acontecesse, saberia que estou a mentir.

"Certo" sussurrou e, para meu espanto, baixou a cabeça. O que é que se passa?

"Já podes sair do meu quarto?"

"Claro" fez questão de, antes de sair, me tocar levemente no ombro. Juro que não percebo mesmo o que este rapaz pretende, o que é que acabou de se passar?

O Zayn vinha com o intuito de me dar na cabeça, tenho a certeza absoluta, mas assim que se abordou este assunto ele ficou mais calmo e espantosamente tímido. O que é que lhe estaria a passar pela cabeça?

Eu quero tanto conseguir entendê-lo. O problema é que isso parece impossível e sinto-me tentada em segui-lo, neste momento; quero perceber o que é que acabou de se passar aqui e o que se passa com a cabeça dele porque, por mais que tente, não consigo. A minha mão ainda tocou no puxador da porta, mas rapidamente mudei de ideias, só ia dar mais aso a discussões e francamente, não estou para isso.