SobreVIVA

III. Até Anjos Almejam o Sangue

Dannielle abriu o caderno empoeirado. Achava que seria um livro de capa de couro e páginas envelhecidas com escritas a pena. Mas aqui estava um caderno quase que moderno com as letras de forma de uma máquina de escrever. Mas não se importou, o que importava era que funcionasse.

Usou a taça de vinho que havia furtado na noite passada no jantar para colher o DNA do sacrifício, claro que optou para algo mais dramático do que alguns fios de cabelos e pegou sangue. Depois colheu seu próprio sangue e jogou um dente de cabra, uma rosa morta e outros componentes duvidosos que a deixaram confusa.

Recitou as palavras escritas em grego antigo no livro e esperou, esperou dez, vinte, trinta e quarenta minutos até desistir.

Bufou frustrada. Ela não conseguia acreditar, havia feito tudo aquilo em vão. O leite materno de uma mãe que engravidou na sua primeira vez. O DNA de um inocente, de um maestro, de uma virgem, de uma prostituta, de um estudioso. Entre outros. Apesar de não acreditar que o sangue de um criminoso havia sido algo em vão, afinal, aquele filho da puta a estuprava desde que se conhecia por gente.

Deitou-se ao lado do corpo do pai morto e gritou de raiva com o rosto enterrado no travesseiro. Não acreditava, havia perdido tanto tempo para algo que não funcionou.

Dannielle achou que não havia funcionado, não esperava que por trocar duas palavras por acidente, o feitiço sairá totalmente errado e o contra do que ela queria. Danni queria o poder que a junção dos DNA colhidos lhe proporcionaria, mas para sua infelicidade só havia conseguido prender uma das almas na sua.

A mais pura delas. A alma de uma pobre moça que estudava as ciências havia ficado pendurada pelos fios da de Dannielle.

Seria um pesadelo para as duas.
Mas os anjos sorriram ao verem as tragédias que essa junção traria, como por exemplo uma Dannielle completamente descontrolada e faminta por sangue a cada vez que assumisse o controle e o desespero que uma jovem inocente ao perceber algo que ela achava que ela mesmo havia feito. Então, ao ver eles sorrirem eu pude chegar a conclusão que até os anjos almejam por sangue.