1. Choi Seungcheol era inalcançável

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Era horário de almoço e Lee Chan, honrando bem seu título de líder de classe e o aluno com maior média semestral do terceiro ano durante, bem... os últimos três anos, não poderia estar em lugar algum além de sentado na última cadeira rotativa que ainda de fato rodava da biblioteca da escola. O livro na sua frente o apresentava as maravilhas escondidas embaixo d'água e todo o glamour dos seres marinhos que provavelmente cairiam como um dos temas centrais da primeira semana de provas parciais do ano. Por isso, seus fones auriculares não transmitiram sonoridade alguma, apenas cumpriam bem seu papel de minimizar os ruídos externos da biblioteca, mesmo que eles fossem quase inexistentes.

Todavia, tecnologia nenhuma era capaz de impedir a barulheira que Lee Seokmin carregava consigo.

Chan, Chan, Chan, Chan — o garoto chamou o nome do melhor amigo repetidas vezes, sentando-se imediatamente na cadeira vazia ao seu lado (a que não girava, obviamente).

Chan já deveria estar esperando por aquilo. O relógio na parede oposta à direção em que Seokmin vinha marcava meio dia e quarenta e cinco, o que significava que os quinze minutos do horário de almoço destinados ao vôlei haviam chegado ao fim e, dessa forma, era a hora dos garotos do time usarem aquele tempinho para treinar para o primeiro Campeonato Interescolar do ano.

— Se você veio aqui pra me chamar pra ir pra quadra... — Chan começou, maneando a cabeça para o lado, sem desgrudar os olhos do livro na sua frente.

— Pra que colocar esse se no começo da frase — Seokmin o interrompeu, revirando os olhos —, se você já sabe que foi pra isso mesmo que eu vim?

Chan deu de ombros, passando a folha do livro.

— Ainda acredito na sua capacidade de não me carregar por aí como um chaveirinho de bolso, principalmente nos momentos em que eu tô estudando.

Ele não soou tão agressivo como gostaria no momento, e o bico que se formara involuntariamente nos seus lábios também não ajudou em nada. Acontecia sobretudo nos momentos em que ele estava irritadiço como aquele, o que descredibiliza por completo suas tentativas de repreender Seokmin. Sempre acabava com as bochechas esmagadas pela palma do outro, que recebia nada mais além de um soco fraco no ombro.

O mais velho entre os dois cruzou os braços sobre o peito.

— Mas você tá sempre estudando, Lee Chan. Não tem essa de interromper você em outro momento. — O garoto da cadeira giratória deu de ombros, grifando com o grafite algumas partes importantes do texto que lia e fingindo que o amigo não estava ali.

Porque Seokmin era exagerado. Desde as pernas longas até o tom de voz rouco, mas forte e esganiçado quando queria. Mas, naquele caso... ele não estava agindo tal qual sua maior característica: Chan sempre estava estudando e isso era um fato.

Suas notas altas não vinham de graça e o cargo de líder de sala não era entregue a qualquer um, por isso, dia após dia Chan tinha a impressão de que em sua cabeça havia alguns fios a menos e seu nível de estresse era elevado demais para um garoto de dezoito anos. Ele esperava que aquilo tudo fosse recompensado no final.

— Você não precisa de uma nota tão alta no vestibular — Seokmin dissera um dia, fazendo pouco caso. — O curso que você quer não é concorrido.

Chan sabia daquilo. Quando ele falava para as pessoas que queria cursar Dança, elas só tinham um único comentário a fazer sobre aquilo:

— Você precisa fazer faculdade de Dança pra ser dançarino? — Sookyung, a prima de Seokmin, o perguntou durante o verão, quando ela tinha vindo passar as férias com eles e os três tomavam sol na piscina do clube da cidade. — Achava que era só... dançar.

Until I'm nineteenOnde histórias criam vida. Descubra agora