Chan deveria ter desconfiado.
Porque cuidadoso como era, ele sempre teve muito claro em sua cabeça até onde sua zona de conforto ia, o que permitia que ele facilmente agisse de maneira segura dentro das suas próprias limitações; era onde ele podia tomar conta de toda a situação, segurar as rédeas de tudo sem se preocupar se as coisas sairiam do seu controle.
Mas Seungcheol... ele era um terreno desconhecido. Pisava sobre outro tipo de solo. Solo este que Chan não conhecia e, por consequência, não podia agir com a segurança que costumava usar.
Por isso, ele já deveria ter desconfiado quando, ao chegarem de volta à festa no dia do seu aniversário, Seungcheol o chamou para o cantinho e disse, meio incerto, meio cauteloso, que eles tinham sido só aquilo: um lance de uma noite e nada mais.
Depois daquilo, Chan passara o resto da festa com as palavras do outro em sua mente, rondando-a desde o momento em que ele se afastou até o momento atual, em que ele estava deitado no sofá da sala de estar do seu apartamento, olhando fixamente para o teto com uma expressão neutra enquanto Seokmin, sentado no chão perto da TV, tagarelava alguma coisa sobre Hong Jisoo, como sempre. Ele nem se deu ao trabalho de fazer o esforço de escutar o que Seokmin tinha para dizer, o único esforço que fazia no momento era levar a mão até o saco de salgadinhos que tinha sobre a barriga e em seguida direcioná-la até a boca, mastigando de forma preguiçosa.
Quando o tom de voz de Seokmin se elevou, Chan inclinou a cabeça sutilmente para o melhor amigo, mas sua visão ainda estava desfocada e seus pensamentos corriam para dois dias atrás, quando esteve no apartamento de Seungcheol.
Depois do ocorrido, eles tinham ido tomar banho como o mais velho havia sugerido. O silêncio entre eles, desde o chuveiro até o momento em que Seungcheol estacionou o carro na rua que acontecia a festa, era confortável. Obviamente, existia uma tensão pairando no ar, deixando Chan ligeiramente... instigado. Porque ele imaginou tantas vezes Seungcheol o beijando, o tocando com as mãos precisas, deixando que seus lábios corressem com lentidão sobre a pele do seu pescoço para depois deixar uma mancha avermelhada nela, que quando aquilo aconteceu de fato — incontáveis vezes mais gostoso e prazeroso do que era em seus sonhos (acordado ou não) —, ele não conseguia pensar em outra coisa além das sensações que sentiu.
Quando eles chegaram onde a festa acontecia, o primeiro instinto de Chan depois de passar pela porta, fora procurar Seokmin pela multidão, e, assim que o avistou do outro lado da sala, não tardou a começar a caminhar em sua direção, com a confissão quase pulando da sua boca, tamanha ansiedade. Todavia, antes mesmo de dar o terceiro passo, ele sentira uma mão segurar seu pulso e puxá-lo para o hall de entrada, onde não havia quase ninguém ao redor. Lá, esforçando-se para ser mais alto do que a música que quase estourava as caixas de som, Seungcheol começou colocando a mão na nuca, massageando o local.
— Eu só... não queria que você... Hm, entendesse as coisas meio errado... — Seu tom era incerto, ele obviamente não estava confortável em dizer aquilo, provavelmente porque veria Chan outras vezes e não queria que o clima ficasse ruim entre os dois.
Naquele momento, a reação de Chan, depois de entender o que ele estava tentando dizer, foi resmungar na cabeça algo como "droga, você é um adulto, ainda não conseguiu se acostumar a dar um fora em alguém?", porque todas as vezes que ele respondia com um "tudo bem", acenando com a cabeça positivamente, Seungcheol o impedia de ir e perguntava mais uma vez, entre várias outras, se não iria ficar um clima estranho.
Chan crispara os lábios, olhando no fundo dos olhos de Seungcheol.
É óbvio que vai ficar um clima estranho, seu idiota...
Ele quis dizer aquilo em voz alta, mas não porque sentia o coração magoado ou algo do tipo, era mais algo com... ego machucado? Chan agia assim tão óbvio para Seungcheol pensar que ele era emocionado ao ponto de achar que uma foda significaria um pedido de noivado?
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Until I'm nineteen
FanfictionSeungcheol era todo festas de faculdade com bebidas ilícitas que acabavam ao amanhecer, garotas mais velhas e um emprego regular com salário fixo todo fim do mês. E Chan estava tentando chegar até o final do ano letivo vivo, perdendo cabelos para pa...