▕ CAPÍTULO 01

24 5 1
                                    

O sol brilhava forte nesta tarde. Deixando de lado o formão e o pincel, me permito retirar as luvas para dar uma grande golada de água fresca em meu cantil que está preso em meu cinto de utilidade.

A água é bem-vinda, ela entra fresca, umedecendo a boca e a garganta, me permitindo engolir melhor a saliva sem a terra árida e seca que paira no ar. Graças à minha máscara consigo respirar com maior tranquilidade, apesar de deixar a respiração mais abafada.

Niata é uma pequena cidade ao sul da Grécia e os dias de estiagem fazem com que a poeira da terra, que já é árida, levante tornando-se difícil a visibilidade e a respiração. Ainda mais quando você tem que trabalhar sentado no solo firme, em busca de artefatos do mundo antigo.

Olho para o lado, vendo o rosto moreno de John molhado de suor, para ajudar, o sol rachando sob nossas cabeças não estava dando trégua. A combinação de calor e tempo seco é uma das coisas que mais odeio quando tenho que trabalhar em campo. Ainda mais tendo que vestir roupas compridas para nos proteger do sol.

Volto a máscara ao lugar, pegando novamente o formão e um pequeno martelo dessa vez, preparando para remover mais do solo do pequeno espaço de sessenta por sessenta centímetros que estou responsável.

Batendo o martelo no formão com cuidado, retiro cerca de dez centímetros de profundidade da terra arenosa do quadrado demarcado no chão com pregos e barbante colorido. Uma elevação me chama atenção, após colocar a terra em um balde com a ajuda de uma pá, pego de volta o pincel para que, com cuidado, consiga remover a terra ao redor do possível objeto.

A ansiedade toma conta do meu coração, o sinto acelerar, torcendo em meu íntimo para que não seja apenas um pedaço qualquer de rocha. Mas o trabalhado no objeto, que me parece mármore, injeta a adrenalina em minhas veias, me deixando animado por talvez ter encontrado algo nesse sítio arqueológico, após dez dias sem êxito.

Me ajoelho no chão e pego uma pequena pá, com a ponta arredondada, começando a retirar a terra envolta do objeto com cuidado, me controlando para que a ansiedade não danifique o objeto que parece ter milhares de anos.

Franzo o cenho em dúvida, parece ser uma pequena estatueta esculpida em mármore. Pelo tamanho da cabeça esculpida, não deveria passar dos trinta centímetros de altura. Para ser sincero, nunca havia visto uma estatueta desse tamanho em meus trabalhos e em outros sítios arqueológicos.

Não era de praxe dos gregos antigos a escultura em blocos tão pequenos de mármore, geralmente imagens pequenas eram retratadas através de pinturas em jarros e vasos. Na escultura ou haviam bustos, ou grandiosas estátuas esculpidas em grandes blocos de mármore.

Era pequena, o rosto esculpido era cheio de detalhes e assim que termino de retirá-la do solo que lhe abraçou ao longo dos milênios abro a boca em espanto.

Apesar de um dos braços quebrado, a figura estava nua, possuía asas (que tinham as pontas quebradas) e o que parecia uma balança em suas mãos. Mas, o que me chamara atenção fora que, embora ele tivesse barba e cabelos cacheados, seu cabelo se concentrava apenas na parte da frente da cabeça. A parte detrás era careca!

O que uma estátua de Kairós faz em um possível templo de Cronos?

— O que achou aí, Whitaker? — A voz de John ao ecoa ao meu lado, mas estou tão fascinado pelo objeto em minhas mãos que sou incapaz de abrir meus lábios para responder, apenas faço isso mentalmente.

Uma estátua de Kairós!

Ouço as botas ao meu lado e o barulho de espanto sair da boca dele.

— Isso é... Kairós?

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 10, 2021 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

KAIRÓS [EM BREVE]Onde histórias criam vida. Descubra agora