Prólogo

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“Você não vai sobreviver nem três meses!”

As palavras de Haws ainda ecoavam na mente de Anne, mas não de maneira que a deixava pesarosa, mas sim para que ela siga em frente com sua vida e que continue a fazer de seu bordel um dos melhores de Londres. Talvez o leitor não ache incomum esse início de capítulo, mas ao te contar que Anne Wilde tem apenas vinte anos, então talvez passe a admirá-la assim como eu a admiro. Fugida de um orfanato que se localizava na área rural, Anne viveu nas ruas e foi acolhida aos doze anos pelo senhor Haws, ele lhe deu comida e abrigo, em troca a menina limpava o bordel, mas a beleza da pequena garota não passou despercebida pelos grotescos clientes do local, logo eles estavam oferecendo pequenas fortunas para conseguirem se deitar com a pequena bela. Não era para menos, Anne era loira, tinha o rosto arredondado, delicado e cheio de sardas, seus olhos eram verdes meio azulados, uma preciosidade em forma de menina.

Sem perder tempo, Haws colocou Anne para trabalhar junto com as outras mulheres de sua casa. A pequena cortesã de doze anos. Mas, ao contrário das outras, Anne não tinha um preço fixo, ela era tão desejada que cobrava o preço que lhe dava na cabeça. Todos pagavam. Ela era como aquela jóia de tão rara, até mesmo o mais pobre dos mais pobres homens estavam dispostos a fazerem dívidas para obtê-la. Meu caro leitor, não é exagero de minha parte. O lado sul de Londres está inteiro de prova a respeito disso. Então não é de se assustar que aos dezenove anos, ela já havia conseguido uma quantia suficiente para sair do controle de Haws e passar a ter controle sobre si mesma. No dia de sua partida, além de levar as palavras raivosas de quem estava perdendo sua mais valiosa mercadoria, Anne levou sua amiga Rebecca, uma morena de nariz um tanto fino e de uma beleza elegante, que também eram cortesã no bordel de Haws.

O grito de Lea tirou Anne de seus devaneios. Lea. A prostituta que tem alma ambiciosa e que vive querendo ditar o que faz e o que não faz com sua clientela. Mas por incrível que pareça, o grito de Lea não era de causar preocupação, a mulher, que devia ter seus vinte e quatro anos, estava com o copo cheio de um vinho barato e subia as escadas, indo para o quarto.

“Um fanfarrão” Anne sorriu de canto ao pensar no tipo de cliente que só quer festa com as mulheres de sua casa. Eles eram os que melhor pagavam.

Ela olhou em volta e viu suas meninas sentadas nas mesas e cadeiras, duas, três em volta do mesmo cara. Todos se divertiam, os homens gastavam sem pensar em suas famílias e em suas reputações, era como se ao entrar no local, eles deixavam no lado de fora todo o resto. Uns músicos tocavam no canto do salão, ela os havia contratado para fazer o tempo passar e, assim, a clientela nem perceber o tanto de tempo que passou dentro do local.

“Chegou” Rebecca disse disfarçadamente para Anne. Era um daqueles clientes secretos. Daqueles que não poderiam lidar com notícias a respeito deles em bordéis, gastando o dinheiro de impostos com moças que viviam com poucas roupas.

Anne ainda atendia clientes, os mais especiais, os mais ricos e discretos. Eles a queriam. Ela dava o seu preço.

“Estou subindo” ela respondeu, fazendo um aceno para que os músicos começassem a tocar mais alto a música. “Fique aqui e não atenda mais clientes nessa noite” Anne pediu, sua amiga acenou e a jovem então subiu para o quarto em que o cliente lhe esperava.

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