Prólogo

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Entrei em meu carro correndo e ignorando os gritos desesperados de Felipe atrás de mim. Eu não queria escutá-lo dizer mais uma só palavra sequer. Bati a porta com força e dei partida no veículo. Não conseguia entender como ele tinha sido capaz de fazer uma coisa como aquelas comigo. Eu tinha imaginado que nosso casamento seria para a vida inteira e vê-lo desmoronar frente aos meus olhos, me deixava angustiada e nauseada.

Passei a mão pelo meu dedo anelar esquerdo e senti na pele a falta da aliança de casamento. Depois de tantos anos usando aquele item sem tirar, era estranho demais me ver sem ele. E lembrar que eu tinha jogado a aliança no chão enquanto gritava com meu marido, me deixava quase sem ar. Respirei fundo, tentando me recompor e senti as lágrimas embaçarem minha visão enquanto dirigia pelas ruas escuras. Devo ter passado uns três semáforos por desatenção. Eu só queria chegar logo na casa dos pais de Felipe, onde meu filho estava.

Entrei em uma rua, avançando mais um semáforo, na esperança de cortar caminho e fugir do transito. As lágrimas voltaram a descer pelo meu rosto e perdi o controle da direção do carro. Uma luz forte se aproximou de mim e só tive tempo de colocar as mãos no rosto, tentando impedir o impacto, o que obviamente não funcionou.

Não senti dor, apenas senti um impacto e depois tudo ficou mais escuro que a noite sombria que eu estava vivendo.

(Não) Me EsqueçaOnde histórias criam vida. Descubra agora