Minha rotina é sempre a mesma: acordar cedo, deixar currículos por toda a cidade e esperar que em algum momento meu telefone toque com um número diferente para que eu possa criar esperanças de que vou conseguir um emprego para continuar pagando minha faculdade de Arquitetura e Urbanismo e por fim ser uma excelente profissional do ramo. Há muito tempo venho lutando contra essa situação, arrumar um emprego, reabrir a matricula, perder o emprego, trancar a faculdade. Nisso já tenho 26 anos e sigo lutando diariamente, mês por mês. E há quem diga que essa profissão tem uma "maldição, não estou generalizando. Essa referência é apenas para mim, embora minha mãe sempre disse que meu nome, Bárbara, era abençoado, pois era o nome de minha bisavó e ela era uma mulher de muita sorte. Bom, estou esperando essa sorte chegar na minha vida também. Sou alagoana, vivo atualmente na cidade de Salvador, na Bahia. Moro aqui desde os 20 anos, que foi justo quando meu pai foi transferido para cá, nos dando o privilégio de viver na terra do axé. Eu vivo no bairro de Brotas, a área central de Salvador, o bairro mais populoso da cidade. Não sou uma mulher de privilégios, e também não nasci com o signo mais favorável. Como uma boa pisciana sempre tropeço nas pedras que a vida põe em meu caminho, porém, sou livre para amar quem eu bem desejar...
Com os pés doendo de tanto andar, parei em frente a uma cafeteria no bairro da Pituba, bairro nobre na orla de Salvador, onde acabei de fazer uma boa entrega de currículo. Subi meu braço direito para olhar as horas em meu relógio e suspirei. São quatro e trinta da tarde e estou andando desde as nove da manhã. Cansada, suada e com fome. – Dei um passo à adiante e parei em frente a grande porta de vidro da cafeteria. É uma cafeteria bem frequentada na cidade. Observei por alguns segundos antes de colocar minha mão na maçaneta para empurrar a porta. Nesse mesmo instante uma morena estava fazendo o mesmo que eu, abrindo-a para sair.
Vestida com uma calça jeans de cor preta, uma camisa social com listas brancas, de cor azul marinho, muito bem vestida em seu corpo. Cabelos lisos da altura de seus ombros, de cor pretos naturais, jogado para o lado direito, e em destaque, grandes olhos castanhos claros. – Não pude negar que a olhei de cima para baixo. – Em seus pés um par de botas que geralmente usam em obras. Meu cérebro rapidamente processou a possibilidade de ela ser arquiteta ou engenheira civil. – Ela olhou-me nos olhos e franziu o cenho.
- Decidiu se vai entrar enquanto seguro a porta, ou continuará segurando a porta me impedindo de sair? – Assustei-me. Até acordei do transe de sua beleza.
- De-desculpe! – Retirei a mão da maçaneta. Ela segura um copo descartável que pelo cheiro está com café. Ela o aproximou de seus lábios e tomou um gole.
- Então entre de uma vez, filha! – Disse se afastando para eu entrar.
Passei por ela e senti que seus olhos me acompanharam até virar meu rosto para olha-la, ela saiu do ambiente e ficou parada em frente a delicatessen. Desviei meus olhos dela e olhei para o balcão onde uma moça de sorriso largo me cumprimenta.
- Boa tarde, posso te ajudar? – Eu sorri para ela e assenti. – O que deseja?
- Eu quero um cafezinho. – A moça assentiu e virou-se. Olhei ao redor e voltei a olhar para a atendente. – A gerente está aqui? – Ela virou a cabeça e me fitou rapidamente, na sequencia virou a cabeça para a cafeteira.
- Sim. – Disse virando-se para mim já com o café pronto. – Ela está ali. – Apontou. – Pode falar com ela. – Virei meu rosto na direção apontada e vi uma senhora escrevendo algo em um caderno.
- Obrigada! – Agradeci a moça me afastando do balcão. Olhei ao redor do ambiente e avistei algumas mesas vazias, caminhei até uma delas e me sentei. A atende que fez meu café colocou uma comanda em cima de minha mesa e saiu. Voltei a olhar para a entrada da cafeteria.

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Meu Projeto Chamado Você
Roman d'amourBárbara é uma jovem sonhadora e que nunca desistiu do seu sonho de ser arquiteta. Agora, com uma oportunidade em um dos melhores escritórios do país, se ver diante de um mundo novo de possibilidades. Bárbara vê sua história se entrelaçar com a de um...