A dor tem os olhos mais belos CAP.1

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O ar gelado batia em meu rosto enquanto observava a mesma paisagem de anos na minha janela, e a marca de um suspiro que podia se ver no vidro, graças ao frio daquele ano, me perdia em meus pensamentos fechando meus olhos tentando me imaginar em outros ambientes longe daquela pequena casinha que foi meu abrigo durante anos, ainda sim eu sou muito jovem para fazer isso agora, além do mais não importa onde eu esteja se eu estiver com ela eu estarei bem. 
Olho para trás e vejo minha mãe, seus lindos cabelos longos e brancos uma pele quase tão branca quanto a própria neve que estava do lado de fora da nossa casa, com um sinal com a mão ela me chamou para a mesa. 
—Sonhando acordado de novo filho? 
—Sim mamãe. Eu estava tentando imaginar como é o mundo lá fora algo além dessa neve toda que nos rodeia como será que são as pessoas se são tão doces quanto você. 
—Ela lançou um sorriso quente em meio a todo aquele frio. 
—Ah Yohan nunca deixe de ser esse doce garoto que você é. 
Disse enquanto me dava um quente abraço, abracei ela de volta então.  Ela começou a me fazer cocegas então. 
—Para mãe hahahaha. 
—Eu te amo meu querido Yohan...você foi a melhor coisa que me aconteceu filho. 
Aquela era minha doce vida eu tinha tudo que precisava, meu sonho de conhecer o mundo e mais pessoas para mais tarde por enquanto eu tenho tudo o que preciso bem aqui. 
—Yohan pode me ajudar com o almoço? 
—Claro mamãe. 
Começamos a preparar as coisas para o almoço, era algo simples, mas ainda assim era feito com amor. 
—Poderia pegar os vegetais querido?  
—Sim mãe. 
—Fui até a prateleira peguei batatas, cenouras alguns temperos etc. 
—Isso está bom mãe? 
—Está ótimo querido obrigada; pode se sentar deixe que eu cuido do resto se eu precisar de algo eu te chamo. 
—Ok mãe estou aqui pro que precisar. 
E assim o tempo corria, voltava vez por outra a me olhar novamente para a janela imaginando o de sempre. 
—Está pronto querido! 
—Estou indo mãe! 
Sentamos na mesa e logo fui comer eu estava simplesmente faminto. 
—Filho não está se esquecendo de algo? 
—Ah...é mesmo agradecer a Deus. 
—Isso mesmo, vamos a mamãe vai fazer a oração para nós. 
Eu não entendia muito bem ainda sobre ter que orar toda vez antes de comer talvez seja por que eu ainda seja muito jovem ou coisa do tipo. 
—Amém. 
—Amém. 
Ainda sim toda vez que terminávamos de agradecer minha mãe expressava um olhar triste, mas ainda sim com um sorriso em seu rosto eu realmente não entendia. 
Comemos e então comecei a arrumar a mesa, talheres pratos etc. 
—Filho você pode lavar a louça para a mamãe hoje? 
—Sim mãe pode deixar, está tudo bem? 
—Sim querido não se preocupe. Obrigada... 
Peguei a louça coloquei em uma bolsa de couro e sai para uma nascente que havia perto de nossa casa.  
Depois de alguns minutos cheguei até lá lavei toda a louça e observei por alguns minutos aquele lugar, era tão calmo e tão lindo, mas ainda sim silencioso e inquietante. Antes de voltar acabei por olhar algumas flores brancas com tons de vermelho no seu centro, pensei comigo mesmo: “Ela ficaria linda com essa flor na cabeça”. 
Peguei uma levei cuidadosamente em minha mão, voltando tranquilamente estava tudo bem...tudo normal até que eu senti algo, uma sensação que nunca havia sentido, meu peito começou a estremecer, não sei por que, o ar parecia mais pesado, o clima em si estava muito diferente, não era por causa de nenhuma tempestade ou coisa assim, era algo anormal. Junto a isso senti um forte odor de fumaça vindo de onde eu morava, apressei o passo e sai correndo em direção a minha casa até que pude ver a fumaça. Até que então cheguei vi minha mãe do lado de fora suas roupas estavam chamuscadas e algumas partes de seu corpo estavam queimadas, meus olhos se arregalaram, soltei a flor e coloquei minha mão em minha boca. Aquela sensação estava muito mais pesada. E então, vi uma mulher de cabelos negros e longos saindo em meio às chamas da nossa casa, seus olhos eram amarelos com pupilas como a de gatos, em uma troca de olhares, ela lançou um sorriso malicioso, mostrando suas presas para nós.
—Olha só, então esse é o mestiço que você teve com ele Mercy?
—Tire seus olhos imundos dele.
Nunca tinha ouvido minha mãe falar naquele tom ameaçador, quando olhei para seu rosto ela...estava tão diferente, seus olhos estavam com uma fúria indescritível, sua pele devia estar doendo tanto 
—Mãe...o que está acontecendo? 
—Yohan! Me escute você vai correr o mais longe que puder, fuja para bem longe.
—Mas mamãe... 
—Yohan obedeça a sua mãe! Vai ficar tudo bem... 
A mulher se aproximava mais, seu semblante mudou de uma forma assustadora. Seu olhar mostrava suas intenções, ela queria matar minha mãe, ela queria nos matar.
—Yohan não é? Como você quer que eu o mate, Evelyn? Esfolar ele? Decapitar? Arrancar a pele? Queimar ele?
—Você não vai encostar um dedo nele!
Novamente ela olhou para mim, seus olhos eram aterrorizantes, um largo sorriso novamente se abriu. 
E então em um pulo ela apareceu em minha frente, ela mostrou suas garras enormes, enquanto preparava um golpe, colocando seu braço para trás, pronta para desferir um ataque em mim. Fechei meus olhos. Então ouvi o som da carne sendo rasgada, e senti algo quente caindo em meu rosto, abri meus olhos e vi minha mãe na minha frente de braços abertos enquanto olhava para mim, ela respirava pesadamente, seu peito foi perfurado pela garra da mulher, e naquele momento a mulher começou a soltar risos descontrolados. 
Tudo isso por um mestiço? A sua vida por isso? Quando foi que você chegou tão fundo no poço? Ele estava certo você não vale o trabalho. 
—N-não fale assim DELE! 
Minha mãe se soltou da mão dela e em um piscar de olhos asas brancas saíram de suas costas e ela voou em direção dela dando um soco em seu estomago arremessando-a para longe. 
Mas não foi o suficiente para causar muito estrago nela. Logo ela correu de novo para cima e quando minha mãe iria atacar mais uma vez ela se abaixou e então...com a mão esticada enfiou bem no lado esquerdo do peito como uma estaca, o sangue dela jorrou manchando a neve branca do chão, eu estava ali parado em choque e completamente quebrado. 
Ela tirou a mão ensanguentada e veio até mim. 
Eu não conseguia me mover estava ali parado imóvel totalmente inútil, minha mãe morreu bem na minha frente e eu seria o próximo. 
Minhas lágrimas já haviam secado minha mente fervia foi quando olhei bem nos olhos dela e senti um ódio uma raiva incalculável senti meu corpo formigar principalmente do lado esquerdo foi quando ela parou bem na minha frente e ficou ali me encarando. 

-Ah...então finalmente despertou...
-Ela sorriu e se virou e começou a caminhar para longe, corri para o corpo da minha mãe em prantos. 
      Não conseguia dizer uma palavra, os olhos sem vida da minha mãe me faziam sentir uma dor tão grande, por que ela? Eu faria qualquer coisa para trocar de lugar com ela, a mulher que me criou estava bem ali com seus últimos suspiros de vida, ela era incrível até naquele estado ela persistia. Voltei meu olhar para onde a mulher estava indo e ela já não estava mais lá. 
O ódio tomava conta do meu corpo enquanto segurava o corpo da minha mãe, a abracei e serrei meus dentes quando senti sua mão em minha cabeça... ela estava passando a mão tão gentilmente olhei para seu rosto...ela estava sorrindo. E em suas últimas palavras ela disse: 
-Eu te amo... 
Seu braço caiu na neve então ela morreu, meus olhos se arregalaram e então levantei meu rosto para o céu e soltei um grito que era a culminação de tantos sentimentos, Fúria, ódio, dor tudo isso e muito mais. 
O sangue dela em meu rosto...o fogo na nossa casa...eu nunca vou perdoar aquela mulher...ela vai pagar. 
A maior dor que se pode sentir é enterrar a sua única família... com minhas próprias mãos fiz uma cova para ela a enterrei junto com uma parte de mim, eu precisava saber como, por que tudo aquilo aconteceu

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⏰ Última atualização: Aug 23, 2020 ⏰

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