Quem disse que uma rapariga não pode gostar de futebol?

Capítulo 1

07:30

Estou deitada na cama com os olhos abertos a pensar no porquê de estar acordada tão cedo visto estar de férias. Sei que devo ter adormecido por volta da meia noite, pois recordo-me de ter estado a ler e de ter visto as horas antes de ter desligado a luz do candeeiro que se encontra na minha mesinha de cabeceira. Não consigo perceber. Não tenho sono... e isso é mesmo muito raro de acontecer. Acabo por me levantar, afinal de contas, não faz sentido continuar aqui deitada sem fazer absolutamente nada. Dirijo-me à casa de banho para fazer a minha higiene e em seguida vou para a cozinha preparar o pequeno-almoço para os meus pais e para o meu irmão que ainda se encontravam a dormir. Claro que ainda estão a dormir, estão de férias.

Sou uma rapariga um pouco diferente das outras e diferente como? Diferente, porque com apenas 19 anos fui convidada a ser vice-presidente da maior Liga que existe no Futebol, sou vice-presidente do meu clube do coração – SEU (Sport England Unite) e faço parte da equipa técnica do treinador. Como é que eu tenho tantos cargos sendo tão nova? Fui a segunda melhor do secundário com uma média imbatível (sendo o primeiro, um rapaz chamado Stewart, e o meu melhor amigo); participei em inúmeros voluntariados e estágios nas mais diversas empresas desportivas - incluindo um voluntariado com a FPF (Federation Pretty Football) – tendo-me destacado em todos e recebido diplomas de mérito; e, por último, ingressei numa das melhores universidades de Inglaterra – London School Of Economics – tendo sido nessa altura que recebi uma carta do SEU para me convidar para os cargos outrora mencionados. Na mesma altura, a Liga enviou-me uma carta com um convite completamente fora do normal: queriam que fosse a vice-presidente e que gerisse a área económica da mesma. Na altura eu nem conseguia acreditar e duvidava das minhas capacidades para os cargos, pois estes exigem muita responsabilidade e mentalidade e iriam ser exercidos por uma rapariga de 19 anos (não que eu não fosse responsável nem tivesse mentalidade, mas sim por serem cargos exercidos por profissionais e por pessoas com mais experiência do que eu). Não vou mentir e dizer que me adaptei perfeitamente quer na Liga, quer no clube, porque foi complicado para alguns (especialmente os jogadores do SEU) aceitarem e acatarem ordens de uma rapariga tão nova. No entanto já alguns meses se passaram e tenho uma ótima relação com toda a gente, os jogadores até fazem piadas com o facto de ser a única rapariga que os acompanha para todo o lado, o treinador igualmente, mas fazem-me sentir como se estivesse sempre em casa. Graças a estes empregos consigo ajudar os meus pais nas despesas de casa e do dia a dia conseguindo ainda guardar uma boa quantia para mim, o que, só por si, já é ótimo, porque acredito que não há sensação melhor do que saber que estamos bem financeiramente e que qualquer problema que surja possa ser resolvido rapidamente. Digo isto pois quando era mais nova os meus pais lutavam todos os dias para conseguir pagar as despesas e, lembro-me que o que eu mais queria, e pedia todos os dias, era conseguir ajudá-los e dar-lhes uma vida mais facilitada. Foi esse um dos motivos para o qual eu ter sido a melhor nos estudos até agora, para garantir que dou uma vida melhor e mais confortável à minha família.

O meu telemóvel dá sinais de vida quando recebo uma mensagem. Enquanto as tostas são feitas vejo de quem é – John (um dos jogadores do SEU que tem a mesma idade que eu): Bom dia! Não sei se estás acordada ou não, mas caso não estejas é bem feita teres acordado. Tens de vir dar o treino, o mister só vem à tarde. Lembram-se de eu vos ter dito que estava de férias? Pois bem, o mister acabou de fazer com que elas acabassem.

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