único

334 40 12
                                    



Hinata Hyuuga enterrou o rosto no travesseiro sentindo toda sua mente trabalhar a mil por hora em plena 2 da madrugada. Ultimamente suas noites estavam sendo regadas de insônia. Os motivos dela não conseguir pregar os olhos?

Em breve ela seria prometida em casamento para com o seu primo, e futuro Rei do País do fogo.

Há muito tempo ela tinha sentimentos para com o rapaz que compartilhava os mesmos olhos cinzentos, mas incomodava em seu âmago o fato de não ter tido o poder da escolha. Não parecia justo nem para com ela, nem para com o príncipe Neji. Era inevitável não se olhar no espelho e se perguntar o que seria da sua vida se ela pudesse escolher. Ela se casaria com Neji? Ela se apaixonaria por outra pessoa? Ela se renderia aos encantos de algum plebeu?

Não ter o poder de escolher lhe causava arrepios, porque sentia estar brincando com o que o destino traçou para si ao deixar terceiros fazerem isso por ela. No seu íntimo tinha receio de estragar tudo com o primo e viver infeliz para sempre, porque aquilo não estava escrito nas estrelas.

[...]

A jovem respirou fundo pela milésima vez naquela noite e em um impulso se levantou da cama coberta com os lençóis mais caros daquela região. Seus pés já sabiam exatamente para onde ir devido ao costume. Sempre que se pegava imersa demais em seus pensamentos ela caminhava descalço até o quarto de seu futuro noivo, e também amigo, para puxar papo. Às vezes falavam sobre romances. Às vezes sobre políticas. E às vezes discutiam assuntos aleatórios que ela tirava de lá do fundo da sua imaginação fértil.

Hinata não bateu na porta para entrar. Neji nunca trancava porque depois da terceira noite que ela apareceu por lá, ele já a esperava chegar, com suas camisolas grandes e seus fios perfeitamente penteados devido ao tédio.

A Hyuuga sorriu ao encontrar o príncipe apenas com uma calça de seda e um livro com capa escura nas mãos.

— Estava te esperando — Neji disse com um sorriso discreto no rosto.

— Já virou rotina, não é? — Ela suspirou e se deitou ao lado do primo, que assim que ela entrou se afastou dando espaço para que ela se encaixasse ali — Eu estava me perguntando: por que eu sou eu? Já se perguntou isso?

— Várias vezes.

— Às vezes desejo ser outra pessoa. Uma pessoa livre — Falou, o olhando silenciosamente por alguns segundos — As vezes fico imaginando minha vida se eu não tivesse nascido na realeza. Se eu não tivesse tantas obrigações. Se eu pudesse ser imperfeita e apenas deixar o destino me levar para onde ele achasse melhor.

— A vida pode ser assim, se você quiser que seja. Claro que não podemos fugir das nossas obrigações, isso vai além, mas, eu acredito que ninguém pode mandar em seu destino. Mesmo que outras pessoas interfiram, o que é para ser, vai acontecer cedo ou tarde — Neji entrelaçou a mão da prima e começou um carinho com o polegar ali.

—Você acha que "nós" é para ser?

— Eu não posso responder isso, só o tempo dirá, contudo, eu espero que sim.

— Eu também espero. — Ela afirmou e soprou a franja da testa — Se eu fosse outra pessoa queria ser a Julieta, de Shakespeare.

— A história dela não é lá muito feliz. — Franziu o cenho.

— Ao menos ela viveu verdadeiramente um amor.

— Para ser verdadeiro não precisa ser trágico.

— Você tem razão, mas eu sou uma romântica. O que posso fazer se me sinto tentada a viver uma história de amor tão bonita quanto a dela e de Romeu?

— Eu serei seu Romeu. — Neji disse e recebeu um olhar desconfiado de Hinata — E você será minha Julieta.

— Mas sem um final trágico, sim? — Ela levantou os olhos cinzentos para ele e depois aninhou-se no pescoço do rapaz.

Ela não sabia o que seria de sua vida se tivesse nascido outra pessoa, no entanto de uma coisa ela tinha certeza: se em todas vidas que pudesse ter, não tivesse ao seu lado Neji, seria vidas muito tristes.

Insônia (nejihina)Onde histórias criam vida. Descubra agora