Capitulo 2.

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"Você contou tudo Alasca?" Des perguntou.
foda-se, se eu contei tudo ou não, do que adianta, ta com medo dele saber o teu segredinho Des, e você ir para prisão, aquele segredo em que você contou somente para mim, não vou te dar a chance de me humilhar.
Seu punho se chocou com o meu rosto, que já estava totalmente dormente. Suspiro.
"Você sabe fazer melhor que isso Des"
retruquei encarando seus olhos.
senti aquele gosto metálico na minha boca e cuspi.
"Sim, eu sei.." Sussurrou em meu ouvido, se eu conseguisse me mover teria descarregado toda a minha fúria em seu rosto.
E foi como se 40 facas entrassem na minha perna, liam a quebrou, as lágrimas já escorriam no meu rosto, a dor foi tanta que eu me sentei encarando seus olhos castanhos,
"Des chega!" Liam gritou e se levantou, minha visão esta totalmente turva, não via nada apenas murmúrios, sirenes e agentes correndo, isso foi tudo que eu me lembrei antes da escuridão.
Já se passaram 11 meses e aqui estou eu.
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"Feliz ano novo!"
Jess e Kim gritaram.
gargalhei com a empolgação das duas, era apenas mais um ano, mais um ano fugindo do Des e de qualquer um que queira me encontrar.
Bom... depois de terem me torturado até não puderem mais, alguém chamou a polícia e todos correram.
Me deixaram ali, machucada no chão.
A polícia chegou e fizeram algumas perguntas mas eu não sabia o que responder, estava devastada, não conseguia falar uma palavra, triste, vazia, e ainda estou, mas consegui conviver com isso.
No dia seguinte eu simplesmente fugi, e nunca mais vi aquele homem.

"A vista é incrível"
Sirri me referindo a gigante torre Eiffel a minha frente, com certeza eu deveria fazer isso mais vezes.
"Agente precisa voltar a frança mais vezes" Jess exclamou, ela tem esse poder de ler meus pensamentos.
"Sim, quem sabe a nossa próxima missão não seja acabar com algum francês bilionésimo Jess" Kim sussurrou.
Ri e continuei tomando o líquido que eu nem sabia o que era, mas Jess garantiu que é o melhor. As duas são primas e também são de uma quadrilha. Altamente profissional.
Matavam sem deixar rastros algum, ao contrário de mim, que fazia questão de mostrar o meu talento, se é que posso chamar isso assim.
"Alasca para onde vai depois de paris?" Jess perguntou.
Eu sinceramente não sei, para a minha ironia eu passei esse tempo todo no Alasca, conheci Jess e Kim quando ainda trabalhava para Des, essas duas acabaram virando minhas amigas, e acabei reencontrando elas no meu primeiro dia aqui em paris.
Pensei em ir para austrália vendo que é um pais quente e o Alasca é totalmente o contrário. Mas sei que não conseguiria passar um mês na austrália, prefiro o frio.
"Não sei ainda Jess, quero ir para um lugar bem frio"
Respondi enquanto caminhávamos na velha e linda paris, retirei um maço do meu jeans alto, e acendi levando a boca.
"porque não Inglaterra?" Kim se pronunciou.
Inglaterra? Nunca pensei nisso.
"Ouvi dizer que lá chove 200 dias por ano" continuou
Inglaterra me parece bastante convidativa, sem contar que é aqui mesmo na Europa e bem longe de Los Angeles, onde Des está.
"Então, será Inglaterra" respondi expirando toda a fumaça dos meus pulmões.
Jess se empolgou e prometeram ir me visitar, não sabia quando veria elas de novo, trabalhavam somente no continente europeu então acho que será fácil.
"Vou sentir sua falta Alasca" Jess murmurou em meus cabelos, "também Jess" sorri e me soltei, indo de encontro com a morena que já estava com lágrimas nos olhos "Não chora Kim, se não eu vou chorar também! E eu tenho uma reputação a zelar" brinquei e apertei mais o seu tronco.
Sentirei falta delas, vivi com elas durante esse mês, passei meu primeiro natal em família depois da morte da minha mãe e irmã, graças a elas e não me dei conta quando já senti o sabor salgado das lágrimas.
"Se precisarem da minha ajuda, é só ligar" falei me referindo a qualquer missão delas, as duas assentiram. "Ah chega de lágrimas!" Falei rindo secando as lágrimas que já estavam secas
"Adeus Jess e Kim" dei meu ultimo sorriso e entrei no meu carro, indo em direção ao hotel.
Já é 1 de janeiro e eu mau posso acreditar, troquei de roupa para umas calças de pijama e sutiã, coloquei minhas meias e tratei de comprar as passagens para Londres pela internet, meu vôo partira daqui a 5 horas.
minhas coisas já estavam prontas, fiz um chá e fui para varanda da suite esperar o sol nascer. Tenho tanto dinheiro guardado que não sei o que faço, já tenho tudo que eu preciso, daqui 3 semanas faço 19 anos, e daqui 3 semanas faz 10 anos que elas se foram, a minha única família, se foi no dia do meu aniversário, 21 de janeiro.
"Senhora Gate, o taxi já está a sua espera" o recepcionista informou e me ajudou com a mala, havia apenas uma mala e minha bolsa de mão, channel.
Ele me chamou de senhora? Ri baixinho, gostei. A viagem durará 40 minutos, coloquei meus fones enquanto observava a paisagem.
" Mama said, "You're a pretty girl"
What's in your heart
it doesn't
Brush your hair, fix your teeth
What you wear is all that matters
Just another stage
Pageant the pain away
This time, I'm gonna take the crown
Without falling down, down,down...
Cantei junto com a música, olhei para o meu lado e o mesmo carro que estava ontem na entrada do hotel, estava agora ao meu lado.
Não posso me dar o luxo de pensar que isso é um mera coincidência pois é a minha vida que está em jogo, tirei os fones
"Falta quanto tempo para chegarmos?" Perguntei ao motorista, que estava demais entretido escutando frank sinatra.
"10 minutos sra." Gritou devido ao volume do seu pequeno rádio.
sorri, porque será que todos aqui na frança me chamam de "senhora" tenho cara assim de velha, caralho podia ser "senhorita" mas senhora.
"O senhor pode desviar para a estrada ao lado?" Perguntei com um sorriso forçado, e na mesma hora ele desviou.
"Agora volte para onde estávamos, só que ultrapasse esse caminhão Por favor" pedi.
Ele fez exatamente tudo de acordo como eu queria e como eu esperava o carro também, merda.. Como me descobriram aqui?
Não sei o que fazer, não estou armada, tenho apenas uma lâmina que uso diariamente escondida no coque alto do meu cabelo.
"Chegamos!" O barbudo falou tirando o sinto.
pensei tanto em como correr dessa pessoa que eu mal vi o rosto que não percebi que ele já tirava a minha mala do porta malas e abria a porta traseira me dando passagem.
sorri e agradeci, paguei e fui fazer o chek in, o mesmo Audi r8 preto estava agora estacionado entre os demais veículos, conseguiria me proteger lutando corpo a corpo com ele, mas não quero nada disso, não quero ter que fazer isso aqui agora.
Achei! lá esta ele a exatamente 30 metros de distância, sabia que era um agente pois desviou o olhar no momento em que o encarei, mexia os dedos e estava com óculos escuros, cabelos pretos, pele clara e barba por fazer, parecia ser algum descendente muçulmano, muito atraente.
Desviei o olhar e senti seu olhar queimar minhas costas, era ele, mas não sei para quem ele trabalha.
Existem tantas pessoas querendo minha morte que eu simplesmente não faço a mínima idéia, será que devo continuar a viajem como se nada tivesse acontecido? Ou ir embora, falar com ele? Não posso ser tão idiota assim, é óbvio que ele não está sozinho! Decidi não fazer nada.
O avião acabou de aterrissar, não o vi mais, passei a maior parte do tempo lendo minhas obras da época, acho que se algum dia eu pudesse ter escolhido o meu destino, seria uma escritora, ou editora, a minha vida toda foi resumida em ler e viver romances literários.
Tem uma certa idade em que agente não se preocupa com nada, mas chega a uma altura da vida em que nós perguntamos o "porque" porque de eu estar aqui, porque eu sou assim?! Perdi todos que um dia amei, não sei nem o que é amor, as vezes sinto falta de amar, apenas amar, vi uma menina com o seu namorado e pareciam tão apaixonados, eu sou tão merecedora quanto ela de um amor, mas porque não tenho? Nunca beijei um garoto, um garoto que eu realmente ame, já fiquei com dois caras, nunca me entreguei de verdade, nunca tive nada sério, apenas beijos, e eu nunca vou ter até encontrar o homem certo, me sinto tão solitária, sem família, amigos, não tenho ninguém.
Já pensei tantas vezes em optar pelo caminho mais fácil, a morte, mas eu não quero morrer, eu nunca fui feliz, e se um dia eu morrer sem ter sido feliz será como se eu nunca tivesse existido e eu quero ser feliz, quero que alguém me faça feliz.
Peguei um taxi e cheguei no hotel, subi e coloquei minhas coisas, tenho que arrumar uma casa aqui, um emprego.
Me sito tão inútil.. Jesus! só sei matar, nunca fui capaz de entrar em uma faculdade, terminei o secundário estudando em casa, quando morava com o Des.
Sabe quando você se senti realmente cansada, cansada de viver, de sorrir, eu sinto como se tivesse carregando um peso em meus ombros, e eu não pudesse fazer nada para arraca-lo, apenas sentar e chorar, as lágrimas já caiam descontroladamente, me joguei na cama daquela suite e chorei, não conseguia respirar, senti algo macio em contacto com o meu rosto, e adormeci em meio a tanta lágrima e dor.

Bad girl. [h.s]Onde histórias criam vida. Descubra agora