1. Apresentação

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Olá, me chamo Skyler Mills e vou contar nestas páginas brancas, e novas, uma história. Mas não é uma história de amor. É uma história de amores. Me apresento a você, querido caderno, desnuda.

Prometo contar a verdade e tão somente a verdade, a minha verdade. Preciso fazê-lo antes que eu morra.

A nossa história remonta à volta as aulas do meu penúltimo ano do Ensino Médio. Setembro era quente, e eu amava. O verão da Dakota do Sul, de qualquer forma, era a única coisa boa daquele fim de mundo. Digo isso por sermos o quadragésimo sétimo estado mais rico, de um ranking de cinquenta, e não termos acesso ao mar. Minha pequenina cidade de 15 mil habitantes fica bem no centro do estado e a mãe natureza reservou a nós tão somente um rio.

Continuando a minha apresentação, foi aos 14 anos que percebi que não era o tipo de garota que protagonizava histórias de amor. Não era a menina fofa e nerd humilhada desde sempre e depois exaltada à princesa da escola (esses eram os piores tipos, honestamente), também não era a garota interessante e espirituosa que usava botas, não era a nerd que trabalhava em cafés e gostava de ler e tinha gatos, e não era a patricinha da escola. Eu não era (sou) memorável e por isso não seria a protagonista numa história de amor. Não que eu guardasse raiva do destino por isso — talvez um pouco — mas a vida era simplesmente assim. Não há o que chorar.

Arrastei os meus magros 1,72cm à escola naquele dia. Não queria ir pra aula por motivos óbvios de não gostar da escola. A pequena cidade de Moldbrige era sufocante porque era tudo o que pretendia ser: pequena, fofoqueira e elitista. Sim, nós éramos a propaganda do Sonho Americano em miniatura. Eu teria de chegar a escola e ver as pessoas que eu via desde sempre.

Nesse dia fui de bicicleta, eu gostava de ir de bicicleta ou a pé. Gostava de respirar o ar e me sentia um pouco claustrofóbica no carro. Minha casa era cerca de quatro quilômetros da escola e eu morava em um bairro respeitável, o segundo mais rico na hierarquia da sociedade de Moldbrige. Usava um belo vestido de verão, dos muitos que tinha, e esse era o meu preferido, ia até a metade da coxa e tinha flores brancas no tecido azul e um tênis de cano alto branco. O céu estava lindo e é engraçado fazer uma retrospectiva e perceber como nunca sabemos o que vai acontecer. Eu não sabia que aquele dia seria o início do quebra cabeça, o pontapé inicial da complexa história que me quebraria. Sim, eu saíra quebrada e ninguém sabe. Ninguém sofreu por mim.

Cheguei a escola, deixei minha bicicleta na frente e adentrei o mini universo adolescente. Sempre familiarizei com pessoas diferentes. Clichê, eu sei, mas a personalidade forte precisava caber num lugar em que eu pudesse me expressar e ninguém me escutaria o tempo todo. Eu, como a narcisista que sou, precisava de cobaias que me aguentassem por um momento.

Eu era amiga de algumas líderes de torcida, mas não era uma delas. Eu era uma peculiaridade nesse jogo de aparências no ensino médio porque não me encaixava em nenhum arquétipo. Nenhum de nós se encaixava, na verdade, éramos todos complexos a nossa própria maneira e é por isso que essa história vale a pena ser contada. É uma história de pessoas; frágeis, fortes, raivosas, sensíveis, inteligentes, quebradas e, acima de tudo, apaixonadas.

Conseguia me encaixar em muitos espaços, na verdade, e isso era bom. Eu gostava da liberdade de nunca ter sido 20 anos amiga da mesma pessoa e de ela saber tudo sobre mim, na verdade, eu odiaria isso. A melhor parte mesmo era poder almoçar onde quisesse. Eu poderia sentar em qualquer uma das mesas do refeitório e estaria tudo bem. Cumprimentei as meninas loiras com uniforme esportivo quando cheguei.

— Oi Sky, que saudade! Como foi seu verão? Você sumiu.— Lily-Rose me perguntou, ela era muito simpática e combinava com seu papel. Loira, líder de torcida, olhos castanho-escuros. Era ironia me perguntar isso se ela já sabia a resposta. A maioria das pessoas não saía da cidade no verão, e eu não era uma exceção. Houveram acampamentos nas fazendas e festas algumas vezes e eu não fui em quase nenhum. Estava mais reservada e fiauei lendo e andando de bicicleta a maior parte do tempo.

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⏰ Última atualização: Aug 31, 2020 ⏰

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