Alento para um Coração Antigo e uma Alma de Diamante

Reluzia com um brilho espelhado os cristais de gelo. Todos estavam cuidadosamente expostos dentro do covil da grande Dragoa Branca Bruma Gélida. Uma pequena vaidade que a descomunal criatura pálida reservava para si mesmo. Em parte para demonstrar poder frente aos seus visitantes, desejados ou não e também servia como um agrado para a Lady Alma de Diamante. A mais bela arte dentro do lugar era o trono improvisado feito com criaturas congeladas. Era um belo mosaico construído com vários elfos. Eles estavam completamente congelados o que dificultava terem alguma centelha de vida. Seis elfos faziam parte da bizarra escultura. As posições em que se encontravam eram claramente esculpidas, mas as expressões faciais e os olhares de sofrimento não. O mosaico formava um grande assento que ficava no topo de uma escadaria feita com gelo. Era conhecido como o Trono do Desespero e além do aspecto macabro, o lugar servia de covil para Bruma Gélida.

A imensa criatura estava adormecida em seu canto. Quase nem podia se perceber a dragoa. Mesmo com o tamanho da criatura era muito difícil discernir as formas de Bruma Gélida no meio de um lugar congelado. Parecia ser apenas uma parte do terreno congelado. Um olho treinado conseguia ver o disfarce, o que não lhe dava uma vantagem significativa, pois aquele era o lar da majestosa criatura.

Próximo dali, no Trono do Desespero, estava Alma de Diamante. Embora ela preferisse usar o manto característico de sua ordem de magos estava vestida com um longo vestido branco. Ele era ornado com símbolos arcanos e letras escritas em élfico. Materiais feitos de prata pura. Em frente a ela estava uma criatura humanóide, com mais ou menos 1,80m, muito corpulenta. Um manto com capuz escondia a face da criatura. Dentre os poucos detalhes que se podia ver nas falhas do manto estavam o símbolo oriundo das ordens de cavalaria de Solamnia e as botas de cavaleiro. Esta criatura não olhava diretamente para Alma de Diamante, pois estava ajoelhada no início da escadaria do trono. Um sinal de subserviência a um ser superior.

Alma de Diamante parecia prestar muita atenção naquela criatura poderosa. Com um estalar de dedos e versos em dracônico ela fez uma magia e depois disso sentou-se relaxadamente em seu trono. A criatura então começou a falar. A voz era difícil de discernir, pois era sussurrada. Contra a luz, dava para perceber que lábios se moviam, mas quase nenhum som se ouvia. Alma de Diamante, porém, não se importava com isso. Sua mágica havia tido o efeito desejado, ou seja, ela podia ouvir a voz de seu servo sem precisar expô-lo muito. Ela ouviu durante alguns minutos o relato. Após isso permitiu um instante de silêncio enquanto pensava no que fazer após a explanação de seu servo. Sorrindo de forma irônica quebrou o gelo daquele infeliz momento anunciando:

- Você fez bem em vir me contar tudo isso. – Ela fez uma pequena pausa para retirar um saco com pequenas gemas. Examinou a quantidade de jóias e depois disso arremessou na direção do servo. Ele não chegou a olhar para a dama. Apenas ergueu a mão no momento exato que o saco estava ao seu alcance. O tamanho do braço denunciava que se tratava de um homem. – Aqui está o pagamento combinado. Ainda não dá para você fazer o que deseja, mas se continuar sendo um bom espião, muitos outros benefícios você poderá gozar estando ao meu lado! – Sentenciou a dama. O homem voltou a falar novamante e ela apenas assentiu com a cabeça. Por fim sorriu e dispensou o homem. A satisfação no rosto de Alma de Diamante era evidente. Repetiu para si mesma mais de três vezes a frase "Coração Antigo precisa saber disso". Após isso deu um comando em voz alta para acordar Bruma Gélida. A dragoa despertou já em alerta verificando se o lugar estava seguro. Não vendo a presença de inimigos, virou-se para Alma de Diamante que foi objetiva:

- Leve-me Até Coração Antigo, agora!

A viagem até o covil do mais velho foi rápida. Alma de Diamante preferiu ir até a presença de seu aliado sozinha, sem Bruma Gélida. Coração Antigo estava dando ordens para seus capitães draconianos. Ao perceber a presença de um de seus Lordes, ele imediatamente dispensou as repulsivas criaturas.