POV Any
Mais uma carta, mais uma vez o síndico me lembrando que eu estou prestes a ficar sem teto. É quase impossível achar um lugar em Nova York que custe tão pouco que chega a ser quase nada, eu não posso mais pagar um lugar para morar. O dinheiro da conta que o traste me deixou só vai aguentar esse último ano da faculdade, depois ou eu fico muito rica ou eu vou parar embaixo da ponte.
Acho que é ruim pensar como eu penso, "Que bom que minha mãe se foi, porque eu não acho que conseguiríamos sobreviver.", mas pesando por outro lado, eu não gostaria que ela vivesse nas condições em que me encontro. Morando em um prédio que está caindo aos pedaços, um apartamento que é composto por uma sala que tem apenas uma poltrona e um banco de apoio no centro, uma cozinha com uma geladeira praticamente vazia, um fogão antigo de duas bocas e uma pia. O banheiro com um chuveiro que só tem água fria e um quarto com uma cama de solteiro, com uma mesinha na lateral da parede. As paredes tem uma tonalidade amarelada, mesmo que a tinta esteja descascando, com algumas partes pretas, acredito que pela infiltração de água da chuva acusada pelas rachaduras que existem em todo o prédio.
Estar sozinha, para mim, virou rotina. Com cinco anos o meu "pai", Carlos, decidiu ir embora de casa, ele sabia que a situação estava complicada e que minha mãe estava se matando de trabalhar para ajudar a pôr comida na mesa, mas ele "não aguentou a barra" e foi embora. No começo foi muito difícil, nós não tínhamos quase nada de dinheiro, minha mãe precisava alimentar uma criança pequena, a ela própria e pagar as contas da casa. Ela arrumou vários empregos diferentes e eu passava muito do meu tempo sozinha ou na casa da vizinha, que com certeza era a melhor do mundo, mas nunca reclamei, sei o quão forte aquela mulher era e sei que ela fazia tudo aquilo por mim. Por nós duas.
Ao longo dos anos, Priscila foi sendo promovida e conseguiu um emprego que pagasse nossas contas e ainda sobrava um pouquinho no final do mês. Quando eu fiz doze anos, chegou um documento em nossa casa, era de Carlos, nos informando que durante este tempo ele fez uma poupança para a minha faculdade, disse que era o mínimo que ele podia fazer por ter me deixado. De início eu não quis, quase mandei ao documento de volta, mas minha mãe não deixou, ela disse que aquilo um dia iria me salvar e ela não estava errada.
Eu não fazia ideia da quantidade que continha na conta, mas não me importei muito na época, até que se passaram mais oito anos, quando minha mãe descobriu o câncer de mama. Aquele foi o primeiro, o menos pior, no ano seguinte, quando eu já estava com vinte e um anos, apareceu outro, nos pulmões, foram três anos de tratamento, foi difícil e dolorido, eu queria abrir mão de tudo e viver só por ela e para ela, mas Priscila jamais me permitiria. Eu queria os melhores médicos, para isso teria que usar a conta poupança que Carlos deixou para mim, eu estava na faculdade havia um ano e decidi desistir para salvar a vida da pessoa que mais me amou em toda a minha vida, mas ela não deixou, fez questão de dizer que se eu assim fizesse, seria uma decepção muito sufocante para ela aguentar, mamãe sabia que a faculdade era o meu sonho. Lembro-me até hoje de quando a carta de aprovação chegou, eu estava chegando do trabalho e minha mãe estava na sala com a carta na mão, quando entrei, ela pediu que eu abrisse e assim eu fiz, ela chorou por uma hora, disse que eu era o maior orgulho da vida dela e que eu seria uma estrela no mundo da música. Mas no fim, ela não aguentou, era muita dor para uma pessoa só, ela foi embora e eu fiquei sem rumo.
Mas, como toda história tem alguma coisa boa, a minha tinha nome, altura, idade e endereço, Joalin. Ela foi o meu suporte durante tudo isso, ela aguentou cada mudança de humor, chorou comigo, me ajudou com a faculdade e foi meu apoio emocional. Desde pequenas sempre fomos grudadas uma na outra, minha única amiga, a única pessoa que não foi embora. Minha mãe sempre me deixava na casa dos Loukammas e eu, sinceramente, amava e muito, são meus pais postiços, mas não é por isso que eles tem que me bancar. Joalin passa a maior parte do seu tempo me pedindo para morar com eles, mas a verdade é que eu não me sentiria confortável em morar lá, até porque eu quero ser independente, mas do jeito que tudo vem sendo, não sei como vou sair dessa sem depender de alguém.
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Accidentally Pregnant
FanfictionApós uma noite cheia de álcool e carregada de prazer, Any se encontra grávida. Oque ela não esperava era que o pai do seu bebê fosse um milionário que está prestes a se casar. Rejeitados, ela terá que passar sozinha por toda a gravidez. A única cois...