Assim que amanheceu como de costume Noah, tomou banho vestiu seu uniforme do posto de gasolina e desceu para tomar seu café.
A mesa já estava posta, seu tio John estava sentado lendo o jornal e sua Tia Jane estava preparando algumas panquecas.
Noah tomou seu café e já ia saindo quando seu tio disse:
- Noah, preciso de você mais tarde na igreja, os bancos estão precisando de um reparo e eu vou precisar da sua ajuda.
- Tudo bem tio, assim que eu sair do posto eu passo por lá - Disse já a caminho da porta, mas ai se lembrou que precisaria passar para devolver aqueles diários.
Subiu as escadas correndo, pegou os três diário e colocou dentro da sua mochila e foi trabalhar.
O dia custava a passar, Noah estava inquieto só de pensar que teria que passar o resto da tarde consertando bancos na igreja com seu tio se sentiu desanimado.
Seu tio era o pastor, um homem muito sério e religioso, às vezes até autoritário demais, Noah era muito agradecido pelo lar que os tios o deram, mas muitas vezes se sentia sufocado, ser o sobrinho do pastor da cidade não ajudava muito, todos esperavam dele uma postura quase que impecável, quando criança não podia sair da linha que logo era lembrado que vivia em um lar religioso e que aquele comportamento não seria tolerado.
Quando entrou na adolescência por volta dos seus treze anos todos seus amigos tinham um celular menos ele, seu tio não deixou que ele tivesse um, dizia que essas tecnologias afastava os jovens de Deus, só quando fez quinze anos e começou a trabalhar e com seu próprio dinheiro conseguiu finalmente ter seu celular.
O sinal de internet naquela cidade era péssimo, tudo parecia ultrapassado demais para Noah, seus amigos, os poucos que tinha já haviam se conformado com aquela vida, mas ele não, juntava todo o dinheiro que ganhava para um dia ir embora dali, já que não conseguiu entrar em nenhuma faculdade, não pq não havia passado, porque ele foi admitido em duas universidades, mas não conseguiria pagar os custos adicionais como moradia, livros comida esse tipo de coisa.
Isso só fez com que ele quisesse mais do que nunca sair de lá, amava seu tios, eles eram sua única família, mas aquele lugar não fazia sentido nenhum para ele.
Assim que deu seu horário Noah, colocou sua mochila nas costas e correu em direção a casa onde havia comprado a caixa com os livros.
No caminho Noah, tentava lembrar o nome da senhora que o atendeu, conhecia o casal que morava lá, eles frequentavam a igreja do seu tio, quando estava se aproximando finalmente lembrou que ali morava a Sra. Gladys e seu marido Ben.
Noah, apertou a campanhia e não demorou muito para que Gladys viesse para atender a porta.
- Boa tarde, não sei se a senhora se lembra de mim, eu vim aqui ontem e comprei um caixa com alguns livros...
- É claro que eu me lembro de você, alias você é sobrinho do pastor John certo?
- Sim, sou eu... então, Sra. Gladys, como eu já disse eu comprei alguns livros e acho que por engano a senhora acabou me vendendo esses diários - Disse enquanto tirava os diário da mochila - Eu vim devolver, acho que talvez foi parar naquela caixa por engano.
Gladys pegou um dos diário, analisou e balançou os ombros e disse:
- Eu não sei de quem é, nem como foram parar junto daqueles livros.
- Então, a senhora não conhece a dona desse diários - Disse Noah, abrindo a primeira página e mostrando o nome ali escrito.
- Christa Jones... deixe-me pensar - Alguns instantes depois ela voltou a dizer: - Não, realmente não conheço nenhuma Christa.
Noah, estava confuso e agora curioso, como assim ela não sabia de quem era e nem como aquele diário foi parar ali.
-Bom, e o que eu faço com eles?
- Meu rapaz, você pagou por eles, agora eles são seus - Disse Gladys
- Não, eu não posso, eu preciso devolver... talvez essa essa tal de Christa estava desesperada procurando por eles.
- Se eu fosse você eu não ficava assim, meu marido viaja muito e sempre me traz várias coisas que ele encontra nessas lojas de antiguidade, brechos... eu estou cheia dessas coisas aqui em casa, por isso fiz essa venda de garagem, acho que esses diários foi umas dessas coisas que ele trouxe de uma de suas viagens.
Noah, ficou pensativo, agora tinha voltado para a estaca zero, estava com os diários de uma garota que nunca tinha ouvida falar, e não sabia o que fazer para encontrá-la.
- Acho que você não precisa se preocupar, provavelmente essa garota enjoou desses diários e acabou se desfazendo deles - Disse Gladys novamente.
Noah coçou a cabeça, pensativo. Sabia que fez o certo em tentar devolver aqueles diários. Não se sentia bem sabendo que estava com algo que não lhe pertencia.
Por fim, Noah se despediu da Sra. Gladys, agradeceu a sua atenção e colocou os diários de volta na mochila, caminhou até a lanchonete que ficava na praça central da cidade, entrou, escolheu uma mesa do canto da janela e pediu um refrigerante.
Tomou alguns goles, pegou uns dos diários e começou então a folheá-lo, na esperança de descobrir quem era aquela garota, o primeiro diário era muito colorido, páginas repletas de glitter fotos de bandas Rock e pop, versos escritos com canetas coloridas.
Começou a ler, mas se sentiu mal por isso, sentia que estava invadido a privacidade de alguém e ele não era esse tipo de pessoa. Mas como a Sra. Galdys disse, ele pagou por eles, agora esses diários eram dele, pelo menos até ele descobrir quem era essa tal Christa Jones.
O primeiro diário não despertou muito seu interesse, era a vida de uma adolescente assim como muitas, cheia de drama e coisas que não faziam sentido para ele..
Lendo as páginas descobriu que ela morava assim como ele em uma cidade do interior, que o irmão era cinco anos mais velho que ela e que ele tinha acabado de entrar na faculdade. Narrava seu dias na escola, a convivência com a mãe que basicamente não a deixava em paz nem um segundo sequer, palavras dela, e seus dias mais felizes foram no tal acampamento de verão, lá ela sentia-se livre, adorava a natureza, rezava todos os anos para que chegasse o verão para que pudesse finalmente ir para lá.
Terminou de ler o primeiro diário e instintivamente pegou os outros dois, olhou a data que estava registrado nas primeiras páginas, queria seguir a cronologia correta e então começou a ler o segundo diário, nesse pela suas contas Christa estava com dezesseis anos, e pôde perceber que ela estava diferente, toda aquela cor e brilho que estava no primeiro diário tinha desaparecido.
Agora sua escrita era mais séria e precisa, sua letra era impecável. Logo nas primeiras páginas ela escreveu coisas sobre uma viagem que havia feito para Itália, e todos os lugares lindos que tinha visitado, foi em quase todos os museus e galerias, quando sobrava um tempo ia até algum ponto histórico como o Coliseu em Roma, visitou também a Capela Sistina e muitos outros. A descrição dos lugares, as sensações que ela sentia e descrevia era tudo tão incrível que ele sentiu que tinha feito essa viagem junto com ela.
Noah sentiu um pontinha de inveja, queria ter tido a oportunidade de conhecer lugares como esse, mas se surpreendeu ao perceber que Christa era madura demais para sua idade, ao invés de sair para dançar, e curtir a cidade como qualquer outra adolescente faria ela preferia explorar cada canto e absorver toda aquela rica cultura.
Aquele diário estava ficando cada vez mais interessante, ela era jovem, alegre, inteligente parecia levar a vida com tanta leveza que não percebeu que a hora tinha passado tão rápido já era quase oito horas da noite, só então lembrou que esqueceu que tinha que ajudar seu tio com a reforma da igreja.
Noah colocou apressado os diários de volta na mochila, pagou seu refrigerante e correu para a igreja, rezando para que seu tio ainda estivesse por lá.
NOTA DA AUTORA: O ATOR DA FOTO (THIMOTHÉE CHALAMET) REPRESENTA O PERSONAGEM NOAH
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O Diário De Christa Jones
RomanceNessa história Noah, um garoto simples do interior encontra por acaso o diário de Christa Jones, no começo ele não sabe o que fazer com aquilo, pensou em jogar fora, depois pensou em devolver, até que a curiosidade foi maior, e ele não resistiu acab...