Eu já deveria ter previsto. Já deveria ter esperado essa reação.
Saí de casa, naquela linda manhã de sol, em direção ao shopping. Felipe já me esperava lá; estávamos indo comemorar nosso primeiro ano de namoro. É complicado narrar os fatos que vieram antes desse episódio sem mencionar o fator mais relevante de todo o meu drama: também sou um homem. Nós conhecemos — por incrível que possa parecer — em uma rede social voltada exclusivamente para postagem de fotos. Um típico romance tecido pelo destino. Para ser bem sincero, no começo de tudo eu ainda não havia me encontrado, não sabia ao certo quem eu era. Como é possível alguém se apaixonar por uma pessoa sem nem ao menos ter conhecimento de si mesma? Às vezes o destino nos mostra como: ele nos manda alguém para fazer com que nos achemos.
Pode estar parecendo tudo um pouco confuso demais, mas vou simplificar: tudo começou com uma curtida. Vi aquela linda imagem: uma pequena formiga erguendo sobre seu próprio corpo uma enorme folha. E foi aí que me apaixonei.
A propósito, me chamo Marco.
