Seu próprio herói

Izuku Midoriya

Era um final de tarde, o pôr do sol havia começado, com o intuito de finalizar mais um dia e dar início a mais uma noite. Midoriya caminhava pela calçada em direção a sua casa, enquanto refletia sobre os acontecimentos do dia, que por incrível que pareça não havia sido nem um pouco monótono como seus outros dias, em um único intervalo de tempo após o fim das aulas e o seu atual caminhar pela calçada já havia tido mais acontecimentos marcantes do que em suas últimas semanas inteiras e o dia nem havia chegado ao fim.

Houve tanta coisa que Izuku começou a listar todos os acontecimentos em sua cabeça se relembrando detalhe por detalhe. Kacchan dizendo que ele deveria se matar, ele sendo atacado por um vilão, All Might o salvando, tendo a sua tão sonhada pergunta respondida sobre poder ser um herói e infelizmente recebendo um não como resposta, ter inconscientemente corrido em direção ao Kacchan que estava sendo atacado pelo mesmo vilão que havia lhe atacado mais cedo, recebendo esporro dos heróis por ter se arriscado e, depois disso tudo, Kacchan ter vindo falar com ele, dizendo que não havia mandado lhe salvar e que ele não lhe devia nada.

Conforme se lembrava do seu dia seus olhos ficavam marejados, com algumas lágrimas ameaçando serem derramadas. Midoriya ajeitar a mochila em suas costas e passa a mão pelo seu rosto limpando as lágrimas.

— Eu deveria parar de chorar, não é como se eu já não soubesse que essa seria a resposta... — murmurava seguindo o seu trajeto, passando pela frente de um beco, quando já estava se afastando dele escuta uma voz que lhe tira de seus murmúrios.

— Poderia me ajudar? — perguntou um homem que estava dentro do beco.

— Claro, como eu poderia lhe ajudar? — Izuku se virou em direção a voz com um sorriso acolhedor com intuito de disfarçar a sua cara de choro, se aproximando da entrada do beco.

— Seu nome é Midoriya Izuku? — perguntou o homem que estava mais ao fundo do beco começando a caminhar lentamente em direção a entrada do beco onde Izuku estava.

— Sim, sou eu. Como eu posso te ajudar? — perguntou Izuku que não conseguia enxergar muito bem o rosto do homem devido à distância e por o beco estar um pouco escuro devido ao sol já estar se pondo.

O moço não disse mais nada apenas começou a se aproximar cada vez mais dele em silêncio, até o momento em que eles ficam um de frente para o outro. Se antes a fisionomia do homem não era possível ser vista, agora era visível já que estava na entrada do beco.

Ele possuía uma máscara no rosto e usava uma jaqueta verde com plumas roxas na região do pescoço. Apesar de grande parte do seu rosto estar coberto seu olhar poderia ser dito como frio e calculista, ele olhava para Izuku sem desviar o olhar em nenhum momento, se estivessem no mundo animal poderiam considerar o seu olhar de um animal que estaria cercando sua presa.

Izuku não pode deixar de estranhar a ausência de falas e a aproximação do moço e como reação natural começou a caminhar de costas tentando se afastar dele, mas Izuku acaba tropeçando e caindo no chão, porém na tentativa de não cair ele agarra em uma das barras de ferro que havia na entrada do beco.

O que não adiantou, suas mãos acabaram segurando o impacto fazendo com que ele caísse sentado, porém elas acabaram sofrendo uns arranhões, além da mão que havia usado para se segurar no ferro ter sofrido um corte e estar sangrando, ele puxa sua mochila amarela que havia caído no chão e no meio do nervosismo acaba a sujando com um pouco de sangue, mas ele não tinha tempo para se preocupar com isso, toda essa situação estava no mínimo estranha.

Izuku se levanta rapidamente do chão, olhando ao redor e reparando não haver ninguém na rua, ele estava com um mau pressentimento e com vários pensamentos rodeando sua mente e os principais eram, "Como esse cara sabe o meu nome?", "Porque ele não diz nada?", "Sua aparência é um pouco suspeita, toda esse situação é suspeita", "Talvez seja melhor eu dar uma desculpa e ir para casa".

Enquanto seu cérebro entrava em um pequeno e rápido colapso com a suspeita da situação em que ele havia se metido, o homem já havia se reaproximado de Izuku, eles estavam próximos um do outro, mesmo assim o homem não falou nada apenas ficou parado olhando para Midoriya que desvia do olhar, olhando rapidamente ao seu redor percebendo está cada vez mais tarde e escuro, então Izuku finalmente toma uma decisão e resolve volta a falar, quebrando o silêncio.

— Olha só. — apontou para o pôr do sol que estava quase se acabando — O pôr do sol já está acabando, daqui a pouco estará tudo escuro, eu devo ir para casa, sinto muito não poder lhe ajudar mas você pode ir na delegacia que há aqui perto é só seguir reto, por esse caminho tenho certeza que eles poderão lhe ajudar.

Sinalizou o caminho para delegacia com as mãos, o homem não respondeu apenas prestou atenção na explicação de onde ficava a delegacia, voltando a olhar para Midoriya após a explicação dando apenas um balançar de cabeça, o que Izuku achou ser uma confirmação de que havia entendido o caminho. Izuku abre um pequeno sorriso de nervosismo e voltando a falar após a "confirmação".

— Se me der licença, preciso ir. — se virou soltando um suspiro de alívio se preparando para voltar a caminhar.

Quando de repente ele sente um pano no seu rosto em contato direto com a sua boca e nariz, juntamente com um braço ao redor de seu pescoço que estava o arrastando para dentro do beco, ele começa a se debater tentando se soltar, até mesmo utilizando sua mochila para bater no homem que lhe segurava, conseguindo apenas derrubar a máscara que o cara usava.

Aos poucos ele vai sentindo seu corpo amolecer, ficando cada vez mais fraco e difícil de resistir, além de estar começando a perder a consciência, quando sente algo sendo aplicado diretamente em seu pescoço o fazendo perder totalmente a consciência, mas não sem antes escutar o que o homem que lhe agarrava disse.

— A sua existência já é a ajuda que eu precisava, Izuku Midoriya — disse o homem e logo em seguida Izuku apagou de vez nos braços do desconhecido.

Chisaki segura firme o corpo do garoto afim de não deixar ele cair, em seguida se abaixando um pouco colocando o corpo deitado no chão, retirando o pano que estava no rosto e removendo a seringa do pescoço, não achava que o garoto iria tentar resistir tanto mas havia levado uma seringa com uma substância mais forte por via das dúvidas o que foi bastante útil.

Ele se afasta um pouco do corpo que estava desacordado se agachando em um canto da parede pegando sua máscara que havia caído, pois enquanto Izuku se debatia ele acabou batendo sua mochila na máscara de Chisaki fazendo ela cair no chão, assim que Kai está com a máscara de volta ao rosto ele olha para o corpo do garoto no chão, vendo os olhos fechado com algumas lágrimas no cílios, o que fez Chisaki chegar a conclusão de que provavelmente ele havia chorado de desespero.

— Você não tem noção do quanto o seu corpo e a sua existência é a ajuda que eu precisava. — Chisaki solta um pequeno riso abafado pela máscara, enquanto limpava as lágrimas do garoto.

Em seguida ele apanha a mochila de Izuku, que estava um pouco suja com sangue e terra, e então ele segura na gola da roupa de Izuku e começa a arrastar o corpo para cada vez mais adentro do beco, se virando para trás conferindo se tudo estava certo e logo em seguida volta a caminhar.

Naquele dia Izuku havia sido salvo pelo seu herói preferido e recebido a resposta da pergunta que mais lhe atormentou a vida toda e não, ele não poderia ser um herói mas quem diria que naquele mesmo dia sua vida iria mudar completamente.

Naquela tarde, quando o sol se pôs, assim sendo finalizando mais um dia cansativo aos trabalhadores e estudantes, e logo dando início a mais uma noite de descanso aos merecedores e justos, Izuku era levado para a sua nova vida, ao seu novo destino, não a vida de um aspirante a herói, ou um adolescente fanático por individualidades e nem a de qualquer estudante comum, e sim, a sua nova vida de um experimento de laboratório.

Naquele momento ele estava inconsciente mas assim que ele acordasse, ele irá se perguntar.
"Oh Deus, nós realmente recebemos o que merecemos?"