Único

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ATO 1

A época natalina havia chegado esbanjando seus doces aromas como se fosse perfume francês. Por mais que ainda estivesse muito cedo para a preparação da ceia, aqueles que permaneceram no castelo, podiam jurar sentir a fragrância dos perus assados, das batatas cozidas e até mesmo das ervilhas passadas na manteiga. Acontece que havia ali, uma essência que não era fruto da ânsia de estômagos alheios e sim de uma tímida gana de certos corações, a qual tal, fazia questão de perambular os corredores arrepiando pelos desconhecidos e causando calafrios em colunas de outrem; tudo isso de maneira quase sorrateira, agindo como os pequenos flocos do lado de fora, para que os atingidos só notassem quando estivessem totalmente encobertos pela neve. O período como de costume, ornou por toda escola incríveis árvores natalinas iluminadas, guirlandas bem trabalhadas, afinados sinos dourados, e estrelas artificiais flutuantes, mas para estranheza de alguns, "pretexto" também se tornou um adorno em alta para este ano. ​

A lista de justificativas começou com uma ideia marota, óbvio. James Potter basicamente foi o primeiro a estreá-la conscientemente, quando finalmente previu seu próximo feito para conquistar o coração de uma determinada ruiva. Foi como somar um mais um na cabeça do garoto, e o resultado lhe parecia tão claro que por instantes chegará a se irritar consigo mesmo por nunca ter pensado nisto antes. O lampejo surgiu enquanto contemplava mais uma das discussões assíduas de dois de seus melhores amigos, que mais pareciam um casal de velhos, sobre arte; especificamente sobre o questionamento tão antigo, que perdera seu verdadeiro autor na linha do tempo: "A vida imita a arte ou a arte imita a vida?". No desfecho, os dois ainda não haviam entrado em um consenso, mas em compensação o garoto míope deparou-se com uma lógica tanto simples, quanto gaiata; afinal, só era preciso fazer com que Lily Evans vivesse de algum modo uma paixão por ele, para ter a brecha de mostrar a ela o quanto aquilo era real. Brilhante. A cabeça de Potter chegava borbulhava, fazendo seus cabelos se bagunçarem ainda mais se assim possível, e era devido a este fato, que tinha a consciência que era a hora de acionar seu alarme estrelar.

— Então... Deixa eu ver se entendi. Você quer que utilizemos nosso magnífico charme para convencer Dumbledore que somos plenamente capazes de organizar uma peça teatral, só para ter a oportunidade de contracenar com a Evans, como um par romântico, para ter a mínima chance de fazer com que ela perceba que tem sentimentos verdadeiros por você?

— Exato, Pads.— Ele exibia um sorriso orgulhoso enquanto descansava uma de suas mãos no ombro do rapaz.— Já pensei em tudo, você vai cuidar dos efeitos especiais. Vamos precisar de feitiços, poções, tudo no que somos bons. E claro, como você é ótimo em fazer drama pode ver um papel com o Remus, que inclusive vai ser nosso diretor. Agora, me pergunte o porquê querido Black.— Não houve tempo nem mesmo para uma respiração daquele de cabelos longos.— Pode deixar que te respondo, porque além dele ser o único entre nós com competência para isso, ele conhece melhor do que ninguém obras trouxas, principalmente obras do agrado de Lily. Fora que, é exatamente isso que vai nós ajudar com o Dum, que particularmente acho que vai ser a parte mais fácil, sem contar claro com a ajuda de Pete que já tenho certeza que está dentro, pensei que ele poderia cuidar dos figurinos e isso-

— Respira Prongs,— Sirius Black interrompeu divertido.— tem sorte que eu te amo. Você sabe, meu charme é exclusivo para o Moony e para a Minnie.

Os dois rapazes acabavam de sair de um pequeno treino de quadribol, o que gerava a dúvida se a falta de fôlego de James era pelo esforço feito pouco antes ou simplesmente pela empolgação de sua proposta.

— Eu só espero que o interesse do ranhoso em teatro seja zero.— Potter passou uma das mãos em seus fios de cabelo.— Imagina se ele tenta pegar meu papel?

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