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Karina's pov:

"Nesse momento não pertenço à lugar algum. Você poderia mostrar um lugar ao qual possa pertencer?"

Absorta em pensamentos, olho para os transeuntes que circulam pelo aeroporto. Não é minha primeira visita a Seul, mas dessa vez estou na cidade para morar. O céu está ensolarado e a brisa calma da primavera me deixa ainda mais reflexiva. Meus olhos se voltam para o celular vibrando em minha mão.

Sinceramente, eu espero que seja minha prima ligando para se assegurar de que já estou a sua espera no aeroporto. No entanto, não é isso o que acontece, mas tampouco é uma surpresa ver o número da minha mãe iluminando a tela. Começo a me sentir culpada por me sentir meio indiferente quanto a sua preocupação.

Eu prometera a mim mesma que não atenderia se ela me ligasse novamente. Suas atitudes recentes abalaram nossa relação, destruindo muito do que fomos um dia. Mas eu sei que não posso cumprir a promessa de igroná-la. Ela é minha mãe. Mesmo quando não me entende — o que tem acontecido com frequência —, ela ainda é minha mãe.

O celular está um pouco afastado do meu ouvido, no entanto, percebo sua voz se enchendo de uma preocupação desnecessária, mas muito familiar. Ela ainda insiste que eu deveria concluir minha faculdade em Busan, mas faço o possível para que entenda que estou tomando a decisão certa em me mudar.

— Só quero que você fique bem, Jimin — minha mãe diz, suspirando do outro lado da linha. — Você sabe que sempre apoiei suas escolhas. Se essa decisão for por causa da nossa última conversa, saiba que eu só preciso de um tempo para entender.

Ela tem se culpado por eu estar em Seul, mas estudar aqui já era minha opção há algum tempo. Eu já havia feito algumas pesquisas e conseguido transferência para a sede da minha faculdade de música na capital. Além disso, minha mãe precisa do espaço dela. E eu preciso do meu espaço.

— Vou ficar bem, mãe — garanto ao telefone. — E quanto a conversa, não vamos voltar a esse assunto, certo?

— Está bem. Mas se você precisar de qualquer coisa, me avise, está bem? Ou pode voltar para Busan, certo?

Nós duas sabemos que isso não é uma opção. Ao menos não por enquanto. Até que aceite minha decisão de recomeçar em outra cidade, minha presença não vai fazer bem para ela. Assinto com a cabeça como se ela pudesse me ver, e ela continua falando.

— E onde você está agora?

— Esperando minha tia no aeroporto.

Bae Joohyun é irmã da minha mãe, e foi só por causa dela que minha mãe relaxou um pouco quanto a ideia de eu vir concluir a faculdade em Seul. Joohyun me ajudou a convencê-la de que estudar na capital seria ótimo para o meu currículo e prometeu que eu moraria com ela e não nos dormitórios da faculdade.

Só que eu não preciso de toda essa atenção. Eu não sou mais criança, e, depois do acidente que causou uma grande reviravolta na minha vida, já presenciei caos suficiente para conseguir sobreviver a um ano de estudos em Seul.

Me apoio em uma coluna, olhando para o céu límpido do lado de fora do aeroporto, e solto minha bolsa de viagem antes de colocar o estojo do violino no chão.

— Ela já está chegando. — Digo. E como sei que ela vai manter essa ligação por muito mais tempo do que eu quero, acrescento: — Mais tarde eu ligo, tá?

Melody Of Hope - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora