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Winter's pov:

"Não existe segunda chance quando a confiança morre. Você deveria saber disso melhor do que ninguém."

Fico pensativa com o sol. A luz do dia significa ter de enfrentar a realidade. Não tenho certeza se estou muito disposta para isso. Mexo meu corpo nu sobre as cobertas e fecho os olhos pela última vez. Permito que minha mente volte à noite anterior com Jimin. Como me fez sentir segura, como foi libertador quando me amou.

O som do meu celular apitando com uma mensagem de texto me obriga a abrir os olhos. Sentando na cama, esfrego o rosto com as palmas das mãos. E olho para o lado. Ela ainda está aqui. É bom saber que ela ainda está aqui, dormindo tranquilamente. Por um tempo fico apenas observando sua respiração, a maneira como seu peito se expande e retrai sob os lençóis.

Endireito-me na cama ao ouvir meu telefone tocando mais uma vez. Estendendo uma das mãos até a cômoda ao lado da cama, pego-o com cuidado.

Não fico surpresa com o conteúdo da mensagem. E parte do meu desânimo se deve a isso.

— Jimin, acorda — sussurro, e ela quase não se mexe. — Jimin — falo um pouco mais alto. — Acorda.

Jimin se vira e me vê olhando para o celular em minhas mãos. Eu sei que isso faz parte da minha rotina. Mas não deixa de ser cansativo. Ela se senta quando ve o desânimo em meus olhos.

— O que foi?

— Lembrei que tenho uma sessão com a psicóloga hoje — murmuro a contra gosto. — Mesmo que não esteja muito interessada em ir.

— Meu amor... — Ela coloca as mãos nos meus ombros. — Você sabe que isso é para o seu bem, né? Se quiser posso te acompanhar até a clínica.

— É, eu sei — Digo, colocando meu celular de lado. — Mas não precisa se incomodar, eu sei que você ficou de visitar seu amigo hoje.

Jimin olha para mim, sem entender minha reação.

— Minjeong... está tudo bem. — Ela acaricia meu cabelo e beija minha testa, mas eu sei o que me aguarda no consultório hoje.

\[...]

Lembro que há algumas semanas, Somi falou como era fácil esquecer uma paixão. Mas agora tenho certeza de que eu estou certa sobre o meu pensamento. Até alguns meses atrás meus pais viviam brigando, mas na época eu me esforçei ao máximo para não pensar demais nisso. Afinal, pessoas apaixonadas também brigam.

Então, um dia, as coisas mudaram. As brigas acabaram. Os dois se cansaram. Às vezes sussurravam alguma coisa entre si, em outros momentos passavam pelo outro como se o outro não existisse. Por fim decidiram que o melhor seria cada um seguir seu caminho e o processo de separação começou a correr na justiça.

Eu sei que essa foi a melhor escolha para todo mundo, mas ainda sou egoísta o suficiente para sentir falta de como as coisas eram antigamente.

— Eu li algo interessante — diz a Dra. Lee, encostando-se na poltrona e trazendo-me de volta a realidade.

Fico confusa com a mudança no início da consulta. Na verdade, tem muitas coisas diferentes hoje. As canetas na sua escrivaninha não são mais azuis. São pretas. O sofá está com almofadas novas. O consultório é o mesmo, mas... diferente.

— Como eu estava dizendo... — ela prossegue. — Eu pesquisei sobre Bethoveen depois de uma de nossas últimas conversas. Ele tem trabalhos aclamados por todo o mundo, mas a Nona Sinfonia foi a obra que o consagrou. Imagino que você já saiba.

Sim, eu realmente sei.

— Claro que você sabe. Enfim, quando criou a Nona Sinfonia, entre 1822 e 1824, Beethoven já estava surdo, o que é impressionante se pensarmos que ele chegou a reger a estreia da sua mais importante sinfonia em maio de 1824, quando tinha 53 anos. Na ocasião, Beethoven, que já não ouvia nada, contou com a ajuda de um amigo, o primeiro violino da orquestra.

Melody Of Hope - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora