Pacto de sangue (parte1)

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         Dante abriu os olhos... o medo mordeu sua carne ao ver o céu escuro. Uma escuridão devoradora de mundos que gradualmente ia dissipando-se. Essa visão sombria percorreu sua espinha como uma onda arrepiante. Estava deitado sobre uma mistura de lama e folhas secas jogadas pela chuva intensa durante a noite. Levantou-se lentamente, suas roupas estavam imundas, deu uns passos... uma forte dor de cabeça o forçou a cair de joelhos na lama. A dor terrível se espalhou pela nuca. Ele imaginou seu cérebro explodindo como uma granada de guerra. Moveu a cabeça lentamente em círculos de um lado a outro na tentativa de diminuir o peso dentro da cabeça que começava a deixá-lo sem sentido. Não foi uma boa ideia. Em vez de alívio, seus olhos pesaram como pedras, como se fossem cair das órbitas a qualquer momento.

Quase a ponto de se render à dor e cair deitado novamente na lama, fechou os olhos... respirou fundo, massageou as têmporas apertando-as levemente. Continuou de joelhos por alguns minutos com as mãos na cabeça, enchendo os pulmões com o máximo de oxigênio possível. Está funcionando, pensou, a súbita dor de cabeça atormentadora começava a desaparecer. A escuridão cobrindo o céu era consumida pelos raios de sol. A dor passou. Conseguiu levantar-se. O calor do sol cada vez mais maldoso lhe acariciava o rosto. O tempo parecia mudar drasticamente. Tudo o que Dante via ao seu redor eram árvores e mais árvores. Não se lembrava de absolutamente nada. Estava cansado, com corpo dolorido. Sua mirada esbugalhada tentava encontrar alguma trilha que pudesse tirá-lo do lugar no qual estava perdido. Como diabos acabei aqui, sua mente cansada criava suposições, talvez me acidentei? Estava viajando... capotou o carro e inconscientemente me arrastei até aqui para salvar minha vida... nem lembro se tenho um carro.


Recuperava-se aos poucos. Seu corpo não apresentava nenhum tipo de ferida ou arranhão. Definitivamente, não fora vítima de um sequestro ou acidente. Podia ser uma brincadeira de mau gosto de um amigo. Ele não lembrava se tinha amigos capazes de fazer algo assim.Continuava a andar. O medo tomava conta de suas esperanças a cada passo, parecia impossível encontrar uma maneira de livrar-se do labirinto de árvores espessas. Procurava em todas as direções, suas pupilas cansadas não lhe permitiam ver muito. Em qualquer direção o panorama era igual. As ondas de calor tornavam-se cada vez mais cruéis. O rosto de Dante era uma mistura de sujeira e suor. Sua expressão cansada era cada vez mais eminente, a garganta queimava como grãos de areia do deserto mais escaldante do mundo.

O clube da carne - (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora