Pacto de sangue (parte2)

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É meu fim, sussurrou sua mente. Enxugou os olhos com os dedos, esquecendo que eles estavam mais sujos que suas roupas. Seus olhos arderam, poeira e partículas de lama circulavam dentro das pálpebras... Continuou andando com a visão afetada. As lágrimas tentando limpar sua visão turva caíam e perdiam-se na sujeira de seu rosto. O que é isso? perguntou uma voz cansada em sua mente. Encostou-se em uma árvore... tentou ver melhor. Parecia ser uma silhueta. Uma pessoa? Decidiu esconder-se atrás da árvore. Podia ser um animal selvagem e faminto em busca de presas fáceis ou na melhor das circunstâncias uma pessoa que pudesse ajudá-lo. Como saber quem era sem arriscar sair do seu esconderijo? Não havia outra solução! Devia enfrentar o medo, encarar a silhueta aproximando-se cada vez mais na direção da árvore onde se escondia.Pelo som dos passos, o que fosse vindo na sua direção estava a poucos metros de distância. É agora! Com o medo lhe mordendo a pele, saiu com as mãos para cima, como um sinal de mostrar ser apenas uma pessoa sem intenções de prejudicar ninguém, um infeliz perdido no verde espesso da floresta.Não é possível! Fechou os olhos. Podia ser um delírio devido ao calor ou à fome. Abriu os olhos novamente... deparou-se com Micaela, sua irmã mais velha, vestida com um short jeans preto que contrastava com sua pele branca e uma camiseta com a figura da mítica língua dos Rolling stones, sua banda de rock favorita. Seus longos cabelos negros e lisos caíam sobre seus ombros como cascatas de água cristalina, brilhavam intensamente com os raios solares que atravessavam as copas das árvores. Seu nariz pequeno e refinado ajudava a segurar os óculos de sol que protegiam seus grandes olhos azuis expressivos, adornados com longos cílios. Ao ver o irmão seus lábios finos esboçaram um sorriso.

— O que faz aqui? — perguntou Dante com uma expressão que misturava confusão e alegria de saber que seus dezenove anos de vida não terminariam tragicamente naquele labirinto verde da natureza.

— O que estou fazendo aqui? — perguntou ela colocando as mãos na cintura. — Sou eu quem deveria fazer essa pergunta Dante. Mas não vou fazer essa pergunta porque sei o motivo pelo qual você está aqui.

— Fala sério! Sabe como diabos vim parar aqui Mica?— Pobre meu irmãozinho — sorriu. — Realmente não se lembra de como chegou aqui?

— Eu realmente não lembro como cheguei, pensei que morreria aqui.

— Quanto drama irmãozinho. Nunca deixaria que algo ruim acontecesse contigo, prometi a nossa mãe antes que ela partisse para o céu que cuidaria sempre de você.

— É mesmo?... Agora você poderia me dizer como foi que cheguei aqui?

Micaela suspirou e caminhou até Dante. Colocou as mãos delicadas nos ombros do irmão e olhando-o diretamente nos olhos disse:

— Pensei que o que estava acontecendo com você era algo temporário, agora vejo que não é.

O clube da carne - (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora