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O espetáculo já  tinha se encerrado. Havia sido incrível, Choon-Hee havia adorado a experiência,  já Taehyung não se interessou muito.
Os dois estavam andando lado á lado, um pouco sem rumo.

Um silêncio constrangedor se fazia presente; uma situação um pouco estranha, já que Choon-Hee nunca deixou isso acontecer, ela sempre teve um assunto em mente, e argumentos na ponta da língua. Porém, aquele não parecia momento bom para tentar conversar.
Tentou se manter em silêncio por um tempo, mas já estava agoniada com aquilo, e não pode se conter muito. O silêncio desagradável se esvaiu quando ela resolveu puxar assunto:

— É... Você gostou do show?

— Claro. – Respondeu sem olhar para Choon-Hee, seu olhar estava fixo no chão, e nas pedrinhas que decoravam a calçada.

— Não parece. – Ela comentou, abaixando a cabeça também. Choon-Hee  suspirou. Depois ergueu a cabeça novamente,  tomou coragem para perguntar: — Qual o problema, Taehyung?

Novamente,  ele não pode responder, de cabeça baixa seguiu o caminho.
Choon-Hee, como de costume, não se deu por vencida, e resolveu insistir:

— Você pode conversar comigo, sabe disso, não sabe? – Segurou o braço dele, dessa forma ambos pararam de andar, e ficaram de frente um para o outro.

— Está tudo certo. Eu só quero ir para casa. – Respondeu em um tom um pouco baixo, virando-se de novo, com o objetivo de continuar a caminhar. No entanto, a garota segurou o seu braço.

— Não,  não! Sente bem aqui. – Choon-Hee o levou até um banco que alí se encontrava. — Fique sentadinho aí, tudo bem? Você só vai embora depois de me falar qual é o problema. – Afirmou, um pouco autoritária, cruzando os braços. Taehyung bufou, virando o seu rosto.

— Eu já disse que está tudo bem. Agora, por favor me deixe ir! – Levantou, mas novamente foi impedido pela garota.

— Não, Taehyung, espere. Eu quero te ajudar! – Afirmou,  com toda a sinceridade que tem em si.

— Você não pode... – Ele murmurou em resposta.

— Claro que posso! Olhe, eu não gosto de ver ninguém triste, mas você parece sempre estar assim. Estávamos em um circo, e você não deu nenhum sorriso. – Abriu os braços demonstrando sua indignação, diante das reações frias do rapaz.

— Me desculpe por isso. – Taehyung se desculpou. Ele não queria parecer mal agradecido, pois sabia que Choon-Hee havia sido muito gentil ao convidá-lo para sair. Porém,  ele não tinha culpa por não ver graça em nada daquilo.

— Não precisa se desculpar... – Disse, sentando-se ao lado dele. — É só que... Eu te levei até lá, porque achei que você ficaria feliz... Mas nada mudou. O seu olhar é o mesmo. – Ela disse,  encarando o rapaz, olhando no fundo de suas orbes escuras.

Ela suspirou, e pegou a mão de Kim. Entrelaçou os seus dedos nos dele, tentando lhe transmitir segurança;
Taehyung observou a atitude da garota, um pouco sem entender. Até pensou em puxar a sua mão, como havia feito antes, porém,  não teve coragem para o fazer.
Passou alguns segundos fitando suas mãos juntas, antes de erguer o olhar e encará-la.

— Me deixa saber o que tante te machuca, Taehyung.

Choon-Hee pediu, com todo o seu coração.  Ele hesitou, era difícil  falar sobre algo tão doloroso.
Mas ele queria falar, ele precisava disso.

— Me deixe te ajudar. – Essa foi a última vez que ela precisou pedir. Pois ele estava decidido.

Ele queria confiar nela.

Taehyung  resolveu abrir seu coração de gelo. Era possível ver que ele realmente queria contar tudo para Choon-Hee.
Ela simplesmente não disse nada apenas ouviu o bombardeio de palavras doloridas que aquele que falava havia guardado por tanto tempo

Seu passado era realmente assustador, se tornou compreensível aquela sensação de frio sempre que olhava em seus olhos.
Ele abriu seu coração, e contou sua história:

Havia uma jóia rara, que se apaixonou por alguém de sentimentos falidos, essa entregou todo seu coração para um sentimento sem futuro que a envenenava. O homem a quem jurou amar eternamente a machucava constantemente e até mesmo o fruto desse amor murcho não escapava dessa tortura. Taehyung era o fruto desse amor desgastado.

Aquele homem, o mau que alí vivia, simplesmente um dia decidiu ir embora.
E aquilo que parecia ser a salvação, não estava nem perto de ser.

Logo, aquela jóia quebrada teve que dar tudo de si para cuidar sozinha de seu bem mais precioso, seu filho.
A mulher teve que trabalhar em diversos lugares. E em muitos desses locais ela não podia levar o seu filho. Foi quando, um dia ela o deixou sozinho em casa, era noite e a luz acabou, pois não havia sido paga naquele mês de dificuldade.

Taehyung tinha medo da escuridão...  Mas foi nisso o que a sua vida se tornou após aquele dia.

A criança que esperava por sua mãe, decidiu ligar o fogo, qual que por um pequeno descuido,  apagou para sempre a chama da sua alegria.
Aquela jóia quebrada voltou para casa, após um dia exaustivo de trabalho.

Angústia. Foi o que ela sentiu ao se deparar com o desespero, de ver aquelas chamas enormes.
Ela teve medo de perder aquilo que era mais valioso em sua vida.

Na tentativa desesperada de salvar seu filho, a mulher  colocou um fim em sua própria vida. Porém, ela foi capaz de, sozinha, salvar Taehyug, o coração que batia fora de si mesma.

Assim cresceu o menino, criado por uma tia que o culpava pela morte de sua irmã. Ele era como uma flor, que era esmagada  sempre, tirando tudo de bom que havia lhe sobrado.

Aquela flor vinha murchando aos poucos, pois já não acreditava em felicidade. Já que teve seu coração partido de diversas  formas. Ele apenas não queria se torturar mais, então decidiu fechar seu coração para o mundo, uma vez que ainda se culpava por tudo que havia acontecido antes.
Essa flor  já não conseguia mais   encontrar a primavera nesse outono eterno.

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「𝐀𝐔𝐓𝐔𝐌𝐍 ❥ ᴋɪᴍ ᴛᴀᴇʜʏᴜɴɢ」Onde histórias criam vida. Descubra agora